Muito além dos árduos temas que deverão ser discutidos durante a COP30, entre os próximos dias 10 e 21 de novembro, o maior evento das Nações Unidas para a discussão sobre as mudanças do clima também terá seu lado doce.
Em Belém, sede do evento, empresários criaram um roteiro pela Ilha do Combu, conhecida pela produção de chocolate artesanal feito com cacau orgânico, em agroflorestas.
Nesse destino da margem sul do Rio Guamá, a 15 minutos de Belém, as ruas são rios e samaúmas gigantes crescem na porta de casa, nessa que é uma das 39 ilhas catalogadas da capital paraense.

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De acordo com os organizadores, a Rota Combu é uma experiência sensorial imersiva que alia ecoturismo, turismo de base comunitária, cultura e gastronomia ribeirinhas, a partir da visão dos filhos e filhas da ilha.
“Mais do que um passeio, é uma travessia, um mergulho afetivo na Amazônia viva”, descrevem os empreendedores.
O roteiro turístico propõe dormir na ilha e vivenciar a rotina da população ribeirinha, assim como a observação da revoada de pássaros ao amanhecer e refeições regionais como o açaí fresco servido com peixe frito.
Entre as opções de experiências tem ainda o roteiro artesanal com visita ao ateliê de uma artesã ribeirinha que transforma sementes, fibras e folhas em biojoias do Combu.

O projeto irá oferecer também aos visitantes o manejo sustentável de produtos como o cacau, o açaí e a andiroba, cultivados de forma ancestral no território.
“O produto ‘Rota Combu’ será oferecido com duração de dois dias e uma noite, ou três dias e duas noites, onde o visitante vai viver um conjunto de experiências, acompanhado por guia de turismo em uma embarcação que vai conduzi-lo a todos os lugares”, explica Mário Carvalho, coordenador do Comitê de Turismo Sustentável da Ilha do Combu.
De acordo com Carvalho, também em entrevista para a Agência Brasil, além de consolidar a Ilha do Combu como destino para diferentes públicos, a rota fortalece diferentes cadeias produtivas e promove o desenvolvimento local.
Em terra onde reina o açaí, a ilha de Combu é uma espécie de fantástica fábrica de chocolate, em plena Floresta Amazônica.

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Essa ilha de 15 km², que vive da extração de cacau e do ecoturismo, tem um fértil solo de várzea, permanentemente, úmido e rico em minerais argilosos que garante amêndoas menores, mas com muita polpa.
Um dos endereços é a Casa do Chocolate Filha do Combu, uma construção sobre palafitas onde Dona Nena recebe visitantes para o tour pela produção artesanal de chocolate com cacau local.
Tem chocolate granulado, em barra, em pó, enrolado na folha do cacaueiro, em forma de brigadeiro de colher e até espalhado na varanda.
A visita à essa área de 14 hectares começa na varanda, onde a anfitriã recebe os visitantes com uma mesa com produtos para degustação, como o famoso brigadeiro de colher, chocolate quente e sucos de cupuaçu e de cacau, de acordo com a época do ano.
É ali que Izete Costa, o nome de batismo da Dona Nena, seca, tosta e pila o cacau até transformá-lo na pasta que dá forma à barra de chocolate puro.
Assim como a própria microempresária explicou para a reportagem, quando o Viagem em Pauta esteve no local, a fama do chocolate local se deve ao fato de ser um produto não temperado. “É rústico, puro, sem agrotóxicos e só leva cacau”, explica Dona Nena.
Dali, ela acompanha os visitantes por uma trilha curta de 200 metros que margeia o igarapé paralelo à sua propriedade, onde mostra outras plantações, como as de açaí, pupunha e banana, e as caixas com abelhas sem ferrão uruçu-amarela que ajudam não só na polinização do açaí, mas também na educação ambiental.

Durante a caminhada, os visitantes podem conhecer ainda a samaúma gigante no quintal e caminhar sobre o chão rosado pintado por flores de jambo caídas no chão.
O turismo de experiência segue no fundo da casa, onde é possível triturar as amêndoas do cacau e acompanhar a finalização do processo, quando a pasta obtida é envolta na folha lavada do cacaueiro.
E, assim, a maior floresta tropical do mundo vai ficando com cara (e cheiro) de fantástica fábrica de Willy Wonka.
* com informações da Agência Brasil
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