Sul da Bahia: o que fazer em Abrolhos

Nas antigas cartas náuticas, a expressão ‘abra os olhos’ era uma advertência para quem navegava por águas agitadas que ocultavam recifes de corais, na região do arquipélago de Abrolhos.

Mas, hoje em dia, o aviso é para que visitantes, bem atentos, não percam nenhum dos cenários desse destino turístico isolado, no extremo sul da Bahia.

A cerca de quatro horas do continente, de acordo com o humor do mar, a viagem começa em Caravelas, a 250 km de Porto Seguro, e segue em direção ao maior banco de corais e mais importante berçário das baleias jubartes do Atlântico Sul.

Abrolhos é conhecido também como o único lugar do planeta a abrigar o peculiar coral-cérebro (mussismilia braziliensis) e os surreais chapeirões, estruturas recifais únicas, em forma de cogumelos gigantes de até 30 metros de altura.

foto: Enrico Marcovaldi/Miramundos

O QUE FAZER EM ABROLHOS

Com poucos atrativos em terra, o destino é melhor explorado debaixo d’água, em mergulhos autônomos para não mergulhadores, conhecidos como ‘batismo’. A atividade, incluída nos passeios bate-volta, é realizada entre as ilhas com profundidade de 5 a 7 metros e durante cerca de 30 minutos.

Por outro lado, ver o nascer do dia ou o pôr do sol, em Abrolhos, é uma das experiências mais marcantes do destino, por isso, na medida do possível, procure passar mais de um dia na região, embarcado em um dos barcos liveaboards que circulam pelo arquipélago (* veja detalhes mais abaixo).

Parque Nacional Marinho dos Abrolhos
O arquipélago é formado por cinco ilhas de origem vulcânica (Redonda, Sueste, Guarita, Santa Bárbara e Siriba) e tem cobrança de ingressos (R$ 52 – brasileiros e R$ 104 – estrangeiros).

Porém, o desembarque de visitantes só está autorizada nessa última, onde é feita uma breve caminhada de 200 metros, acompanhada por monitores ambientais que levam os visitantes até ninhos de atobás-brancos.

A Santa Bárbara, a maior ilha da região, é a única habitável e funciona como residência temporária de cientistas e militares. Em alguns casos, tripulantes dos liveaboards são convidados a subirem até o farol de 1861, com 22 metros de altura e a 60 metros de altitude, de onde se tem vista panorâmica da região e ponto estratégico para observação do pôr do sol.

Farol na ilha Santa Bárbara (foto: Eduardo Vessoni)

Siriba é um dos poucos pedaços de terra com desembarque autorizado para turistas.

É ali que acontece uma breve caminhada de 200 metros de extensão, acompanhada por monitores ambientais do do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que levam os visitantes até ninhos de atobás-brancos e grazinas-do-bico-vermelho.

Assim como a vizinha Santa Bárbara, a Siriba abriga a maior colônia de atobás-brancos de todo o arquipélago.

Ilha Siriba (foto: Eduardo Vessoni)

Fechada desde 1997, quando um sinalizador foi lançado por um visitante, matando quase 200 aves, a Ilha Redonda tem sido reaberta com restrições, de acordo com as condições da maré e do vento.

Atualmente, os desembarques são feitos apenas à noite, junto com os grupos de pernoite ou durante atividades específicas, como os mutirões de coleta de lixo.

Segundo o ICMBio, algumas aberturas de ninho de tartarugas cabeçudas podem serem acompanhadas pelos visitantes (as desovas ocorrem normalmente entre setembro e março).

Baleias
Entre julho e novembro, aproximadamente, acontece a temporada de observação de baleias, quando as jubarte deixam as águas frias da Antártica para a amamentação de filhotes ou reprodução em águas brasileiras.

“Abrolhos é um grande terraço, onde a plataforma continental se estende a muitos quilômetros da costa. É como se fosse uma piscina infantil do clube, um lugar ideal para mães e filhotes”, explica Eduardo Camargo, diretor executivo do Projeto Baleia Jubarte.

