Delta do Parnaíba: o Brasil que você precisa conhecer

No Delta do Parnaíba, entre o Piauí e o Maranhão, “o pouco é muito”.

Pelo menos, é assim que o carioca Daniel Feydit procura levar a vida na região da Resex Marinha do Delta do Parnaíba, uma área extrativista que abrange os municípios de Ilha Grande (PI) e Araioses (MA).

Próximo à foz do Parnaíba, seu restaurante Casa de Caboclo é uma das paradas das embarcações que fazem passeios por esse que é um dos maiores deltas oceânicos do planeta.

“Aqui, as pessoas vivem pela maré, não pela hora do relógio”, descreve Feydit, que mora na Ilha das Canárias, no município de Araioses, endereço de um povoado de pescadores com mais de 2.500 habitantes.

Melancieiras, no Delta do Parnaíba (foto: Chico Rasta/MTur)

O arquipélago que forma o Delta do Parnaíba, o único das Américas que deságua em mar aberto, se abre em cinco braços de rio que envolvem 73 ilhas fluviais: Barra do Igaraçu, das Canárias, Caju, Melancieiras e Tutoia.

E próximo a cada um deles tem um micro mundo a ser explorado pelos visitantes, em meio a manguezais, igarapés e uma fauna que não costuma se esconder, como macacos, garças e os guarás de intensos tons avermelhados, cuja pontualidade é atrativo turístico na Foz do Caju.

“O delta é um labirinto mutante. Num dia está de um jeito, no outro, de outro jeito. Cada dia é uma coisa diferente, não tem como se estressar aqui”, conta o barqueiro Renato Conceição Sousa.



O que fazer no Delta do Parnaíba

APA Delta do Parnaíba
Essa Área de Proteção Ambiental criada há quase 30 anos abrange abrange 10 municípios, em 3 estados brasileiros: Ilha Grande, Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia (Piauí); Tutoia, Paulino Neves, Araioses e Água Doce (Maranhão); Chaval e Barroquinha (Ceará).

O atrativo mais popular é o encontro do Rio Parnaíba com o Atlântico, cujas areias formam piscinas naturais para banhos de água doce e salgada.

Caída do Morro, em Ilha Grande do Piauí (foto: Eduardo Vessoni)

Do Porto dos Tatus, em Ilha Grande do Piauí, partem as embarcações para até 80 pessoas que fazem passeios de dia inteiro, passando por atrativos como as dunas da Caída do Morro, em Ilha Grande do Piauí, e a Ilha das Canárias, já no vizinho Maranhão.

Para mais tranquilidade, procure contratar passeios em voadeiras, barcos motorizados menores, com capacidade de até 14 pessoas. No caso do Viagem em Pauta, por exemplo, esse passeio mais personalizado permitiu navegar com exclusividade o Igarapé do Guirindó, um braço cenográfico do Rio Parnaíba, próximo ao município de Araioses, no Maranhão.

Saiba mais: instagram.com/mbturismophb

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Parnaíba
A 339 quilômetros de Teresina, a Capital do Delta fica no extremo norte do estado e é a principal cidade da região.

Parnaíba tem atrativos como o Porto das Barcas, centro histórico tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e é formado por antigos armazéns, onde hoje funcionam lojas de artesanato, pontos de alimentação e agências de ecoturismo.

Já as atrações naturais mais conhecidas são a praia Pedra do Sal (leia mais abaixo), a única do município, e a Lagoa do Portinho, rodeada por dunas de areias brancas e com atividades como esportes aquáticos (caiaque e SUP) e passeios de quadriciclo, entre as cidades de Parnaíba e Luís Correia.

Praia da Pedra do Sal, em Parnaíba (foto: Chico Rasta/MTur)

Praias
Para quem procura faixas de areia no menor litoral do Brasil, uma área de apenas 66 quilômetros de extensão, a Praia de Atalaia, no município de Luís Correia (PI), tem ondas brandas e quiosques no calçadão à beira-mar.

Já a Praia de Barra Grande, em Cajueiro da Praia (PI), é endereço para a prática de kitesurf, na temporada de ventos fortes, entre agosto e dezembro, e de atividades como SUP, nos meses de ventos mais brandos.

