Desde que o brasileiro Gabriel Medina deu show de surfe na Paris 2024 e “voou” em Teahupo’o, o Taiti está na boca do povo (se é que um dia deixou de estar).
Sob administração francesa, esse território do outro lado do mundo abriga a única modalidade dos Jogos Olímpicos 2024 que não acontece na capital francesa, mas em Teahupo’o, spot mundial do surfe, conhecido por suas ondas poderosas.
Seja lá qual for seu orçamento, a Polinésia Francesa é destino cobiçado da nação viageira, daqueles que fazem a gente querer arrumar as malas só de ouvir nomes como Bora Bora, Moorea e Taiti (* para mais informações sobre o destino, acesse os guias no site do Viagem em Pauta).
E a melhor notícia é que brasileiros não precisam de visto para permanência de até 90 dias.
Como chegar no Taiti
A meio caminho para a Austrália, no Pacífico, aquele mundo de 118 ilhas, em cinco arquipélagos da Polinésia Francesa, tem como principal porta de entrada o aeroporto internacional de Faa’a, comuna do subúrbio de Papeete, capital do Taiti.
Brasileiros que voam com companhias aéreas dos Estados Unidos, como a American Airlines, costumam fazer conexão com a parceira Air Tahiti Nui, cujo voo Los Angeles-Papeete dura nove horas, aproximadamente.
Em parceria com a Delta e a Air France, a LATAM voa via Santiago (Chile), Los Angeles (EUA) e Auckland (Nova Zelândia), uma viagem com até duas paradas e, pelo menos, 29 horas de duração, considerando as conexões.
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Quando ir para o Taiti
A alta temporada é entre julho e agosto, mas os preços mais camaradas costumam ser aplicados nas temporadas intermediárias (de abril a junho e de setembro a novembro).
Porém, a melhor época para visitar o Taiti vai de março a novembro, quando o clima é mais seco. De dezembro a fevereiro, as temperaturas são mais elevadas, assim como as chances de pegar chuva.
Entre as ilhas do Taiti
As Ilhas da Sociedade são endereço dos destinos mais populares da Polinésia: Taiti, Moorea e Bora Bora.
O arquipélago polinésio é formado também pelas Ilhas Tuamotu (Rangiroa, Tikehau, Manihi e Fakarava), Ilhas Marquesas, Ilhas Gambier (Mangareva) e Ilhas Austrais (Rurutu, Tubuai, Raivavae e Rimatara).
Entre uma ilha e outra, as viagens costumam ser aéreas, exceto entre o Taiti e Moorea, cujo deslocamento de barco dura cerca de 35 minutos e custa R$ 50, aproximadamente (1,000 Francos do Pacífico).
A conexão aérea é pela Air Tahiti, companhia que tem passes que permitem embarques para até oito ilhas e preços mais vantajosos do que a compra individual de cada trecho.
Papeete
A capital do Taiti não só é a porta de entrada obrigatória para turistas estrangeiros, mas também o início da viagem por destinos vizinhos como Moorea, Raiatea, Taha’a e Bora Bora.
À primeira vista, a movimentação exagerada do centro está bem longe do que se espera na Polinésia Francesa: trânsito intenso, resorts gigantes e um mar de águas com tons que podem frustrar quem procura imagens de folheto turístico.
Porém, muito além das pranchas e da parafina, onde as ondas da vila de Teahupo’o colocaram o Taiti na rota dos melhores picos de surfe do mundo, o destino tem endereços mais isolados em trilhas que seguem ilha adentro, piscinas naturais entre plataformas de corais e até uma cachoeira que cai sobre um poço, a poucos metros do mar.
Tahiti Iti (‘Pequena Taiti’, em português) é uma península que se isola ao sul do Taiti, onde Medina conquistou o bicampeonato mundial em Teahupo’o, em 2018, durante o WSL Championship Tour.
Tahiti Iti é o lugar onde o Tahiti se agranda, em vales que se abrem em direção ao mar, com imensas cachoeiras que rasgam picos montanhosos que parecem recém-lapidados.
E tudo isso dá para ver da própria embarcação, em tours que fazem um passeio de sete horas de duração, entre Vairao e Te Pari, no extremo sul da ilha, cujo acesso é apenas por barco.
O roteiro começa pela manhã, na costa de Teahupoo e segue com outras paradas em pontos de águas claras (e mais profundas) para prática de snorkel e observação de vida marinha.
O ponto máximo do passeio é Te Pari, uma área preservada que guarda uma cachoeira escondida entre a vegetação fechada, em frente ao mar, e piscinas naturais que se formam entre extensas plataformas de corais.
Conheça Papeete
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Bora Bora
Sinônimo de lua de mel para casais com orçamento folgado, esse é o destino das lagoas rasas de águas turquesas e dos passeios aos pés da Otemanu, a montanha mais alta da ilha (727 metros).
De Papeete são 50 minutos ou apenas 20 minutos de voo, a partir de Raiatea.
Curiosamente, o aeroporto local fica em uma língua estreita de terra, ao norte da ilha, onde os passageiros devem tomar um transfer marítimo curto (gratuito), oferecido pela companhia aérea, até a capital Vaitapé.
