No menor bioma do Brasil, tamanho não é documento.
Declarado Patrimônio Natural da Humanidade, o Pantanal é a maior planície alagável do planeta, abriga quase mil espécies de animais e é endereço do maior refúgio de onças-pintadas do planeta.
Sua área total é maior do que Portugal, Suíça, Holanda e Bélgica juntos. Ainda assim, há dois meses, sofre um dos piores incêndios das últimas décadas. De acordo com o SOS Pantanal, esta é a pior seca dos últimos 47 anos no Pantanal.
Imagens de satélite mostram que, em setembro de 2020, já são mais de dois milhões de hectares perdidos, o equivalente a 13% de todo o bioma.
O fogo e a fumaça asfixiam a natureza e toda a economia do Pantanal. Sofrem o turismo, a pecuária, a pesca e as cidades e, por consequência, toda a população, além dos animais silvestres e o gado”
PANTANAL
– Mais de 90% dos incêndios são causados pelo ser humano, alguns acidentais, outros criminosos.
– O fogo que consumiu o Pantanal, entre janeiro e setembro, equivale a 15 cidades de São Paulo.
– O Parque Estadual Encontro das Águas, onde fica a maior população de onças-pintadas do mundo, já teve mais de 60% do território queimado.
– Três regiões são as mais atingidas pelas chamas de 2020: Serra do Amolar e Nabileque (Mato Grosso do Sul) e Poconé (Mato Grosso).
* fonte: SOS Pantanal e LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais UFRJ)
Segundo o SOS Pantanal, o fogo destruiu grande parte das fontes de recursos, por isso trabalhos de reposição estão sendo feitos para garantir a vida de animais como ariranhas, jacarés, antas e onças, só para citar algumas das espécies que dependem do Pantanal em pleno funcionamento.
Sem profissionais ou voluntários suficientes para atuar nas regiões mais remotas, grupos voluntários têm sido montados para auxílio nas ações dos estados atingidos.
“A pousada a gente pode construir de novo, mas a vida dos animais não” (Ailton Lara – empresário)
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Um dos casos mais recentes é a criação da Brigada Alto Pantanal Harolo Palo Jr, comitê formado por representantes do Instituto Homem Pantaneiro e da ONG Panthera Brasil.
A inciativa reúne pessoal treinado e equipado para patrulhar regiões como a Serra do Amolar, Parque Nacional e Parque Estadual Encontro das Águas.
De acordo com Angelo Rabelo, diretor do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), a ideia surgiu como apoio ao estado, “em locais que são de interesse estratégico para conservação, sobretudo em áreas públicas e distantes das cidades”.

Neste post, o Viagem em Pauta listou algumas ações que estão sendo feitas por ali e que você também pode ajudar.
Brigada Alto Pantanal Harolo Palo Jr.
Lançada esta semana, a iniciativa atua para prevenir e combater as chamas que ameaçam a biodiversidade da região, na divisa entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul.
A campanha tem o apresentador Luciano Huck como padrinho e pretende arrecadar recursos para a manutenção da brigada com equipes atuando contra o fogo, em financiamento coletivo, cuja meta é arrecadar R$ 500 mil.
SOS Pantanal
Lançada em 2009, essa ONG vem lutando desde então por um Pantanal sustentável, em parceria com representantes de diversos setores da sociedade pantaneira. SAIBA MAIS
Sem fins lucrativos, a iniciativa depende de doações para poder manter sua estrutura e a continuidade das atividades.
Os trabalhos tem sido feitos em parceria com o G.R.A.D (Grupo de Resgate de Animais em Desastres), que reúne voluntários com experiência em resposta à fauna atingida por desastres.

Instituto Homem Pantaneiro
Essa força tarefa é composta por bombeiros dos dois estados atingidos pelo fogo, técnicos do IBAMA e militares das Forças Armadas do Brasil, além de representantes da iniciativa privada, como brigadistas do SESC e voluntários.
As doações estão sendo usadas para manter o maior número de brigadistas atuando na região, custeando deslocamento, transporte, alimentação e hospedagem dos envolvidos. SAIBA COMO DOAR
Documenta Pantanal
Através de ações multimídias, como exposições, livros e documentários, o projeto documenta e divulga a região pantaneira, promovendo o diálogo entre instituições, organizações e a sociedade.
No site da iniciativa, que reúne ações e projetos encabeçados por nomes como João Farkas, Araquém Alcântara e Marina Klink, é possível assistir a aulas sobre o Pantanal e acessar biblioteca virtual.
Um dos frutos do projeto é o documentário “Ruivaldo, o homem que salvou a terra”, dirigido por Jorge Bodanzky e com codireção e fotografia de João Farkas.
Projeto Bicho Vivo
Realizada pelo Instituto Sustentar, a campanha de doação para a Ação Bicho Vivo pretende arrecadar fundos para a compra de material veterinário, alimentos e equipamentos de socorro de animais resgatados. SAIBA MAIS.
De acordo com o ecólogo Douglas Trent, a região já perdeu cerca de 25% de sua mata e os animais são os mais atingidos, devido à falta de comida e água.

Sebastião Salgado
Depois de ajudar a plantar mais de dois milhões de árvores e em constante luta pela recuperação da Mata Atlântica, o premiado fotógrafo brasileiro colocou à venda fotos exclusivas feitas no Pantanal.
Em depoimento para o Documenta Pantanal, Salgado conta que esteve na Serra do Amolar pela primeira vez em 2011, registrando imagens para o projeto Gênesis.
“Chegou a hora de todo mundo ter consciência dessa responsabilidade”, avisa o fotógrafo.
As obras custam de R$ 63 mil a R$ 126 mil e podem ser adquiridas neste link.
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