Quem foi a mulher que deu a volta ao mundo com uma mala de mão

Ela não só desbancou a viagem do personagem Phileas Fogg, em ‘Volta ao Mundo em 80 dias’, de Julio Verne, como o fez com apenas uma mala de mão.

Entre novembro de 1889 e janeiro do ano seguinte, a pioneira do jornalismo investigativo, Nellie Bly, correu contra o relógio para dar a volta ao mundo. Tomou vapores, trilhou ferrovias e subiu em riquixás para provar que a estrada também é lugar de mulheres (e com bem menos bagagem do que os clichês machistas costumam pintar meninas viajantes).

Em corridos 72 dias (três a menos do que havia proposto, originalmente), a jornalista visitou 11 nações, entre países e as então possessões britânicas: Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália, Egito, Iêmen, Sri Lanka (na época, chamado Ceilão), Malásia, Singapura, Hong Kong e Japão.

Nellie Bly, LIVRO
Domínio Público

Para espanto de muitos, a viajante levou na mala de mão um único vestido xadrez para toda a travessia e apenas uma maleta de mão, a tarefa mais difícil em toda a sua vida, como ela mesma relata em seu livro ‘Volta ao Mundo em 72 Dias’ (editora Ímã).

Na bagagem, 2 boinas, 3 lenços, 1 par de chinelos, 1 roupão, 1 jaqueta, 1 garrafinha com copo, 1 pote de creme, lenços, objetos de armarinho e higiene, roupas íntimas e, claro, material para escrever.

Bem que ela quis incluir um vestido extra que, por não caber, foi deixado para trás. “Eu sempre odiei bagagens, então abri mão do vestido”, conformou-se.

Bly só não se conformou com o machismo.

Domínio Público

Quando contou para o editor do jornal New York World, Joseph Pulitzer, que queria dar uma volta ao mundo, a resposta não poderia ser diferente, naquele final de século XIX.

– “É impossível. Em primeiro lugar, você é uma mulher e precisaria de um homem que a protegesse”, disse o gerente do jornal.

O veredito ainda seguiria com outras bobagens, como a quantidade de malas por carregar e o fato de Bly falar apenas inglês.

Porém, não demorou muito para o recorde de Nellie Bly ser superado. Naquele mesmo mesmo ano, também inspirado pelo clássico de Verne, o empresário George Francis Train deu a segunda volta ao mundo, começando e terminando em Tacoma, em Washington, em 67 dias.

No site do Viagem em Pauta (viagemempauta), você encontra mais detalhes dessa viagem que a repórter publicou no delicioso ‘Volta ao Mundo em 72 Dias’, que em 2021 ganhou versão em português pela editora Ímã.

LEIA MAIS: “Nellie Bly: a lunática que deu a volta ao mundo”

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