Como é visitar o continente mais frio do mundo

Desde que foi assinado o Tratado da Antártica, em 1º de dezembro de 1959, a data marca o Dia da Antártica, uma celebração à paz, em um dos lugares mais inóspitos do planeta.

Formalizado em Washington e em vigor desde 23 de junho de 1961, o documento é um compromisso entre os países que desenvolvem atividades no Continente Branco, garantindo o diálogo sobre seu uso, sua preservação e o não uso como objeto de discórdia internacional.

Entre os 14 artigos do Tratado, estão medidas como os propósitos pacíficos na Antártica, o que exclui atividades militares, explosões nucleares e armazenamento de resíduos radioativos. O documento garante também a liberdade para a pesquisa e a cooperação científica internacional, incluindo a troca de informações sobre pesquisa e pessoal.

Port Lockroy (foto: Eduardo Vessoni)

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Assim como explica o Interantartica, programa de divulgação das Ciências Polares da UFABC, historicamente, a região antártica despertou diversos interesses (políticos, econômicos e militares) como a temida Passagem de Drake e a Rota do Cabo, o que “fez com que países desejassem reter porções de seu território para exercer seu poder e soberania sobre esses espaços”.

Apesar do cenário hostil e das dificuldades de acesso, a Antártica é do mundo. Atualmente, as Nações Antárticas são formadas por 31 países, entre eles, a África do Sul, Rússia, Nova Zelândia e o Brasil, Membro Consultivo desde 1983.

É Antártica ou Antártida?
Ambos nomes estão corretos.

De origem grega, a palavra Antártica é usada como oposto a Anti-Ártico. Já a versão latina Antártida seria uma referência à Atlântida, a lendária ilha dos tempos de Platão.

Vale lembrar que o primeiro é adotado pelo governo brasileiro, inclusive nos documentos da PROANTAR, o programa da marinha nacional para estudos científicos na região.


COMO É VIAJAR PARA A ANTÁRTICA?

Nem só com pesquisas complexas e limitações se faz a rotina na Antártica.

A mil km do Ushuaia, na Argentina, o continente tem também uma temporada turística, que costuma ir de novembro a março, quando navios quebra-gelo adaptados para fins turísticos cruzam a invocada Passagem de Drake, em direção ao continente mais frio do planeta.

É nessa mesma época que a região tem luz natural por quase 24 horas, uma eterna luta entre o sono e a vontade de acompanhar o dia sem fim, do lado de fora.

Marcadas pela informalidade, essas embarcações têm atividades a bordo como workshops sobre aquecimento global, geologia, fotografia e vida no gelo. Não é à toa que a Antártica é conhecida como o ‘continente mais inteligente do mundo’, devido à alta concentração de pesquisadores.

M/v Plancius (foto: Eduardo Vessoni)

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As atividades turísticas variam de acordo com cada embarcação e com as habilidades dos passageiros. Mergulhos, por exemplo, só podem ser feitos por pessoas credenciadas e com especialização em uso de roupa especial (dry suit).

A programação segue com trilhas curtas no gelo, observação de animais, visita a um vulcão congelado e até um camping selvagem do lado de fora da embarcação.


A Península Antártica é a parte mais ao norte do continente, o que garante melhores condições climatológicas e maior presença de vida animal, cujo roteiro pode ser combinado com destinos, relativamente, mais próximos como as Malvinas e as Ilhas da Geórgia do Sul e Sandwich.

Prepare-se também para todo tipo de condição climática, capaz de mudar em questão de minutos, e possíveis mudanças de rota ou cancelamento de atividades.

E dá para ver animais de perto?
Mais perto do que você imagina.

Com entrada controlada de humanos, e animais que parecem não se importar com a chegada de visitantes, a Antártica é como aqueles documentários de vida selvagem que a gente pensava existir só na televisão.

Prepare-se para ver, sem nenhum esforço e a poucos centímetros de distância, aves marinhas, baleias do tipo orca e cachalote, focas sobre placas de gelo e até no acampamento ao lado, e milhares de pinguins, como os de barbicha e gentoo.

Só não fique a menos de cinco metros de distância da bicharada, regra seguida à risca pelos guias que desembarcam com os passageiros e que não hesitam em chamar a atenção dos transgressores.

foto: Eduardo Vessoni


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O que levar?
Nada de improvisar com as roupas que você levou para a última viagem para Campos do Jordão. A Antártica é fria, sim, exige uso de roupas especiais para temperaturas extremas como peças térmicas, corta-ventos e impermeáveis.

Durante o verão antártico, único período do ano possível para o turismo, a temperatura gira em torno de 0º, embora os ventos gelados sejam responsáveis pela sensação de mais frio.

Uma vez no continente, todo desembarque é um complexo processo de preparação que inclui usar botas especiais lavadas em uma solução desinfetante, e ordens rígidas para saída do barco. Por ser um destino afastado e de delicado ecossistema, é necessário também aspirar todas as roupas e utensílios que serão levados para fora, como roupas, bolsas fotográficas e tripés.

2_Antartica
foto: Eduardo Vessoni

É caro visitar a Antártica?
É, sim.

Para essa próxima temporada, é possível encontrar pacotes sem aéreo, a partir de US$ 5.600, algo em torno de R$ 27.500 por pessoa, aproximadamente, em um roteiro de 12 noites com pensão completa e atividades turísticas.

No entanto, não é raro encontrar promoções de última hora com descontos de mais de 50%, semanas antes do embarque. Se você tiver férias flexíveis, vale a pena arriscar e deixar para se programar com menos antecedência.

De novembro a abril, por exemplo, a Oceanwide Expeditions (oceanwide-expeditions.com) opera roteiros marítimos na Antártica e no Ártico, entre junho e setembro.

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