Rio Araguaia deve ser declarado patrimônio de Goiás

Por fim, alguém olhou para o rio Araguaia com olhos que não fossem aqueles que propõem shows musicais de gosto duvidoso, a uma altura que nada combina com aquelas águas.

Recentemente, a deputada Rosângela Rezende (Agir), que preside a Comissão do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa de Goiás, apresentou o projeto de lei nº 9404/23, que deve declarar o Araguaia como Patrimônio Natural, Histórico, Cultural, Paisagístico e Ecológico do Estado de Goiás.

Não só pelo valor ambiental, o que já seria motivo suficiente para tal título, mas também pelo papel que esse rio desempenha na sustentabilidade e na qualidade de vida da região, sobretudo pelos recursos hídricos que oferece às comunidades ribeirinhas.

foto: Eduardo Vessoni

Rio Araguaia

Com mais dois mil quilômetros de extensão até sua foz no Rio Tocantins, onde o Cerrado se encontra com a Amazônia, esse marzão de águas se estreita ao longo de 50 quilômetros de corredores rochosos dos cânions do Araguaia.

É ali que acontece uma das atividades mais inusitadas em todo o estado de Goiás.


Desde 2016, durante a temporada de vazão, expedições descem o Araguaia em botes infláveis. Mas esta não é apenas mais uma viagem pelo rio.

A expedição com acampamentos em suas praias temporárias, durante o verão goiano, entre junho e setembro, começa na Barra do Rio do Peixe, em frente a Ribeirãozinho (MT), e segue 65 quilômetros rio abaixo.

A travessia dura quatro dias e é feita em botes para até cinco pessoas.

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Para Nélio Carrijo, um dos idealizadores do Jangadão Ecológico, a experiência inclui momentos contemplativos e outros de mais adrenalina, sobretudo por conta das corredeiras de classe II (iniciante).

Apesar de alguns desafios ao longo da viagem, a expedição costuma ser frequentada por famílias com crianças e casais.

E não é pouco o que o Araguaia tem para oferecer.

1RD_Araguaia_Divulgação
foto: Divulgação

Dá pra ver cachoeiras que caem sobre o rio; banhar-se em quedas quentes, aquecidas pelas rochas; e fazer trilhas de acesso a piscinas naturais formadas por afluentes do Araguaia.

Mas o mais impressionante de tudo é a navegação entre cânions apertados, onde o visitante por pouco não consegue tocar suas duas margens, ao mesmo tempo.

Aquela formação de pedras moldadas pela ação constante das águas do rio tem origem na queda de um corpo celeste na Terra, há 245 milhões de anos, aproximadamente. Segundo a Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos, o Domo de Araguainha é considerado “o maior astroblema conhecido na América do Sul”, uma cratera de impacto que ocupa uma área de 1.300 km² e 40 km de diâmetro.


Jangadão Ecológico

Os participantes da expedição costumam remar, sem muito esforço, por cerca de seis horas diárias, algo em torno de 22 quilômetros por dia.

Com corredeiras moderadas de Classe II, quando as quedas estão à vista e não há necessidade de análise em cima da hora, a experiência é classificada como “Turismo de Aventura” e é adequada para iniciantes.

foto: Divulgação

Para isso, a atividade é feita com EPIs, como capacete e colete salva-vidas, e o percurso é acompanhado por equipe de apoio, como guias, barco motorizado e equipe de cozinha.

A travessia do rio inclui também banheiros químicos, estação de energia e botes de apoio que levam as bagagens dos participantes e outro que, durante as paradas, funciona como bar, onde são comercializadas bebidas, doces e salgadinhos.

Já os pernoites são feitos em locais isolados, cujas barracas devem ser montadas pelos próprios participantes.

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