Só em 2022, de acordo com o último censo aéreo divulgado, foram vistas 25 mil baleias, aproximadamente, circulando ao longo de 6.204 quilômetros, entre São Paulo e o Rio Grande do Norte.

foto: Projeto Baleia Jubarte/Divulgação

Liveaboard
É do extremo sul baiano, em Caravelas, que saem as embarcações que fazem viagens de até quatro dias, explorando ilhas e pontos de mergulho do parque.

Conhecidos como liveaboard (‘viver a bordo’, em tradução literal), esses barcos são para mergulhadores e tem roteiros para certificados ou para quem quer fazer apenas snorkel, em alguns pontos de mergulho.

É como passar os dias imerso em um mundo submarino, mas com as facilidades de um hotel flutuante, equipado com cabines, banheiro com água quente e refeições sempre prontas, na volta de um mergulho.

Na Horizonte Aberto, os pacotes com pensão completa, bebidas não alcoólicas, roupa de cama e banho, e equipamento para mergulhadores (cilindro, lastro, recargas e guia) custam R$ 2.700 (2 dias), R$ 3.980 (3 dias) e R$ 5.200 (4 dias). Saiba mais: horizonteaberto.com.br

Com menos saídas mensais, a empresa oferece também saídas de um dia, com serviço de guia de bordo e mergulho livre incluídos.

Ilha Redonda (foto: ICMBio/Reprodução)

Para quem tem pouco tempo ou não mergulha com cilindro, a opção são os passeios de um dia (R$ 560 por pessoa; R$ 370, criança até 9 anos) que incluem atividades subaquáticas como snorkeling, em diferentes pontos de mergulho, desembarque na ilha Siriba, equipamentos para mergulho livre (máscara, snorkel e nadadeiras), frutas, almoço frio com saladas e sanduíche, e biscoitos com lanche quente no retorno.

A embarcação sai do cais de Caravelas às 7:00 da manhã e retorna para o continente por volta das 17:30.

Para as atividades subaquáticas, os passageiros contam com equipamento para mergulho livre (máscara, snorkel e nadadeiras). Já os mergulhos autônomos para não mergulhadores, como batismo, e os para mergulhadores certificados são pagos à parte.

Chapeirões
Taí um lugar que você não pode deixar de ver em Abrolhos.

Terror de navegantes de outros tempos, essas imensas formações coralíneas em forma de cogumelo são endêmicas do sul da Bahia e podem ter até 50 metros de diâmetro, aproximadamente.

Grandes o suficiente para serem explorados ao redor e em seu interior, os chapeirões são o atrativo mais marcante de toda a viagem. O mais famoso deles é o Faca Cega, com cerca de 30 metros de altura e um salão interior, onde é possível mergulhar, em meio a espécies endêmicas que só existem em Abrolhos, como o coral-cérebro da Bahia.

Em uma mesma viagem em um liveaboard é possível mergulhar em chapeirões de dimensões que variam de 15 metros, como os Chapeirinhos da Sueste, e o Chapeirão Atobá, a 25 metros, no Parcel dos Abrolhos.

Ilha Santa Bárbara (foto: Eduardo Vessoni)

Naufrágios
A surrealidade cênica durante os mergulhos segue nos naufrágios que podem ser explorados por mergulhadores com certificações básica ou avançada.

Um dos pontos de mergulho é o Rosalinda, um cargueiro italiano que naufragou em Abrolhos, em 1955. A uma profundidade de até 20 metros, a embarcação ainda tem preservadas a roda de leme e a carga de cimento que o navio levava no porão.

Outro ponto que merece ser visitado é o Santa Catharina, cujo mergulho nesse navio afundado por ingleses, em 1914, vai de 14 a 25 metros de profundidade.

Melhor época para visitar Abrolhos
Para atividades aquáticas em águas mais quentes e com maior visibilidade, a temporada de verão vai de dezembro a fevereiro, período recomendado também para a prática de mergulho com cilindro.

Mas para ver a atração mais aguardada da região, a melhor época é durante a temporada de observação de baleias, entre julho e novembro.

VEJA VÍDEO

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