Se Juanita já era um dos corpos congelados em melhor estado de conservação, agora, a “Dama del Ampato” ficou melhor ainda.
Quase três décadas depois de ser encontrada intacta a 6.318 metros sobre o nível do mar, na província de Caylloma, no Peru, o corpo da jovem andina Juanita ganhou uma impressionante reconstrução feita por cientistas do Centro de Estudios Andinos de la Universidad de Varsóvia (Polônia) e da Universidad Católica de Santa María, em Arequipa, no sul do país.
Segundo estudos, a jovem teria 14 anos, aproximadamente, quando participou de um ritual de sacrifício humano que a oferecia ao Apu Ampato. E foram, justamente, as baixas temperaturas no topo desse vulcão sagrado, a 80 km de Arequipa, que preservaram os restos mortais dessa jovem que teria nascido entre os anos 1440 e 1450 d.C.
A escultura hiper-realista foi feita com técnicas forenses, a partir de estudos de DNA, características etnológicas e tomografias do corpo da menina encontrado, em 1995, por uma equipe de arqueólogos de montanha, encabeçada pelo Dr. Johan Reinhard.
A partir daí, o arqueólogo e artista plástico sueco Oscar Nilson pôde usar a técnica de Manchester para construir o rosto da jovem inca, cujo processo utilizou medidas do crânio e determinou características como as bochechas altas.
O trabalho vinha sendo feito por uma equipe internacional de arqueólogos, desde 2018, através da documentação do restos mortais e dos objetos encontrados no Ampato e em vulcões vizinhos, como o Misti e Pichupichu, onde eram realizados esse tipo de ritual.
Ritual no Peru
De joelhos e adormecida, Juanita foi golpeada na cabeça por uma macana da madeira (espécie de arma de guerra), o que lhe garantiria uma grande fissura no crânio e uma hemorragia interna.
Após um jejum de um dia, a jovem, provavelmente escolhida por conta de sua beleza e da boa saúde que gozava, teria sido sacrificada para acalmar a fúria do apu (divindade) Ampato, o deus dos tremores. O sacrifício seria para pedir a Wiracocha o fim das atividades vulcânicas na região.
De acordo com a Dra. Sylwia Siemanowska, especialista do Instituto de Arqueologia e Etnologia da Academia da Polônia e pesquisadora do Centro de Estudos Andinos da Universidade de Varsóvia, o corpo da “Dama del Ampato” estava acompanhado de 37 objetos de cerâmica decorados com figuras geométricas.
Atualmente, Juanita está exposta ao público em uma urna de vidro no Museo Santuarios Andinos, em Arequipa, a uma temperatura de -19ºC que garante a preservação de seu corpo.
Após a revelação do rosto de Juanita, o museu ampliou a visita e agora o público pode ver também uma exposição de gigantografia, técnica em que as imagens são reproduzidas em grandes formatos, que explica como eram as cerimônias da Capacocha, ritual de agradecimento às divindades incas.
A partir de hologramas e da realidade virtual, será possível ver também a rota feita entre Cusco, então capital do Império Inca, e o vulcão Ampato, passando por Tambos, onde descansou a caravana que levava a a futura oferenda humana.
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