Num primeiro momento, aqueles campos de dunas rodeados por lagoas de águas cristalinas soam como algo familiar.
A comparação com o vizinho Maranhão é inevitável, mas nos Lençóis Piauienses o Brasil recebe visitantes com um cenário ainda pouco conhecido para quem viaja pelo Nordeste.
É tudo tão recente que as atividades turísticas por ali, assim como lembra o empresário Alessandro Schwonka, começou apenas em 2017. Por isso, por onde se vá, a sensação é de ser o primeiro a chegar.
Com apenas 66 quilômetros de extensão, o menor litoral brasileiro vê o rio se encontrar com o Atlântico, no único delta das Américas que deságua em mar aberto. Daí o atrativo natural mais popular do extremo norte do Piauí: o Delta do Parnaíba.
Mas, dessa vez, as pequenas embarcações que singram águas interiores dão lugar a quadriciclos que riscam as areias daquela formação que mais parece lençóis amassados, entre as cidades de Parnaíba e Luís Correia.
Lençóis Piauienses
A oito quilômetros do centro de Parnaíba, a base da Quadri & Aventuras fica próxima à Lagoa do Portinho, aproximadamente, a seis minutos da entrada para os Lençóis Piauienses. É dali que saem os passeios guiados em que os turistas rodam cerca de 30 quilômetros de dunas, a bordo de quadriciclos semiautomáticos.
“Eles dão esse nome [Pequenos Lençóis Piauienses] por serem parecidos com os Lençóis Maranhenses, mas não é. Aqui é menor e tem mais vegetação. A cor da areia é diferente também, as dos Lençóis Maranhenses são mais brancas e as daqui, mais escuras porque tem outro material”, compara o guia de turismo Fábio Araújo de Almeida.
E, a cada ladeira de areia vencida, um novo cenário se exibe diante dos olhos só para convencê-lo que você, finalmente, precisa conhecer o Piauí. Aliás, quando foi que você pensou em viajar por esse estado esquecido do Nordeste? Deveria.
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Assim como explica Almeida, as dunas locais costumam se movimentar, ao longo do ano, sobretudo no verão local, entre agosto e setembro, quando os ventos são mais fortes.
Isso quer dizer que nenhuma temporada é igual à outra (muito menos a sua imagem sobre o Nordeste vai ser a mesma depois dos Lençóis Piauienses).
“Aqui, a gente diz que o ventilador está ligado no [nível] 3, nos meses de agosto a novembro”, compara o curitibano Schwonka, pioneiro nos passeios de quadriciclo nas dunas.
A temporada de chuva, responsável pelo enchimento das lagoas, vai de janeiro a junho, com maior precipitação em abril e maio, “podendo se estender a junho”. Porém, ele salienta que a Lagoa do Portinho permanece com água o ano inteiro e as lagoas entre as dunas podem ser vistas entre maio e agosto.
A baixa temporada em Parnaíba vai de março a maio.
Por outro lado, julho é o mês de maior procura, bem como agosto e setembro, período de férias no Hemisfério Norte, de onde vêm boa parte dos turistas estrangeiros. Já o público nacional costuma lotar o destino entre a metade de dezembro e o Carnaval.
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Onde ficar em Parnaíba
Localizado no setor histórico de Parnaíba, próximo ao Porto das Barcas, o Casa de Santo Antônio é daqueles lugares que são a própria história.
Nesse hotel boutique instalado em um casarão de 1911, nenhum quarto é igual a outro e cada uma das unidades tem uma história para contar.
“São suítes temáticas, diferentes uma das outras. Como era uma casa [residencial], a gente teve que aproveitar os espaços e transformá-los em suítes”, conta a gerente Fátima Matos.
No total, são 22 quartos temáticos que ficam em áreas históricas dessa construção tombada pelo IPHAN, como as suítes coloniais do setor que um dia foi uma tecelagem, no porão da casa.
A antiga cozinha foi transformada na suíte Princesa Isabel, enquanto que a D. Pedro I ocupa a zona mais nobre do casarão, com móveis de época em uma área de 50 m² e pé direito de cinco metros de altura, aproximadamente.
O casarão é da época do lucrativo comércio de cera de carnaúba e da carne de charque, quando a elite local prosperou e construiu palacetes semelhantes à Casa de Santo Antônio.
Outro destaque do hotel é o cardápio de atividades extras para os hóspedes. Como dizem por ali, é “se aventurar na Natureza e repousar na História”.
A travessia dos Pequenos Lençóis Piauienses de quadriciclo é um dos roteiros que o hóspede pode contratar durante sua estadia, assim como o pôr do sol em uma praia deserta do Delta do Parnaíba, o passeio em lancha privativa no (espelhado) igarapê do Guirindó e a revoada dos guarás na Foz do Caju.
Como chegar
Parnaíba, a segunda maior cidade do Piauí, depois da capital Teresina, fica no centro da Rota das Emoções, roteiro turístico que vai de Jericoacoara, no Ceará, aos Lençóis Maranhenses.
Mas esse destino ainda pouco explorado pelo brasileiro precisa ser encarado não apenas como ponto de passagem, mas como um estado que por si já garante cenários suficientes para um dos destinos mais diferentes de todo o Nordeste.
Apesar das antigas expectativas de um aeroporto internacional, Parnaíba conta apenas com voos da Azul, que tem passagens para agosto a partir de R$ 2.208 (ida e volta) e conexão em Confins (MG).
Por isso, a melhor opção são os aeroportos de Jericoacoara, no Ceará (211 km) e o de São Luís, no Maranhão (437 km).
SERVIÇO
Hotel Boutique Casa de Santo Antônio
Rua Humberto de Campos (Praça Santo Antônio), 988, Centro – Parnaíba
Diárias a partir de R$ 680 em acomodação dupla com café da manhã incluso.
casadesantoantonio.com.br
Quadri & Aventuras
São cinco opções de passeios guiados: quatro em quadriciclos e um em Jimny Suzuki (jipe).
O mais procurado é o de três horas de duração (R$ 400 por veículo), roteiro de meio dia, entre a Lagoa do Portinho e as Dunas do Coqueiro.
Para quem procura uma experiência mais completa (R$ 850 por veículo), a dica é o de 90 quilômetros de extensão, feito das 8h às 18h, passando pela Praia da Carnaubinha, Árvore Penteada, Lagoa do Sobradinho e parada para almoço a beira mar.
Saiba mais: @quadriaventuras
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