No extremo norte do mundo, esse pedaço de terra surgiu de erupções vulcânicas no fundo do mar e de lavas que desenharam terras despovoadas, no país mais ocidental da Europa.
Segunda maior ilha da Europa, a Islândia viu sua economia sair de uma crise profunda, há mais de uma década, para se tornar um dos destinos turísticos mais cobiçados. Mas os islandeses não querem mais saber disso (muito menos de turistas). Eles se preocupam mesmo é com os… elfos.
Em um país onde, dizem, há mais duendes que humanos, não é de se estranhar que até obras viárias sejam desviadas para não incomodar os elfos, que estão por todas as partes, sobretudo no folclore islandês (e nas estradas).
Em 2013, a construção de uma rodovia, entre a península de Alftanes e o subúrbio de Gardabaer, em Reykjavik, foi interrompida pelos protestos de ativistas do Friends of Lava (‘Amigos da Lava’, em português), que alegaram que a obra perturbaria a igreja de elfos que havia no caminho.
LEIA TAMBÉM: “Muito além da Björk: o que fazer na Islândia”
Seja qual for o seu roteiro, a recomendação é não atirar uma pedra. Nunca se sabe se há um huldufólk por perto, como é chamado o ‘povo oculto’ nos folclores da Islândia e das Ilhas Faroé, território dinamarquês, entre a Islândia e a Escócia.
Mais do que uma sinalização usada em trilhas, esses montes de pedras na Islândia são extremamente respeitados e nunca devem ser retirados ou alterados, pois acredita-se que ali é a residência dos elfos, que vivem nas rochas.
Um dos destinos para entender melhor (ou não) essa história é o Parque Nacional Snæfellsjökull, na costa sul da península de Snæfellsnes, no setor oeste da ilha.
É ali que fica o Lóndrangar, dois pináculos de rochas basálticas, entre 61 e 75 metros de altura, que emergem do mar, possivelmente, restos antigos de uma cratera que teria sofrido erosão, ao longo dos anos.
Mas esse cenário surreal, a 2h30 da capital Reykjavík, não é apenas o lar de aves marinhas, como o papagaio-do-mar. Dizem que aquele “castelo rochoso” é residência dos elfos.
LEIA TAMBÉM: “Vulcão na Islândia tem tour de guindaste em cratera profunda”
É tanta crença que nem os agricultores cultivam os campos ao redor para não incomodar aqueles seres mitológicos. Fazer feno naquela colina então, nem pensar, pois os mesmos trabalhadores rurais acreditam que ela pertence aos elfos que vivem na região.
Outra curiosidade da Islândia é que dizem que quem não é escritor, ainda vai sê-lo.
O boom literário da ilha, onde já chegaram a dizer que tem o maior número de escritores per capita do mundo, garantiu à Reykjavík o título de Cidade da Literatura pela UNESCO, o primeiro a ser dado a um país que não tivesse o inglês como língua nativa.
E haja enredo!
Na Culture House (culturehouse.is), por exemplo, é possível ver manuscritos originais da literatura medieval, como Edda, uma coletânea em verso e prosa, considerada um dos clássicos da mitologia nórdica.
A mesma nação que acredita em seres sobrenaturais é também uma das cinco mais felizes do mundo, segundo o relatório da Felicidade Mundial, e um dos que mais respeitam a igualdade entre homens e mulheres, de acordo com o Relatório Global de Desigualdade entre os Gêneros do Fórum Econômico Mundial, seguido da Noruega, Suécia e Finlândia.
Nada mal para um país que, até os anos 90, vivia isolado do resto do mundo e sem perspectivas.
Já com relação ao imbróglio da construção da estrada interrompida por ativistas, daqueles que envolveram até a Suprema Corte, a suposta igreja de elfos, uma massa de 70 toneladas, foi removida por um guindaste e realocada próximo a outras “moradias élficas”.
E depois a louca é a Björk?
VEJA TAMBÉM: “Museu do Alien completa 25 anos”
Seja o primeiro a comentar