Dormindo com leões: clássico da hotelaria completa 40 anos, na África do Sul

Conheci o Sabi Sabi há quase uma década, em 2010, quando o planeta (re)descobria a África do Sul, naquele ano em que o país sediaria a Copa do Mundo.

E, desde então, meu conceito de hotelaria nunca mais foi o mesmo.

Hospedar-se em um dos lodges da Sabi Sabi Private Game Reserve, que há 40 anos era inaugurado como um dos principais hotéis de safári da África do Sul, é como se sentir em casa.

Logo na chegada, os anfitriões já sabem de cor o nome e as preferências do hóspede; a culinária tem algo de comida caseira; e certas experiências nos levam àqueles documentários de vida selvagem que a gente via na televisão.

Leopardo durante safári diurno na Sabi Sand Game Reserve, na África do Sul (foto: Eduardo Vessoni)

Mas a experiência nos leva também para lugares pouco familiares. Afinal de contas não é todo dia que se toma banho em um chuveiro ao ar livre, em meio à gritaria da savana do lado de fora; ou precisamos avisar que estamos deixando o quarto.

Mito ou não, daqueles que alimentam o imaginário das viagens de aventura em terras africanas, a recomendação é sempre avisar a recepção quando cruzamos ambiente selvagem até o salão do café da manhã.

Do lado de fora
O Sabi Sabi recebe bem do lado de dentro.

No entanto, o melhor fica em uma área de 65 mil hectares da Sabi Sand Reserve, no setor sudoeste do Parque Nacional Kruger, a maior área protegida de toda a África do Sul, nas províncias de Limpopo e Mpumalanga.

E não é só isso.

Desde que todas as cercas foram derrubadas entre o Kruger e a Sabi Sand, no início dos anos 90, a região é uma reserva de 2 milhões de hectares que permite a livre circulação de animais, no leste do país e a 200 km de Maputo, a capital de Moçambique.

Nem sempre precisa ir longe para ter elefantes e outros animais, diante dos olhos.

giraffes standing on brown grass field
foto: Ruben Verla / Pexels.com

No Bush Lodge, por exemplo, as sessões vespertinas de chá preto com tortas e pães são sobre um deck, de onde se vêem animais selvagens sob nossos pés, atraídos pela água de uma lagoa em frente, cuja observação da fauna é garantida, em certas horas do dia.

Eis o luxo discreto, quase invisível, que não ofusca o melhor da região: a própria África.

Ainda que a programação de atividades seja sempre a mesma, uma saída pela manhã e outro no final da tarde, um dia na África nunca é igual a outro.

A jornada começa com safáris fotográficos, acompanhadas dos olhos atentos de trackers e rangers especializados em seguir pegadas e sons, a bordo de carros 4×4, e termina com jantares à luz de velas, servidos ao ar livre.

Desde o início, os profissionais avisam que não é possível garantir a observação da fauna, mas os hóspedes logo começam a apontar binóculos e disparar cliques, quando os primeiros animais se deixam ser vistos.

E eles sempre aparecem.

Safári na Sabi Sand Game Reserve (foto: Divulgação)

No meu caso, tive a (rara) sorte de avistar, em um único dia, os Big Five, como são chamados os cinco animais mais perigosos da savana africana (leão, elefante, búfalo, rinoceronte e leopardo). O termo tem origem no século 19, quando caçadores profissionais buscavam o título ao tentar matá-los a pé, no menor tempo possível.

Hoje, a gente mata a curiosidade de ver alguns dos animais mais fascinantes da savana africana, que também tem impalas, gnus, cudos, zebras e hienas.

Segundo informou em nota a assessoria do Sabi Sabi no Brasil, até outubro de 2018, o número de brasileiros no Sabi Sabi havia crescido 18%. O hotel se tornou conhecido dos brasileiros também pelas celebridades que passaram lua de mel por ali, como o casal Marina Ruy Barbosa e Alexandre Negrão.

CONHEÇA O HOTEL
A filosofia do Sabi Sabi é baseada no tempo, unindo em quatro lodges temáticos as lembranças da época das travessias de trens (“Ontem”), a conservação do santuário de vida selvagem (“Hoje”) e a garantia de um futuro sustentável (“Amanhã”).

Selati Camp
O passado é celebrado nesse lodge que faz referência às antigas linhas de trem, da segunda metade do século 19, que uniam Joanesburgo e Maputo, a capital do vizinho Moçambique, durante a descoberta do ouro.

Banheiro de uma das suítes do Selati Camp, na África do Sul (foto: Divulgação)

São sete suítes com clima vintage e romântico, marcadas por uma decoração com lampiões, trilhos e decoração colonial, em um dos espaços mais minimalistas de todo o Sabi Sabi.

Bush Lodge
Com 25 suítes e a única opção de hospedagem que aceita crianças, esse é o primeiro lodge a ser inaugurado e faz referência ao hoje, em uma fusão entre o tradicional e o contemporâneo com desenhos inspirados na paisagem do lado de fora.

Bush Lodge, uma das opções de hospedagem do Sabi Sabi, na África do Sul (foto: Divulgação)

Little Bush Camp
Com apenas 6 suítes, esse é o Sabi Sabi para quem quer mais privacidade, sob árvores ribeirinhas nas margens do rio Msuthlu.

Cada uma delas conta com deck privativo de observação e banheira com vista para o rio.

Deck privativo dos quatos do Little Bush Camp (foto: Divulgação)

Earth Lodge
Este é o mais famoso de todos, sobretudo por conta da clássica imagem da suíte presidencial Amber, conhecida pela cama com cabeceira de madeira.

Considerado o lodge mais integrado ao meio ambiente do mundo, literalmente, essa opção com 13 suítes tem entrada subterrânea que revela pouco daquele mundo exclusivo.

Earth Lodge (foto: Divulgação)

Assim como define a própria representação do hotel no Brasil,  a “propriedade se mistura, organicamente, ao meio ambiente que a cerca, e [está] inserida na natureza, permitindo aos hóspedes uma conexão sem igual com a savana sul-africana.”

Eis a África dentro da África.

SAIBA MAIS

Sabi Sabi
As diárias vão de ZAR 18600* (R$ 4.934, aproximadamente), no Bush Lodge, a ZAR 29500 (R$ 7.827), no Earth Lodge. Os valores incluem todas as refeições com bebidas, inclusive alcoólicas, e duas saídas diárias para safári. 
www.sabisabi.com

Como chegar
A 500 km de Joanesburgo (5 horas de estrada), a região conta com voos que chegam aos aeroportos de Nelspruit e Skukuza, ambos na província de Mpumalanga. SAIBA MAIS

Quando ir
Segundo guias locais, entre junho e agosto, há maiores chances de ver bichos aos montes, próximos às reservas naturais de água.

*valores cotados em 12 de outubro de 2023

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