Viagem ao redor do meu quarto

Após um duelo, em 1794, o militar francês Xavier de Maistre ficou confinado 42 dias em seu próprio quarto em uma fortaleza de Turim, na Itália.

Proibiram-me de percorrer uma cidade, um ponto; mas deixaram-me o universo”

– Xavier de Maistre

Em pleno 2021, o livro soa como um resumo da pandemia que nos levou a visitar, com mais frequência, os cômodos de casa, abrir outras janelas e se contentar com o que se vê dali.

Do seu quarto de dimensões reduzidas (“um retângulo com 36 passos”), Xavier de Maistre viaja por quadros, cadeiras, mesas, escrivaninha, cama e um espelho.

Quanto luxo inútil! Seis cadeiras, duas mesas, uma escrivaninha, um espelho!

– Xavier de Maistre

Entre os temas abordados, Xavier de Maistre vai do deboche dos relatos de viagens à tumba do filósofo Empédocles.

Machado de Assis confessou certa vez que bebeu no texto de Maistre para escrever “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.

Não gostaria, por nada neste mundo, que suspeitassem que comecei esta viagem apenas por não saber o que fazer”.

– Xavier de Maistre

texto: Eduardo Vessoni imagens: Editora 34 / Wikimedia Commons