Pantanal para crianças ganha box de livros com jogos lúdicos


* este texto é uma escolha do editor do Viagem em Pauta e não tem nenhum vínculo comercial ou editorial com os idealizadores da coleção

Se você ainda não foi ao Pantanal (ou não parou para pensar no que anda acontecendo no menor bioma do Brasil), o Pantanal vem até você. E na versão para crianças.

No final de abril, foi lançada em São Paulo a coleção Vozes do Pantanal, box com cinco livros, um jogo de memória e um quebra-cabeças sobre essa que é a maior planície alagável do planeta.

Idealizada pela Chalana Esperança e com apoio do Acaia Pantanal e Documenta Pantanal, a iniciativa socioeducativa alia conscientização ambiental e engajamento comunitário e teve, originalmente, distribuição gratuita de mil kits, em 49 escolas da rede pública de ensino fundamental de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Divulgação

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Essa espécie de ficção climática para crianças foi criada pelas biólogas Daniella França, Luciana Leite, Lua Benício e Cecília Licarião, e começa com Fogo no Pantanal: a deusa da chuva está machucada, volume com versos lúdicos que dialogam com as ilustrações da artista visual e feminista Cecília Saro, responsável pelo projeto gráfico das cinco publicações.

Esse primeiro livro foi escrito pela bióloga e ativista ambiental Luciana Leite e conta o drama de Amanaci, onça-pintada que teve as patas severamente feridas, durante os incêndios florestais de 2020 que causaram a morte de mais de 17 milhões de animais do Pantanal.

E está tudo lá, sem esconder nada dos pequenos: ameaças climáticas, desmatamentos, incêndios e poluição, em um texto poético simples que informa e, ao mesmo tempo, emociona.

Para quem ainda não desistiu da natureza, o volume traz também um epílogo de Daniela Gianni, que atualiza os leitores sobre a recuperação da onça com nome de deusa da chuva, após quase 80 dias de tratamento.

Eduardo Vessoni

“Eu convivo com a Amanaci diariamente. Apesar das sequelas posso sentir a sua gratidão sempre que me sento ao seu lado. Mesmo após a cicatrização total das queimaduras, ela possui sensibilidade nas patinhas. Às vezes, ela pisa e dá uma tremidinha”, conta Gianni.

Luciana Leite é autora também de Tambanduá-Bandeira e as Estradas do Pantanal, uma obra tocante (e urgente) que chama a atenção para os constantes atropelamentos de animais de diferentes portes, sobretudo, na BR-262, principal rodovia de acesso ao Pantanal.

“Não somos nós que atravessamos a pista, mas as pistas que cruzam o nosso Pantanal.”

descreve o tamanduá protagonista do volume


A doutora em Zoologia, Daniella França, assina também os outros três títulos da coleção: Carta do Jacaré-do-Pantanal, sobre a caça predatória, e A Arara-Azul e a Caixinha da Esperança, prefaciada pela doutora Neiva Guedes, do Instituto Arara Azul, que relaciona as consequências do desmatamento com a a perda do habitat de espécies ameaçadas de extinção.

Já em A Grande Aventura do Pintado na Piracema, uma advertência para as consequências da pesca ilegal.

Divulgação

Pantanal para crianças

Os livros são acompanhados de um de um kit lúdico, também ilustrado por Cecília Saro, com um jogo de memória com 12 cartas com imagens de bichos do Pantanal e um quebra-cabeças com 60 peças.

A viagem pelo bioma traz ainda cinco miniguias de identificação de espécies pantaneiras, criados com a colaboração de fotógrafos engajados com a defesa do bioma, a partir de quatro grupos taxonômicos: aves, mamíferos, répteis e anfíbios.

Jacaré, pintado e arara-azul não sabem ler nem escrever, mas em Vozes do Pantanal chegam a constranger com seu alto grau de consciência sobre aquilo que podemos fazer (se não os adultos, pelo menos, a geração que acaba de chegar ao planeta).


SAIBA MAIS

Vozes do Pantanal
As escolas interessadas pela coleção devem fazer a solicitação para os seguintes endereços de email: acaiapantanal@acaia.org.br, chalanaesperanca@gmail.com ou documentapantanal@gmail.com.


Pantanal para adultos

Recentemente, a Documenta Pantanal, rede que reúne profissionais interessados na proteção do Pantanal, lançou também Diário de uma repórter no Pantanal, livro escrito por Cláudia Gaigher.

Cobrindo o Pantanal, jornalisticamente, desde 1998, essa repórter reuniu 30 histórias vividas no bioma, das descobertas das primeiras viagens aos catastróficos (e incendiários) últimos anos.

Seu ágil jornalismo literário chega ao leitor em forma de crônicas que revelam o que veículos especializados de turismo quase nunca têm espaço (nem interesse) em contar.

foto: Divulgação

Para falar de pinturas rupestres, por exemplo, seu texto multidisciplinar viaja também pela Serra da Capivara (PI) e pela Lagoa Santa (MG), em um texto simples e direto que aborda petróglifos, carbono 14 e estromatólitos como quem descreve férias no Pantanal.

“Vivenciando o dia na região, fui movida pela curiosidade de entender mais a fundo essa história de guerra contra o Paraguai”, conta a autora, que no livro lembra também a lenda de um túnel sob o altar de uma capela, por onde os combatentes brasileiros passavam sem ser percebidos pelos inimigos.


SAIBA MAIS

Diário de uma repórter no Pantanal
Cláudia Gaigher

DOCUMENTA PANTANAL, 2022

360 páginas

R$ 50

documentapantanal.com.br

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