Não faz muito tempo, a mal compreendida capital do Brasil fez aniversário. Mas não fui convidado para a festa de 60 anos de Brasília (nem em 2020 nem nos últimos 16 anos como jornalista da editoria de viagens).
A capital do Brasil é a minha maior frustração.
Já andei de trenó na Groenlândia, passei frio na Antártica, vi canguru na Tasmânia e fiz trilhas na Eslovênia. Andei até por Terra Ronca, em Goiás, e São José de Princesa, na Paraíba, no mais profundo do interior do meu país.
Mas Brasília, eu não conheço. Não que eu não tenha desejado, não quiseram.
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Escrevo essas tão tortas letras para deixar pública a frustração de um brasileiro que, há quase duas décadas, viaja o mundo, profissionalmente, com outros olhares. Seja na Islândia, na Namíbia ou no Cariri paraibano.
Eu, assim como todos os profissionais e veículos de imprensa que escrevem sobre turismo, dependemos de apoios oficiais, como secretarias de turismo, companhias aéreas, hotéis ou agências de turismo.
Mas nas quatro tentativas de ir para Brasília, em nenhuma tive sucesso. Em duas delas, inclusive, me sugeriram fazer turismo em… Goiás. Ou seja, Brasília excluída por ela mesma.
Até dinheiro perdi, tentando ir para lá.
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Numa das vezes, com passagens aéreas já emitidas, recebi a notícia de que o único apoio oficial que eu teria era uma “carona” até um atrativo que fica a uns 50 quilômetros de DF. De resto, era tudo por minha conta.
Agradeci e, dias antes do embarque, cancelei meus voos, deixando os créditos para voar para um lugar em que a falta de pertencimento não afaste profissionais com boas intenções de promover turismo.
Dia desses, num daqueles churrascos cheios de assunto, duas colegas com forte ligação com o Distrito Federal tentaram me convencer de que não tem nada para fazer em Brasília.
Eu, que nunca fui, não me convenci. Elas, que sempre vão, nunca tinham ouvido falar.
Será que uma cidade daquela envergadura (de um avião) não tem mais nada para ver, além de construções oficiais, hasteamento de bandeira e outras obrigações civis?
Não tem um parque nacional para fazer uma trilha ou um lago com uma atividade aquática sequer? Nem um roteiro turístico para conhecer o passado roqueiro da cidade ou uma cena gastronômica marcante?
É preciso ir além das asas do avião, é preciso mudar o plano de voo da cidade.
Finalizo este texto, dias depois de voltar do 25º estado brasileiro que conheci, o Piauí. Agora só me faltam o Amapá e… Brasília.
O primeiro não deve demorar para ser incluído no meu tabuleiro. Mas, em Brasília, tem o que mesmo para fazer lá?
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