Conheça as casas de Pablo Neruda, no Chile

Morto há exatos 50 anos, dias depois do Golpe Militar chileno de 11 de setembro de 1973, o poeta Pablo Neruda fez do mundo ao redor sua maior inspiração.

Após nascer em Parral, no centro do Chile, o pequeno Neruda foi levado pelo pai recém viúvo para Temuco, cidade equidistante do oceano Pacífico e da cordilheira dos Andes. Anos mais tarde, já como cônsul na Espanha, em Barcelona e posteriormente em Madri, em 1937, o poeta adquiriu uma casa na pacata Isla Negra, em Valparaíso.

E foi dessas experiências que surgiram duas de suas grandes inspirações: o bosque austral chileno e o mar.

Isla Negra (foto: WIkimedia Commons)

Conhecido entre nomes como Gabriela Mistral, Jorge Luis Borges e Federico García Lorca, o Nobel de Literatura (1971) e autor de cerca de 40 livros esteve como cônsul chileno em destinos como a antiga Birmânia (atual Myanmar), Ceilão (atual Sri Lanka), Batávia (Indonésia), Cingapura e Buenos Aires, capital da Argentina.

Mas foi no Chile que Pablo Neruda estabeleceu suas raízes (e suas casas).

Confira abaixo as três residências mais famosas do poeta, transformadas em casa-museu e abertas para visita pública. Outro endereço turístico relacionado à sua biografia é a rota “Huellas de Pablo Neruda”, em Temuco, no sul do Chile.

Casas de Pablo Neruda

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La Chascona
(Santiago)

Construída na década de 1950, é uma homenagem à sua amante Matilde Urrutia, cujos fartos cabelos avermelhados inspiraram o nome da casa (em tradução livre, “chascona” significa “descabelada”, “despenteada”, em português).

A residência, assinada pelo catalão Germán Rodríguez Arias, fica em uma ladeira do bairro Bellavista, aos pés do morro San Cristóbal. Mas, assim como conta a Fundación Pablo Neruda, o poeta fez tantas mudanças no projeto original que o arquiteto “teve que reconhecer que a casa terminou sendo uma criação mais de Neruda do que dele”.

Os diversos espaços interiores dessa casa-museu, aberta à visita, iam sendo criados de acordo com os objetos que Neruda queria abrigar, como um quadro e uma poltrona que o poeta gostava muito.

La Chascona (foto: Chile Travel)

“Mais do que fachadas ostentativas, ele se interessava pelos ambientes internos”, descreveu o escritor Miguel Rojas Mix.

Entre os destaques do acervo, como a coleção de esculturas africanas de madeira, está o retrato que o mexicano Diego Rivera fez de Matilde com duas cabeças, onde se vê Neruda, em meio aos cabelos da amante.

Matilde “La Chascona”, que inspirou livros do poeta como “Os versos do capitão” e “Cem sonetos de amor”, morou no local até a sua morte, em 1985.

Casa Museo La Chascona
Fernando Márquez de La Plata, 192
De quarta a domingo, das 10h às 18h
Ingresso: $ 8.000 (R$ 44, aproximadamente)


La Sebastiana
(Valparaíso)

Em busca de um lugar tranquilo para escrever, Neruda se apaixonou por essa casa e deu seu nome em homenagem ao primeiro proprietário, o español Sebastián Collado.

A construção com vista da baía de Valparaíso é conhecida por janelas em forma de claraboias de barco, uma das paixões do poeta. Foi ali, em 1972, que viu os fogos pirotécnicos do porto, em seu último Ano Novo, em 1972.

Saqueada depois do Golpe Militar de 1973, a casa só seria restaurada e aberta como casa-museu, em 1991.

La Sebastiana (foto: Chile Travel)

Casa Museo La Sebastiana
Ricardo de Ferrari, 692 (Cerro Bellavista)
De quarta a domingo, das 10h às 18h
Ingresso: $ 8.000 (R$ 44, aproximadamente)

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Isla Negra
(Valparaíso)

Sem dúvida, é uma das casas mais impactantes das três, erguida diante de uma praia de pedras, em frente ao “tumultuado movimento oceânico”, nas palavras de Neruda.

Adquirida em 1939 e com ampliações que duraram até 1945, a casa seria o refúgio nos últimos dias de vida do poeta, cujos restos mortais foram deixados no local, em dezembro de 1992, juntamente com os de Matilde Urrutia.

Casa Museo Isla Negra (Valparaíso)
Poeta Neruda s/n, Isla Negra, El Quisco
De quarta a domingo, das 10h às 18h.
Ingresso: $ 8.000 (R$ 44, aproximadamente)


Nos passos de Neruda

A rota Huellas de Pablo Neruda (“Pegadas de Pablo Neruda”, em português) fica em Temuco, no sul do Chile, e inclui 18 endereços históricos, culturais e naturais relacionados à vida do futuro poeta.

Entre os destaques estão a casa simples de madeira onde Neruda morou na infância e o Museo Nacional Ferroviario, que hoje funciona nas antigas instalações da estação de trens onde o pai do poeta, José del Carmen Reyes Morales, trabalhou como maquinista.

“Esta é a minha casa que as florestas ainda a perfumam”

(trecho do poema ‘Esta es mi casa’)

Porém, devido à passagem do tempo e a um incêndio, já não é possível ver a construção original, na Calle Lautaro, 1436, onde Neruda viveu entre 1906 e 1921.

Já o Cerro Ñielol, bosque no Centro de Temuco, é o marco natural da rota e abriga trilhas, mirantes e a lagoa Huepil. Entre os poemas dedicados ao local, considerado o ponto mais alto da cidade (335 msnm), o poeta chegou a escrever que sua vida era “uma longa peregrinação que sempre dá voltas, que sempre retorna ao bosque austral, à selva”.

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