Groenlândia é um dos destinos mais remotos do mundo

Sem dúvida, essa foi a viagem mais difícil e complexa, em todos esses anos de jornalismo de turismo.

Para chegar na Groenlândia, um brasileiro saindo de São Paulo precisa encarar 4 voos e uma última etapa de helicóptero, um voo curto de 15 minutos sobre um dos maiores sistemas de fiordes do mundo até Ittoqqortoormiit, a cidade mais isolada da Groenlândia, na costa leste da ilha.

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A Groenlândia fica entre os oceanos Atlântico Norte e o Ártico, a nordeste do Canadá. Geograficamente, você estará no norte do continente americano; politicamente, sobre regras e leis da Europa.

Mas visitar a Groenlândia é fazer uma viagem profunda na cultura inuíte, pejorativamente, chamada de esquimó. Tradicionalmente, território de pescadores e caçadores, o turismo representa hoje 60% da economia de Ittoqqortoormiit, segundo Mette Barselajsen, diretora do escritório de promoção de turismo do destino.

Com acesso único por helicóptero, nos meses de inverno, Ittoqqortoormiit tem menos de 500 habitantes que moram em construções coloridas de madeira que quase desaparecem no cenário branco que toma conta do destino, durante quase todo o ano.

Ittoqqortoormiit, na Groenlândia, durante o inverno (foto: Eduardo Vessoni)

E quando aquela gente insistente do Ártico não está atrás de caça, os mesmos caçadores se transformam em guias de tours em motocicletas de neve e até safáris de observação de ursos polares.

Por isso, fazer uma viagem à Groenlândia é se desconectar do mundo (selfies e posts emocionados ficam para depois da viagem) para mergulhar em um dos destinos mais distantes do planeta.

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Dog sleed

Uma das atividades mais tradicionais da cidade são os passeios em trenós puxados por cachorros.

Essas rústicas tiras de madeira para transporte humano e de cargas são puxadas por grupos de até 12 cachorros e seguem para setores mais afastados, como Gulfjelde ou Kap Tobin, um vilarejo abandonado que só volta a ter vida humana, na curta temporada de verão.

Trenós puxados por cachorros são atração da Groenlândia (foto: Eduardo Vessoni)

Em Ittoqqortoormiit, o silêncio só é quebrado pelos uivos excitados dos cachorros, no início da manhã, e pelas alucinadas motos de neve que riscam estradas que se fundem com o horizonte branco, outra atração turística da região (dessa vez, motorizada), bordeando a baía de Rosenvinge (Rosenvinge Bugt) até Kap Hope, outro povoado local que fica deserto, nos meses de inverno.

Com ¾ da ilha cobertos por gelo, a Groenlândia tem em Ittoqqortoormiit o Scoresby Sund, o maior sistema de fiordes do planeta, onde é possível praticar caiaque nos meses de verão.

Você pode não ser capaz de pronunciar Ittoqqortoormiit, mas não vai querer deixar de visitar esse lugar.

- Adam Jay / presidente da Hoteis.com
Difícil mesmo é encarar o frio do lado de fora.

Ittoqqortoormiit, na Groenlândia (foto: Eduardo Vessoni)

Naquelas terras de tundra, a temperatura média anual é de -7.5°C, um dos lugares habitados mais frios do planeta, onde o alto verão tem termômetros marcando 3.3°C.

Na manhã de retorno, durante a espera do helicóptero para Constable Point, o termômetro marcava 11 graus negativos, com sensação térmica de 23 graus negativos.

E quer saber? Eu faria tudo de novo.

COMO CHEGAR

(foto: AirGreenland/Divulgação)

Saindo do Brasil, a primeira etapa da viagem começa em algum grande aeroporto da Europa (Amsterdã, Paris, Frankfurt ou Londres são algumas opções).

Dali é preciso voar até Reykjavik e seguir em mais um voo de cerca de 50 minutos, a partir do aeroporto doméstico da capital da Islândia, até Akureyri, no norte islandês (www.airicelandconnect.com), onde se toma mais um voo para Constable Point/Nerlerit Inaat (www.norlandair.is), um voo de 1h30 de duração que sai apenas às terças e quintas.

Você já estará em território groenlandês, mas como a proposta é seguir para o lado mais isolado da ilha, ainda falta um pequeno trecho de helicóptero até Ittoqqortoormiit, uma viagem cenográfica de apenas 15 minutos sobre glaciais e fiordes (www.airgreenland.com).

QUANDO IR

foto: Christoffer Collin/Hoteis.com

A temporada vai de março a agosto, aproximadamente, quando chega o maior número de turistas, embarcados em cruzeiros que fazem roteiros de verão no Ártico.

Mas é no inverno que a cidade oferece as atrações mais inusitadas como travessias em trenós de cachorros ou em motos de neve, e a Aurora Boreal paralisa visitantes com a dança de luzes esverdeadas no céu, entre setembro e abril.


SOBRE A GROENLÂNDIA
Com mais de 80% de seu território coberto por gelo, a Groenlândia é a maior ilha do mundo e tem uma das menores densidades demográficas do planeta (0,14 pessoas por km²) .

Os primeiros habitantes foram os indígenas inuítes da América do Norte, há 4.500 anos, e desde então pouco parece ter mudado por ali, mesmo após a passagem de expedições inglesas e norueguesas.

Ittoqqortoormiit, na Groenlândia, durante o inverno (foto: Eduardo Vessoni)

Desde 1979, a ilha é uma região autônoma da Dinamarca, porém com regras próprias de acesso. Segundo o órgão de promoção do destino, “se você não precisa de vista para a Dinamarca [que é o caso dos brasileiros], você não precisará de visto para entrar na Groenlândia”.

Localizada na costa oeste, Nuuk é a capital e a maior cidade da ilha, cuja população é de quase 17 mil pessoas. As cidades groenlandesas não contam com acesso terrestre, por isso deslocamentos são feitos em aviões de pequeno porte ou por vias marítimas, durante o verão.

E o cardápio de atrações é tão variado quanto à fauna que se exibe na região, como raposas, lebres, bois almiscarados, morsas, baleias e, claro, ursos polares.


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SAIBA MAIS
Visit Greenland
www.visitgreenland.com
ONDE FICAR
Ittoqqortoormiit Guest House

Nesta viagem, eu fui convidado para conhecer esse pequeno hotel de Ittoqqortoormiit, considerado o mais remoto da Groenlândia.

A diária em quarto duplo custa 700 coroas dinamarquesas (DKK), cerca de US$ 106. Reservas: www.hoteis.com
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* O Viagem em Pauta  viajou a convite do hoteis.com