Se é nos oceanos que acontece (quase) toda a química necessária para a manutenção do planeta, foi de lá que surgiu a voz inspiradora (e o mais novo perrengue) da atual expedição marítima da Família Schurmann.
Na madrugada do último dia 21 de outubro, sábado, a tripulação foi pega de surpresa por um mar revolto e ventos extremamente fortes. Mesmo partindo a tempo de escapar do primeiro ciclone previsto na região de Fiji, no Pacífico Sul, a situação foi um sinal de alerta para todos os embarcados.
Mas os sustos não pararam por aí.
O fenômeno acabou causando a entrada permanente de água numa área interna próxima à quilha do Kat, veleiro de 24 metros de comprimento e mais de seis metros de largura. De acordo com a nota de imprensa enviada ao Viagem em Pauta, foram adotadas medidas de contenção, como a instalação de bombas extras para retirada de água do interior do veleiro.
Apesar do vazamento estar sob controle pelo capitão Wilhelm Schurmann, os ventos fortes causaram também rasgos em uma das velas da embarcação, que está sendo monitorada 24 horas pela equipe de terra e pelo RCCNZ, centro de resgates marítimos na Nova Zelândia.
O vazamento foi detectado a dois dias da terra mais próxima da então localização do veleiro dos Schurmann, a Nova Zelândia, destino final da primeira etapa do projeto ´Voz dos Oceanos’.
Assim como o casal Heloísa e Vilfredo Schurmann informou para o jornalista Eduardo Vessoni, dias antes de zarpar, em 2021, a meteorologia é uma das maiores preocupações da tripulação, cujos roteiros de viagem são sempre feitos de acordo com a temporada de furacões no Caribe e na costa leste dos Estados Unidos.
Atualmente, a embarcação conta com seis tripulantes a bordo: o capitão Wilhelm Schurmann e sua mãe Heloisa Schurmann, além de Erika Ternex, Carmina Reñones, Alex Najas e Katharina Grisotti.
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Olhos para o futuro
Em agosto de 2021, oito pessoas partiram para mais uma das longas viagens da Família Schurmann ao redor do mundo.
A bordo do veleiro Kat, o projeto ‘Voz dos Oceanos’ tem o apoio global do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da USP, e de visitar cerca de 60 pontos, em 24 meses, entre o Brasil e a Oceania.
Dessa vez, o objetivo é chamar a atenção para a saúde dos oceanos, um alerta que os Schurmann tiveram durante uma expedição inspirada nas viagens do explorador chinês Zhen He, na Ásia, quando a família se chocou com a quantidade de lixo em um atol minúsculo de três quilômetros de comprimento, na Micronésia.
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Até agora, a tripulação já navegou pela costa brasileira, Amazônia, incluindo Alter do Chão (PA), Caribe, Flórida (EUA), Riviera Maya (México), Panamá, Ilhas Galápagos (Equador) e Polinésia Francesa.
Assim como Heloísa informou ao jornalista Eduardo Vessoni, na época do lançamento desse projeto, essa expedição se difere das outras, que tinham um objetivo mais histórico, por ser uma viagem com “olhos para o futuro”, “com um propósito de vida e pelo bem do planeta”.
A expedição pretende coletar dados científicos, a partir de “tecnologias acessíveis alinhadas às análises técnicas de alta qualidade com a finalidade de atualizar as informações sobre as condições dos oceanos”.
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Se há 36 anos, o GPS da família eram as estrelas, dessa vez, a tecnologia tem facilitado os deslocamentos marítimos.
A atual casa flutuante da família é um dos veleiros mais sustentáveis já construídos no Brasil e essa viagem é considerada a mais científica, em comparação às outras três voltas ao mundo.
A primeira embarcação construída pelos Schurmann produz energia 100% limpa, a partir de painéis solares e hidrogeradores, abriga seis tanques para tratamento do esgoto com um compressor de ar e luzes ultravioletas, e tem máquinas de triturar vidro, cujos resíduos serão doados ao longo da viagem.
O Kat conta também com um aparelho hidráulico de compactação de lixo, um equipamento alemão capaz de analisar as águas e um drone que busca microplásticos em até dois metros de profundidade, a partir de um processo hiperespectral, um registro da composição química por meio de imagens.
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