A 15 km do centro de Parnaíba fica a Praia da Pedra do Sal, cujos 8 quilômetros de extensão são famosos pelo conjunto de rochedos de pedras que dividem a praia em dois setores: um com ondas fortes, frequentado por surfistas, e outro mais manso.

Moqueca de frutos do mangue (foto: Eduardo Vessoni)

Um dos destaques gastronômicos durante o passeio de barco é o Casa de Caboclo, restaurante equipado com piscina, redário e hospedagem, cujo carro-chefe é a moqueca de frutos do mangue, uma homenagem da mãe do proprietário a esse ecossistema tão frágil e, ao mesmo tempo, fundamental para a vida marinha.

O prato é feito com ingredientes como caranguejo, ostra, sururu, peixe, camarão, filé de robalo, pirão e arroz branco.

“Somos um restaurante onde as pessoas param para provar o que o manguezal tem para oferecer. É uma culinária dentro do essencial, que surpreende por ser simples.”, define Feydit.

Lençóis Piauienses (foto: Eduardo Vessoni)

Lençóis Piauienses
Num primeiro momento, os campos de dunas rodeados por lagoas de águas cristalinas soam como algo familiar e a comparação com o vizinho é inevitável.

Mas nos Lençóis Piauienses, o Brasil recebe visitantes com um cenário ainda pouco conhecido para quem viaja pelo Nordeste.

A oito quilômetros do centro de Parnaíba, a base da agência Quadri & Aventuras fica próxima à Lagoa do Portinho, aproximadamente, a seis minutos da entrada para os Lençóis Piauienses. É dali que saem os passeios guiados em que os turistas rodam cerca de 30 quilômetros de dunas, a bordo de quadriciclos semiautomáticos.

Saiba mais: @quadriaventuras

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SAIBA MAIS: “Lençóis Piauienses: o Nordeste no ritmo do vento”


Quando ir
O pico da alta temporada costuma ir de julho, agosto a setembro.

De janeiro a maio é considerada baixa temporada no Delta, devido às chuvas. Porém, vale considerar que as mudanças climáticas têm alterado também as estações e as temporadas de precipitações.



Onde ficar
Para esta reportagem, o Viagem em Pauta se hospedou no Casa de Santo Antônio, hotel boutique no setor histórico de Parnaíba, próximo ao Porto das Barcas.

O hotel é daqueles lugares que são a própria história.

O empreendimento está em um casarão de 1911, onde nenhum quarto é igual a outro e cada uma das unidades tem uma história para contar.

No total, são 22 quartos temáticos que ficam em áreas históricas dessa construção tombada pelo Iphan, como as suítes coloniais do setor que um dia foi uma tecelagem, no porão da casa.

foto: Eduardo Vessoni

A antiga cozinha foi transformada na suíte Princesa Isabel, enquanto que a D. Pedro I ocupa a zona mais nobre do casarão, com móveis de época em uma área de 50 m² e pé direito de cinco metros de altura, aproximadamente.

“São suítes temáticas, diferentes uma das outras. Como era uma casa [residencial], a gente teve que aproveitar os espaços e transformá-los em suítes”, conta a gerente Fátima Matos.

O casarão é da época do lucrativo comércio de cera de carnaúba e da carne de charque, quando a elite local prosperou e construiu palacetes semelhantes à Casa de Santo Antônio.

Hotel Casa de Santo Antônio (foto: Divulgação)

Outro destaque do hotel é o cardápio de atividades extras para os hóspedes. Como dizem por ali, é “se aventurar na Natureza e repousar na História”.

A travessia dos Pequenos Lençóis Piauienses de quadriciclo é um dos roteiros que o hóspede pode contratar durante sua estadia, assim como o pôr do sol em uma praia deserta do Delta do Parnaíba, o passeio em lancha privativa no espelhado igarapê do Guirindó e a revoada dos guarás que acontece, diariamente, em dois pontos na Foz do Caju, um dos braços do Rio Parnaíba.

SERVIÇO

Hotel Boutique Casa de Santo Antônio
Rua Humberto de Campos (Praça Santo Antônio), 988, Centro – Parnaíba

www.casadesantoantonio.com.br

* O Viagem em Pauta viajou a convite do Hotel Boutique Casa de Santo Antônio

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