Trilha Capim Açu é a versão selvagem de Fernando de Noronha

No extremo sudoeste desse arquipélago a 545 km do Recife, Fernando de Noronha mostra sua versão mais desconhecida (e exigente): a Trilha Capim Açu.

Essa caminhada de sete quilômetros de extensão, em forma de U, é feita, geralmente, em seis horas de trilha pesada, e só deve ser encarada para quem está preparado, fisicamente, para um sobe e desce constante, e longos trechos de pedras e sob sol forte.

A trilha leva a cavernas, piscinas naturais e mirantes que poucos visitantes têm acesso, o da Ponta da Sapata, em uma das extremidades da ilha, local de avistamento de atobás, albatrozes e fragatas. Mas a recompensa é a vista única do agitado Mar de Fora, em direção à Praia do Leão.

Trilha Capim Açu (foto: Eduardo Vessoni)


Trilha Capim Açu

Com início na Vila da Quixaba, a trilha mais exigente de toda a ilha começa puxada na ladeira que leva até um desvio de 800 metros de extensão que dá acesso a um antigo farol da Marinha.

Dizem que esse trecho preserva uma versão da ilha bem parecida ao seu estado original, onde é possível observar também mulungus, árvore sul-africana, cujas sementes foram trazidas, provavelmente, por correntes marítimas ou aves migratórias, e eram usadas, equivocadamente, por presidiários que construíam barcos de fuga com essa madeira que afunda em, aproximadamente, cinco horas.

Aliás, seu nome é uma referência aos imensos e cortantes capins de até dois metros de altura.

Ponta da Sapata (foto: Eduardo Vessoni)

O caminhante começa então a descer até o nível do mar, em direção à caverna do Capim-Açu, uma das maiores do estado, com 60 metros de extensão, segundo a Sociedade Brasileira de Espeleologia. De um lado, o Mar de Fora, do outro, o de Dentro.

Descanse o quanto for necessário, pois, dali para frente, são quase três quilômetros até o ponto final da travessia, uma caminhada sem abrigo e sobre pedras soltas que margeiam o lado mais invocado de Fernando de Noronha, o Mar de Fora.

A travessia termina na Praia do Leão, uma extensa faixa de areia conhecida pela desova de tartarugas marinhas, entre dezembro e junho.

E a gente nunca sabe se tudo o que viu é efeito da euforonha, a excitação extrema de pisar em solo noronhense, ou da trilha mais dura de Fernando de Noronha.

foto: Eduardo Vessoni

ATENÇÃO

A Trilha Capim Açu é feita de acordo com a tábua de maré e fica interditada na temporada de chuvas, de abril a junho. Por isso, deve ser feita, obrigatoriamente, com o acompanhamento de um guia cadastrado.

Para fazer essa caminhada, é preciso fazer reserva no ICMBio, na própria ilha, e portar o ingresso para Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha (R$ 186,50, válido por 10 dias seguidos, a partir do seu primeiro acesso no parque nacional).

foto: Eduardo Vessoni

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