Avião não foi a única invenção de Santos Dumont: veja legado

Antes de contornar a Torre Eiffel e ganhar o mundo, Alberto Santos Dumont teve os pés bem fincados no chão. E uma de suas certezas era que todo conhecimento deveria ser compartilhado.

Dinheiro e patentes não eram preocupações para ele, por isso, esse aviador-inventor ficou conhecido por divulgar publicamente seus projetos e nunca ter patenteado suas invenções.

Há mais de um século, Dumont já era creative commons e suas invenções, um código aberto. Seu Demoiselle, o pequeno avião que mais parecia um triciclo de asas, por exemplo, teve seus dados técnicos publicados em jornais da Europa, EUA e Argentina.

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foto: Reprodução

‘Pai da aviação’, ‘Marechal do ar’, ‘Rei do Ar’ e ‘Brasileiro Voador’. Apelidos não faltaram para descrever esse brasileiro de Palmira, na Zona da Mata (MG), que foi muito mais do que o pai da máquina de voar mais pesada que o ar.

De motor portátil para alpinistas à criação do conceito de hangar, tudo foram invenções desse mineiro fã da literatura de Júlio Verne.


LEGADO DE SANTOS DUMONT

Menor balão do mundo
Aos 25 anos de idade, Santos Dumont estreava no mundo das invenções com seu balão-livre ‘Brasil’, a única a receber nome no lugar de números.

Embora balões tripulados já não fossem novidade, há mais de um século, o brasileiro inovou trocando a seda chinesa pelo leve e resistente tecido japonês, nessa engenhoca de dimensões discretas: 113 m³, numa época em que os balões tinham entre 500 e dois mil m³.

Segundo o pesquisador Fernando Hippólyto da Costa, autor do livro Alberto Santos Dumont: o pai da aviação, Dumont carregava o balão dentro de uma maleta por conta das “proporções diminutas e de pouco peso”.

Primeiro balão criado por Santos Dumont, em 1898 (foto: Domínio Público)

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O Nº 1
Estudioso e decidido a dar direção aos seus próprios voos, Dumont surpreenderia os parisienses com seu Nº 1, em 1898.

Ao adaptar um motor de motocicleta de 3,5 HP e menos de 30 kg de peso, o brasileiro dava vida (e altura) a seu primeiro balão dirigível. A uma velocidade de 30km/h, o balão revolucionava o inexistente setor, voando com um motor a gasolina, a despeito das opiniões contrárias.

A primeira tentativa no dia 18 de setembro não deu certo e, aos, 400 metros do chão, o modelo perdeu força com o balonete, parcialmente, inflado, lançando Dumont contra árvores, no Jardim da Aclimatação.

Dois dias depois, porém, o persistente brasileiro voltaria a tentar a ascensão com seu dirigível e, pela primeira vez, “as pessoas ouviam um motor roncando nos céus de Paris”.

O Nº 1 de Santos Dumont (foto: Domínio Público)

1º hangar do mundo
Mas para que dominar os céus se não tinha onde guardar balões que chegavam a sete metros de altura?

Dumont é conhecido também como o inventor da “garagem aérea”, ideia que surgiu para evitar os altos gastos com hidrogênio dos balões, que precisavam ser esvaziados após cada voo, e para que o brasileiro pudesse decolar quando bem entendesse.

O século XX nem tinha começado e a França via surgir o primeiro hangar do mundo, uma garagem de balões com 11 metros de altura, 30 de comprimento e outros sete de largura, em Saint-Cloud.

Nos anos seguintes, 1902 e 1903, Mônaco e a francesa Neuilly veriam Dumont erguer outros dois hangares, com portas rolantes e até 15 metros de altura.

Hangar de Saint-Cloud, na França, com o dirigível Nº 9 (foto: Domínio Público)

“Deslizador aquático”
Para o pesquisador Henrique Lins de Barros, 1907 foi um ano de criação alucinada para Santos Dumont.

Foi naquele mesmo ano que o brasileiro desenvolveu o Nº 18, o primórdio do hidroavião. A máquina era equipada com um motor de 100 cavalos e “asas e lemes submersos” que permitiam “voar” nas águas do Rio Sena, em Paris.

Ao retornar da Europa, no final de 1928, o brasileiro foi recebido no Rio de Janeiro com a apresentação aérea de dois hidroaviões, mas justo o que levava o nome do brasileiro perdeu sustentação e caiu na Baía de Guanabara, matando toda a tripulação.

Santos Dumont com seu Nº18 (foto: Creative Commons)

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Abalado e já com graves problemas causados pela depressão, Dumont retornaria a Paris, após esse que ficou conhecido como o “primeiro acidente com uma aeronave comercial no Brasil”.

Aliás, um dos aviões daquele dia pertenciam a Condor Syndikat, companhia aérea responsável pelo primeiro voo da aviação comercial no Brasil, em fevereiro de 1927, com o hidroavião Dornier Wal D-112, conhecido como Atlântico.

A primeira aeronave registrada do país fazia a rota Porto Alegre – Pelotas, sobrevoando a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.

A catapulta para salvamento de afogados foi uma das invenções de Santos Dumont (foto: Domínio Público)

Esqui mecânico
Testada na Suíça, durante um das passagens de Dumont pela Europa, uma mochila foi colocada nas costas de um alpinista com um motor leve de 1/2 HP de potência, auxiliando assim a escalada de montanhas.

Outras invenções do brasileiro que nunca mais se ouviria falar (nem ver) foram o arpão com boias de borracha que servia como catapulta para salvamento de afogados em praias.

foto: Museu do Amanhã/Reprodução

Chuveiro de água quente
Foi em sua casa de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, que Dumont desenvolveu a versão brasileira do chuveiro de água quente, cuja invenção tinha aquecimento a álcool e contava com um balde dividido ao meio, com saída para água fria e quente, e duas correntes de temperatura.

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1 Comentário

  1. Santos Dumont. nascido de familia rica, situada no Rio de Janeiro, não “dormiu ” nos louros da riqueza da familia, seu instinto criador, inovador., sempre o impulsionava no dia de amanhã, a fazer algo melhor para a coletividade. Era um ser humano, bem a frente do seu tempo. Nasceu com o espírito do empreendorismo. Certos homens já nascem com aquele Dom inabalável de ser útil o tempo todo, todo dia., toda hora…..

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