Como é o museu com obras do criador do Alien

Embora não seja um acervo exclusivo de um dos maiores clássicos da ficção científica, o HR Giger Museum é dedicado ao criador do Alien, figura que estreou nos cinemas, em 1979.

O artista suíço Hans Ruedi Giger é o pai da criatura, com a qual ganhou um Oscar pelos efeitos visuais do primeiro filme da franquia, ‘Alien, o Oitavo Passageiro’, cujo acervo está exposto nesse museu localizado em um castelo em Gruyères, a 147 km de Zurique, na Suíça.

Por ali, os clichês alpinos do lado de fora não combinam com o mundo surreal e perturbador em exibição no interior do museu. E que continue assim.

Boneco do Alien, em exposição no Museum HR Giger (foto: Eduardo Vessoni)

Alien na Suíça

O HR Giger Museum impressiona pelo projeto visual com salas de paredes pretas e chão com hieróglifos em alto-relevo com obras de influências surrealistas, como esculturas, desenhos e pinturas monocromáticas em grande formato feitas com aerógrafo.

Em entrevista por e-mail para o jornalista Eduardo Vessoni, Carmen Giger, esposa do artista, lamentou que os que conseguem mergulhar no mais íntimo dos trabalhos de seu esposo são vistos como “controversos ou perturbadores”.

“Seria fantástico se realmente houvesse unanimidade sobre sua arte”, diz Carmen sobre esse que é considerado um dos artistas mais ousados de sua época, porém incompreendido e, muitas vezes, rejeitado por jornalistas e artistas.

Mas, seja qual for seu grau de conhecimento artístico, o que você vai querer ver mesmo é a obra mais conhecida desse escultor, pintor e cenógrafo, morto em 2014.

Obra de Giger de 1978 usada no filme “Alien III” (foto: Eduardo Vessoni)

Como em uma tela viva em 3D, o visitante fica cara a cara com os bonecos originais criados para o ser do planeta LV-426 que alterou a rotina da tripulação da nave Nostromo.

O acervo alienígena inclui também desenhos originais feitas para Alien³ (1992), detalhes do mecanismo por trás do monstro babante que aterrizou a tripulante Ellen Ripley (Sigourney Weaver), além de esculturas e quadros que fazem referências ao filme.

Nessa espécie de show room para fãs de um dos alienígenas mais lembrados da história do cinema, tem também Alien de pé, escalando paredes e pendurado no teto, e até a estatueta conquistada no Oscar, em 1980.

Obra no HR Giger Museum (foto: Eduardo Vessoni)

Com trabalhos de tons sombrios e cheios de detalhes, a visita é um convite à mente humana, numa viagem visual em que os próprios medos e pesadelos de Giger serviram de inspiração.

Ao misturar a arte e suas próprias questões psicológicas, como aquelas vividas em sonhos, pesadelos e medos pessoais, Giger “se satisfaz com as coisas assustadoras”, como o artista chegou a declarar no documentário H.R. Giger Revealed, do cineasta David N. Jahn.

Outra influência importante para o artista foi o austríaco Ernst Fuchs, arquiteto, pintor, escultor, artista gráfico, desenhista, cenógrafo, compositor, poeta e fundador da Escola do Realismo Fantástico de Viena, em 1948.

Mesmo depois de mais de 40 anos do lançamento do primeiro filme da franquia, seus traços ainda causam fascínio. Para a esposa do artista, isso se deve à qualidade atemporal e à honestidade da obra do marido, que fascina inclusive a geração mais jovem que não cresceu com imagens clássicas do Alien e Poltergeist II, outra contribuição de Giger para o cinema.

Suíça, Alien, Giger
foto: Eduardo Vessoni

Bar do Alien

Do outro lado da rua fica o cenográfico HR Giger Museum Bar.

Inaugurado em 2003, o local tem interior em forma de caverna e arcos que lembram um esqueleto, e as mesas de vidro são rodeadas pelas famosas cadeiras Harkonnen, trabalho de Giger com encostos que imitam uma medula espinhal.

Para estimular as sensações no bar, o artista investiu também em móveis com materiais que fazem o cliente se sentir no interior de um ser vivo, como o concreto polido que imita a suavidade de uma pele animal.

HR Giger Museum Bar (foto: Eduardo Vessoni)
foto: Eduardo Vessoni

A ideia de ter seu próprio museu começou em 1990, quando Giger assinou a exposição Alien dans ses meubles (“Alien em sua mobília”, em tradução livre), no Castelo de Gruyères, situado na mesma rua que hoje abriga o HR Giger Museum.

Sete anos depois, o artista teve a oportunidade de adquirir o Château St. Germain, onde fica o atual acervo com cerca de duzentas de suas melhores obras, incluindo “The Spell” e a maioria das criações para a franquia Alien.

Atualmente, o último andar do museu guarda a coleção particular de Giger, com obras de artistas fantásticos e surrealistas.

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