Para um primeiro contato (e sem gastar quase nada), vale passar a tarde nas águas cristalinas de Matira, a única faixa de areia pública da ilha principal, na ponta sul de Bora Bora, sem ondas e com estrutura como banheiros e chuveiros.
Outra dica de passeio é tomar um dos barcos locais que fazem safáris marinhos com paradas para snorkel e observação de animais, em motus como o To’opua, uma ilhota privada com areias brancas e águas, exageradamente, turquesas.
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Moorea
A 35 minutos de barco de Papeete, essa é uma das ilhas mais visitadas na Polinésia Francesa.
Esse playground natural tem jardins de corais que se escondem em águas calmas, vales que se abrem em uma antiga cratera vulcânica e picos montanhosos que se afinam diante de uma das baías mais lindas da região.
Para certificados ou para quem vai submergir pela primeira vez, o mergulho é uma das atividades imperdíveis na ilha, conhecida pela grande concentração de cardumes, tartarugas e tubarões.
Os mergulhos são em águas quentes e de alta visibilidade, conhecidos pela proximidade entre os dive centers e os pontos de mergulho, o que significa pouco tempo de navegação.
MERGULHO EM MOOREA
Em terra, a Baía Opunohu tem uma das vistas mais impressionantes de Moorea.
De carro, a pé ou de quadriciclo, o passeio pelo Belvédère de Opunohu permite subir a estrada em ziguezague até mirantes, de onde se vê aquele cenário cinematográfico do alto, que inclusive já foi até cenário de filmes como ‘Rebelião em alto-mar’ (com Anthony Hopkins e Mel Gibson).
É do alto que se percebe a geografia da ilha em forma de tridente, cuja costa norte se abre nas baías de Opunohu, à esquerda, e a de Cook, à direita, que abraçam o Mount Rotui, ao centro.
E, como se não bastasse o alto grau de perfeição cênica, tudo isso fica no interior de uma cratera de um vulcão extinto.
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Raiatea
Acredita-se que os primeiros moradores do Taiti, os mā’ohi, teriam vindo do sudeste da Ásia em grandes canoas, guiados pelas estrelas, há cerca de dois mil anos.
Embora não seja a mais lembrada na hora de fazer turismo no Taiti, Raiatea (“paraíso distante”) é considerada a primeira ilha a ser povoada em toda a Polinésia, daí o título “berço dos deuses”.
Havai’i, seu nome original, é endereço de um dos destinos mais culturais de toda a região, conhecido como marae (pronuncia-se “maré”), o lugar sagrado ao ar livre para as sociedades polinésias. Espécie de encontro entre o mundo dos vivos e o dos antepassados, foi nessa marae que teria começado toda a expansão polinésia no Pacífico.
A mais famosa delas é Taputapuatea, exemplar de mil anos, em uma área de mais de dois mil hectares, no extremo de uma península no leste de Raiatea.
Era ali que os mā’ohi realizavam cerimônias religiosas, rituais fúnebres e atos políticos, em um grande pátio com uma pedra em seu centro, segundo a Unesco, que deu ao local o primeiro título de Patrimônio da Humanidade a uma área de reconhecimento cultural em um destino francês ultramarino, a 18 mil quilômetros da França.
Raiatea fica a 45 minutos de voo de Papeete.
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Taha’a
Essa ilha em formato de flor é conhecida pelas visitas guiadas em fazendas de baunilha e pelos motus, cenário para atividades como snorkel em jardins de corais e almoços servidos nessas ilhotas de recifes.
Ao norte de Raiatea, Taha’a tem apenas 53 km² e só pode ser acessada em táxis aquáticos que saem do aeroporto dessa ilha vizinha. As viagens de cerca de 35 minutos costumam ser organizadas para hóspedes dos hotéis da ilha ou podem ser contratadas no próprio aeroporto de Raiatea.
É de Taha’a que saem cerca de 80% de toda a baunilha produzida na Polinésia Francesa, cujos produtores costumam abrir as portas (e um sorriso imenso) para quem faz os bem organizados tours nas fazendas que se dedicam ao cultivo da orquídea.
Cada vez mais rara (e cara), a orquídea da baunilha precisa ser polinizada pela mão do homem, uma a uma, já que esse processo natural exige o trabalho de insetos especializados que só existem nas florestas da América Central. Daí os altos preços do produto, não só no Taiti como em todo o mundo.
O melhor jeito de conhecer a ilha é nos passeios de barco pelo interior da barreira de coral que abraça Taha’a e a vizinha Raiatea, formando piscinas naturais em lagoas de grandes dimensões.
Em outras palavras, é como passar o dia em uma ilha isolada, com coqueiros e vegetação baixa, rodeada por um anel que represa águas calmas de tons, exageradamente, turquesas.
Nos passeios aos motus de Taha’a, os guias costumam não só fazer divertidas demonstrações de como abrir um coco, com a (desajeitada) participação dos passageiros, mas também nos levam para fazer snorkel em jardins de corais e preparam o almoço ali mesmo no motu.
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