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rianças de férias e, nem sempre, com pais disponíveis para caírem na estrada. Mas se não é possível viajar pelo mundo, livros trazem o mundo para dentro de casa.
Em parceria com a Editora Peirópolis, o Viagem em Pauta selecionou cinco obras infanto-juvenis que são verdadeiras viagens, da Chapada do Araripe, no Ceará, ao universo surrealista de uma pulga que se esconde em fotos de acervo.
A editora, conhecida pela linha editorial focada em temas como culturas indígenas e afro-brasileiras, está oferecendo também para os leitores do Viagem em Pauta um desconto de 10% nas vivências que ocorrerão na Casa Tombada, em São Paulo, entre os dias 13 e 19 de janeiro. SAIBA MAIS
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“Lá no meu quintal”
Tudo isso embrulhado em uma sacola de chita, acompanhada de bolinhas de gude (ou ‘bolitas’, como se diz na gaúcha Rodeio Bonito), e um corrupio de botão do Centro-Oeste.
Mas Gabriela Romeu e Marlene Peret não nos entregam apenas um manual de brincadeiras. Cada capítulo é ilustrado com um mapa do percurso que contextualiza o trecho da viagem que as autoras fizeram para a elaboração desse memorial do brincar, como os Asurini do Médio Xingu, onde criança “anda na mata sem se perder”.
“Lá no meu quintal” também introduz o pequeno leitor a temas atuais como a construção da hidrelétrica de Belo Monte, os efeitos da falta de preservação ambiental na aridez do Vale do Jequitinhonha e a comunidade que quase foi extinta em terras pantaneiras da Ilha Ínsua.
No capítulo “Mapa do Quintal”, as autoras reúnem brincadeiras de cada comunidade retratada no livro, como a peteca de cascas secas de bananeira, feita pela pequena Milena, em Turmalina (MG).
Na seção seguinte, “Outros brincares”, aquele mundo imaginado é ampliado com um breve acervo de brincadeiras brasileiras em outras cidades, como o pega-pega cantado de São de Caetano do Sul (SP) e o corre cutia que ganha a versão do “ovo choco”, no Rio de Janeiro.
“Álbum de família”
Em tempos obscuros, em que se insiste em estabelecer o perfil ideal da família brasileira, essa trupe foge dos padrões.
Nessa biografia poética, a jornalista e escritora Gabriela Romeu começa seu “Álbum de família” (Ed. Peirópolis) como poesia entoada no picadeiro e segue como biografia da trupe familiar Carroça de Mamulengos.
Fundada em 1977, em Brasília, a companhia já conta com membros da terceira geração da família Gomide.
E de lá para cá o elenco só aumentou.
Os oito filhos multiartistas, de palhaço a músico, vão sendo apresentados pela autora em uma poesia que ganha tons biográficos com as colagens de Catarina Bessel que insere fotos dos membros do grupo com ilustrações coloridas.
Mas a obra não é só isso. Com o baú da família, a autora cria também retrancas que contam as histórias de figuras populares que inspiraram os Gomide, como Patativa do Assaré e Dom Quixote.
A família Gomide é formada não só por gente e bonecos mas também pelo Brasilino, o ônibus-casa, onde os integrantes “aprenderam a improvisar o viver”, rodando o agreste para contar essa história que homenageia o universo do artista popular.
No final das contas, Gabriela Romeu faz um retrato delicado de uma típica família brasileira em busca de sonhos e de se manter em um Brasil interior, passando o chapéu para arrecadar fundos para a próxima história.
Como já é conhecido das obras da editora, essa obra multidisciplinar continua fora de suas páginas com o excelente conteúdo complementar que é, praticamente, um outro livro, como o porta retrato virtual com fotos e dados biográficos dos integrantes, além de canções selecionadas pelo grupo.
Inspirado em suas viagens pelo interior do Brasil, o artista plástico paulistano Rubens Matuck assina essa obra que nos leva à época dos antigos livros manuscritos e das ilustrações dos primeiros viajantes europeus no Brasil colonial. SAIBA MAIS
Nesse relato de viagem sobre as crianças da Chapada do Araripe, no Ceará, a autora divide o livro em capítulos que abordam temas como as brincadeiras na terra, corrida de jumento, fabricação caseira de peteca e até a procura por Maria Fulozinha, personagem do folclore brasileiro.
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“O incrível álbum de Picolina, a pulga viajante”
São 10 imagens em preto e branco, extraídas de diferentes acervos e com intervenções coloridas que complementam e dão novos sentidos às fotos, como a torneira colocada em uma cachoeira de Mosman, na Austrália, o cogumelo gigante em uma foto antiga de um jardim em Sydney e o cavalo com pés de pato.
Crianças curiosas viajam por horas nesse delicioso livro de Laura Erber e Maria Cristaldi com fotomontagens que escondem, em cada uma delas, a pulga que dá título à obra.
Não é bem um livro para ler, mas para bisbilhotar cada detalhe até que se encontre a minúscula Picolina.
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