Por que o Muro de Berlim foi construído

* este texto faz parte da série de especiais que o Viagem em Pauta publicará em comemoração aos 35 anos da queda do Muro de Berlim, em novembro de 2024

Não era novidade que líderes da Alemanha pretendiam protagonizar o domínio da Europa. Mas a população não contava com imaginação suficiente para fantasiar o que viria pela frente.

No final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista de Adolf Hitler estava em ruínas e dividida em zonas de ocupação administradas pelos Países Aliados vencedores da Segunda Guerra.

De um lado, Estados Unidos, França e Grã-Bretanha se ocupavam do lado ocidental capitalista. Do outro, soviéticos tomavam Berlim como espólio de guerra e começavam a transformá-la em uma espécie de satélite do comunismo.

Nem que para isso fosse preciso plantar um muro bem na porta da casa daquela gente.

foto: Eduardo Vessoni

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Por que o Muro de Berlim foi construído

Para evitar a contaminação do vizinho ocidental, a União Soviética dava início a uma série de ações que isolavam a Alemanha Oriental do resto do mundo não comunista.

Assim como descreve o escritor Ignácio de Loyola Brandão, no livro O Verde violentou o muro (1984), “um lado implantou a sociedade socialista, o outro adotou o american way of life, com investimentos vultuosos e artificiais”.

Até então sem concreto ou vergalhões, o muro começava a ter seus primeiros arrimos erguidos por uma ditadura estabelecida pelo SED (Sozialistische Einheitspartei Deutschlands), o Partido Socialista Unificado da Alemanha, o único no poder.

Em outubro de 1949, cinco meses depois da criação da República Federal da Alemanha (RFA), responsável pela Alemanha Ocidental, foi fundada também a República Democrática Alemã (RDA) ou, em alemão, Deutsche Demokratische Republik (DDR), cuja capital era Berlim.


Em 1952, o SED bloqueou passagens terrestres para a Alemanha Ocidental, forçando assim a saída dos Aliados, e documentos de identidade passaram a ser, rigorosamente, checados nas ruas.

A única fronteira aberta até aquele momento era Berlim, dividida entre soviéticos e ocidentais. De acordo com o Mauer Museum, em Berlim, quase três milhões de pessoas aproveitaram a brecha para deixarem suas casas e seguirem para o setor ocidental do país, via Berlim, entre 1949 e 1961.

Enquanto a RFA se fortalecia com a chegada de fazendeiros e homens qualificados que passaram a contribuir para a ascensão econômica da Alemanha Ocidental, o lado comunista enfraquecia com o desaparecimento de sua população.

Até que um dia, em 1961, o líder comunista Walter Ulbricht soltou a seguinte frase, durante uma coletiva de imprensa, em que uma jornalista o questionou sobre como seria a nova fronteira nacional:

– “Ninguém tem a intenção de construir um muro”, respondeu Ulbricht, vítima de um golpe de traição do próprio inconsciente que anunciava o que viria pela frente.

Em um domingo de verão, dois meses depois, Berlim amanhecia cercada por rolos de arames farpados e dezenas de cruzamentos bloqueados, entre as Alemanhas Oriental e Ocidental.

foto: Eduardo Vessoni

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O líder comunista da Alemanha Oriental seria o responsável pela construção do futuro muro, colocando seus homens na fronteira, a fim de controlar os acessos entre o Oriente e o Ocidente.

Nas semanas seguintes, começaram a ser erguidos obstáculos para bloquear veículos, torres de observação e um… muro provisório.

Construções eram derrubadas para dar lugar a novas faixas de isolamento e edifícios que ficavam ao lado das fronteiras eram lacradas com cimentos, enquanto os moradores dos apartamentos orientais vizinhos pulavam de suas janelas para a rua, já em território ocidental.

foto: Eduardo Vessoni

Uma das cenas mais marcantes da época são as de residentes da rua Bernauer que tinham seus corpos puxados, simultaneamente, por policias orientais que tentavam colocá-los de volta no interior do prédio e por ocidentais na rua que insistiam em trazê-los para o mundo da liberdade.

Outros métodos de resgate, como cordas e lonas de bombeiros ocidentais, eram usados também para retirar berlinenses daqueles prédios que acabariam se transformando em fronteira.

Berlim Ocidental passava a ser uma ilha capitalista rodeada por um mar socialista, isolada do resto do mundo, entre 1961 e 1989.

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