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Filho de uma negra nagô e de um branco de origem portuguesa, cujo nome preferiu ocultar, Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu livre em Salvador, em 21 de junho de 1830.
Na Bahia, ajudou a mãe a vender quitutes e viu a matriarca se envolver em revoltas populares até desaparecer de vez.
Nascido livre, de acordo com leis da época, foi vendido como escravo e enviado para o Rio de Janeiro. Mas a venda não se concretizou por se tratar de um malê (escravo de origem muçulmana).
A fama de que escravos baianos eram rebeldes surgiu após a Revolta dos Malês, considerado o maior levante de negros escravizados do Brasil, criando o estigma de que eram revoltosos e fujões.
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Levado para São Paulo por Antônio Pereira Cardoso, Gama tampouco foi vendido e acabou ficando na fazenda do contrabandista, em Lorena, onde ajudaria nos trabalhos domésticos.
Foi ali que, em menos de um ano, aprendeu a ler e a escrever com o sobrinho de Cardoso, “um rapazinho branco, simpático e cheio de ideias”.
Em SP, Luiz Gama serviu à Guarda Nacional, cujo primeiro salário foi gasto com livros e tinta para escrever, e foi copista na Secretaria de Polícia.
Mas como só rendia “obediência à inteligência”, Gama foi dispensado de seus primeiros empregos por insubordinação e por defender a “alforria de escravos”.
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Na pensão onde morou na capital, conheceu a escrava Claudina, cuja liberdade foi paga pelo próprio Luiz Gama, com quem se casaria mais tarde.
Em SP, escreveu e publicou poemas, entrou para a maçonaria, foi tipógrafo e jornalista, e se tornou advogado autodidata.
“Tão bom com as palavras”, suas defesas eram um espetáculo que atraía cada mais gente à Faculdade de São Francisco, em São Paulo.
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Até onde se sabe, Luiz Gama teria ajudado a libertar mais de 500 negros escravizados.
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Herói, gênio e ícone negro, Luiz Gama foi o primeiro negro retratado num monumento público em São Paulo, cuja estátua de granito fica no Lardo do Arouche.
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Outra obra recente é ‘Doutor Gama’, filme biográfico, disponível para streaming no catálogo do Globoplay.
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Dirigido por Jeferson De e filmado em Paraty (RJ), o filme é interpretado por três atores (César Mello, Ângelo Fernandes e Pedro Guilherme), em diferentes fases da vida do protagonista.
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Eduardo Vessoni
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