Cânions do Sul ganham título da Unesco

No Sul do Brasil, entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, uma cadeia de montanhas com 250 quilômetros de bordas de cânions se estende entre o litoral e a serra.

Por ali, visitantes são surpreendidos com paredões verticais de 900 metros de altura e 7,5 quilômetros de extensão, como o Fortaleza, cânion localizado no Parque Nacional da Serra Geral.


Recentemente, essa região de montanhas esculpidas em destinos como Cambará do Sul (RS) e Jacinto Machado (SC) foi reconhecida pela Unesco como um território de relevância geológica internacional, datada da época da fragmentação do supercontinente Gondwana, e passou a integrar oficialmente a Rede Global de Geoparques, conceito que inclui temas como proteção, educação e desenvolvimento sustentável.

Assim como define a equipe do Consórcio Intermunicipal Caminhos dos Cânions do Sul, é como “religar a sociedade humana à Terra e de celebrar as formas como o planeta e sua longa história de 4,6 bilhões de anos têm moldado cada aspecto de nossas vidas”.

Mirante da Trilha do Cotovelo Cânion Itaimbezinho, em Cambará do Sul (foto: Renato Machado/Divulgação)

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Em uma área total de mais de 2,8 mil km², o Geoparque Cânions do Sul é formado pelos municípios de Praia Grande, Jacinto Machado, Timbé do Sul e Morro Grande, todos em Santa Catarina, e os gaúchos Cambará do Sul, Mampituba e Torres.

A região reconhecida pela Unesco se une a outros dois geoparques brasileiros declarados de interesse geológico mundial, o Geopark Araripe, no sul do Ceará, e o Geoparque Global Seridó, no Rio Grande do Norte.

Trilha do Mirante, no cânion Fortaleza (foto: Eduardo Vessoni)

Com essas duas novas nomeações brasileiras, a Rede Global de Geoparques passa a contar com 177 geoparques em 46 países.

“Após muito trabalho dos pesquisadores, este é um grande fato para o Brasil. Ficamos muito contentes porque é um tema que tende a crescer no turismo nacional, baseado na geodiversidade e no patrimônio geológico”, explica para o Viagem em Pauta Joana Sánchez, professora de geologia da Universidade Federal de Goiás e coordenadora da comissão de geoparques da Sociedade Brasileira de Geologia.


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O que é um Geoparque?

Criado em 1990 com o objetivo de melhorar e conservar áreas de importância geológica na história da Terra, um geoparque abriga paisagens e formações geológicas que testemunham a evolução do planeta, determinando assim seu desenvolvimento sustentável.

De acordo com a equipe do Seridó, um geoparque é uma área geográfica única e unificada com locais e paisagens de significado geológico internacional, “gerenciados com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável”.

O que fazer nos Cânions do Sul

Do alto, por baixo e pelo rio.

O que não faltam são roteiros para ver essas formações milenares com imensas fissuras em seu interior. Só não espere pelo turismo fácil, assim, bem na porta de casa.

A cerca de 240 km de Porto Alegre, capital gaúcha, Cambará do Sul é um dos destinos mais conhecidos na região, endereço de duas áreas de conservação famosas por seus cânions, os parques nacionais dos Aparados da Serra e o da Serra Geral.

Vista aérea do cânion Itaimbezinho, em Cambará do Sul (foto: Roni Bittencourt)

No primeiro, o destaque é o cânion Itaimbezinho, a 18 km de Cambará, que pode ser visitado em trilhas fáceis como a do Cotovelo (6 km – ida e volta) e a do Vértice (1,5 km – ida e volta).

Para quem quer ir mais fundo, literalmente, naquela geografia única, a trilha do Rio do Boi é uma caminhada de 12 quilômetros por dentro do Itaimbezinho, em meio à mata fechada, pedras soltas e com travessias de rio.

Trilha do Rio do Boi (foto: Eduardo Vessoni)

Já o Parque Nacional da Serra Geral, a 23 km de Cambará, abriga o Fortaleza, o cânion mais profundo, com paredões verticais que chegam a 900 metros de altura, e o mais largo da região, com 7,5 km.

Entre as trilhas de dificuldade média estão a do Mirante (3,4 km), com vista panorâmica do litoral, e a da Pedra do Segredo (2,4 km), cujo destaque é a passagem sobre a cachoeira do Tigre Preto, em direção à pedra que dá nome ao atrativo.

Ainda pouco explorada, a Tigre Preto é uma caminhada de dificuldade alta e com 18 km de extensão. Considerada uma das mais selvagens da região, a trilha passa por mata fechada virgem no interior do Cânion Fortaleza, cujo acesso é pelo município de Jacinto Machado, ao lado de Praia Grande, em Santa Catarina.

Neste post, o Viagem em Pauta lista algumas das atrações imperdíveis de Cambará do Sul, conhecida como a Terra dos Cânions.

Trilha do Tigre Preto, no cânion Fortaleza (foto: Eduardo Vessoni)

SAIBA MAIS

Como chegar em Cambará do Sul

Onde ficar em Cambará do Sul

Dicas em Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul

Nordeste além das praias

O Rio Grande do Norte também acaba de ter um geoparque incluído na rede global da Unesco.

A 150 quilômetros de Natal, o Geoparque Global Seridó é um registro de cerca de 600 milhões de anos da história da Terra e abriga atrações como sítios arqueológicos, cânions e trilhas, em 21 geossítios (sítio geológico com formações de importante valor científico).

“Esse reconhecimento nos dará uma visibilidade internacional, atraindo visitantes para o território e afetando positivamente o turismo e o trabalho dos guias, condutores e hoteleiros”, descreve para o Viagem em Pauta Janaína Luciana de Medeiros, diretora executiva do Consórcio Público Intermunicipal Geoparque Seridó.

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