Temida prisão de Dresden é atração turística na Alemanha

* Este texto faz parte da série de especiais que o Viagem em Pauta preparou em comemoração aos 35 anos da queda do Muro de Berlim, que acontece no próximo mês de novembro

Em Dresden, a 193 quilômetros da capital alemã, entre Munique e Berlim, fica um dos poucos monumentos penitenciários preservados da história da Alemanha, um dos capítulos mais cruéis da era do Muro de Berlim.

Aberto para visita pública, numa daquelas tentativas alemãs de retratar o passado para evitar a repetição de erros no futuro, o local era conhecido pelas prisões preventivas de fugitivos de Dresden e de países satélites, como a Checoslováquia, e interrogatórios de caráter persuasivo que tentavam convencer de que a cooperação era a melhor forma de reduzir suas penas.

Bautzner Straße Memorial, em Dresden (foto: Eduardo Vessoni)

LEIA TAMBÉM: “Antigo bunker soviético é galeria de arte, em Berlim”

O Stasi Haft Dresden, que hoje é o emocionante Bautzner Straße Memorial, passou a ser administrado por militares após a invasão soviética de Dresden, em 1945, e abrigou também o Serviço de Inteligência da União Soviética.

Na visita ao memorial, é possível conhecer o antigo escritório do chefe da Stasi, como era chamada a polícia secreta da Alemanha Oriental, assim como o porão e as celas.

Porém, mais do que um espaço para lembrar as vítimas da perseguição política na zona de ocupação soviética, o local é também um centro de pesquisa das causas, estruturas, métodos e consequências de ditaduras e ideologias.

 Bautzner Straße Memorial (foto: Eduardo Vessoni)

Nos anos 1960, a violência física foi extinta dos interrogatórios com o objetivo de preservar a imagem da RDA (República Democrática Alemã, conhecida como Alemanha Oriental), substituída por outros métodos de pressão como chantagens, tortura psicológica e longos questionamentos noturnos.

O local contava também com informantes de cela, homens que cooperavam com a Stasi, como era chamada a polícia secreta da Alemanha Oriental, representando 14% da população carcerária, segundo números oficiais.

E a rotina era da forma mais cruel possível.

Os banhos de ducha aconteciam apenas uma vez por semana, as cartas escritas para os familiares dos detidos eram lidas (e censuradas, se fosse o caso) antes de serem enviadas a seus destinatários, e falar, cantar em voz alta ou contatos verbais com outros presos também estavam proibidos.

SAIBA MAIS

Bautzner Straße Memorial
Bautzner Straße 112a – Dresden/Alemanha

Diariamente, das 10:00 às 18:00

Ingresso: 8.00 €

bautzner-strasse-dresden.de/

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*