Em meio a uma proliferação de micro apartamentos, em construções de gosto duvidoso, São Paulo ainda guarda endereços que reforçam o talento arquitetônico da maior cidade da América do Sul.
Para celebrar os 470 anos da cidade de São Paulo, três arquitetos/designers escolheram seus lugares favoritos sob a ótica da profissão, do clássico edifício Copan ao Aparelha Luzia, um centro cultural e quilombo urbano, em Campos Elíseos.
“Aqui [em São Paulo] encontramos estilos que vão do colonial, passando pelo moderno até o contemporâneo. O melhor de tudo isso é que nada se resume ao óbvio, basta ter o olhar atento”, descreve a designer de interiores Mariana Ribeiro.
VEJA DICAS DE ARQUITETOS E DESIGNERS
Pinacoteca
(Praça da Luz, 2 – Luz)
por Mariana Ribeiro, designer de interiores
Essa construção na área central de São Paulo foi fundada em 1905 e abriga uma coleção de obras que percorrem diversas épocas e estilos. Sua arquitetura imponente, projetada por Ramos de Azevedo, é mais do que uma experiência visual, é um espaço que convida à contemplação e à reflexão.
Mariana Ribeiro
“É o lugar que gosto de ir quando posso fazer um passeio voltado à arquitetura. O complexo é uma construção neoclássica com grandes janelas, portas, pilares e pórticos. Apresenta também uma modernidade rústica com tijolos aparentes e áreas de grande abrangência de luz natural. Passarelas de metal e coberturas translúcidas trazem também um contraponto de conforto visual incrível. Ótima opção de passeio que mostra a força da arquitetura paulistana.”
Rosewood
(Rua Itapeva, 435 – Bela Vista)
por Nicole Gomes, especialista em iluminação
Esse hotel na região da avenida Paulista tem projeto assinado pelo arquiteto francês Jean Nouvel, quem cria um contraponto entre o moderno e o vintage de seus mobiliários em tons amadeirados. Tudo isso alinhado à uma iluminação especial que dá um ar mais aconchegante a todos os ambientes.
Nicole Gomes
“Todos os detalhes são totalmente pensados em cada ambiente, além da iluminação que usa muitos abajures, luz indireta e difusa. O Resultado é lindo e a experiência bem especial.”
Copan
(Avenida Ipiranga, 200 – Centro Histórico)
por Alexandre Salles, coordenador do curso de Design do IED SP
Esse clássico da avenida Ipiranga é um dos mais importantes e emblemáticos edifícios de São Paulo e da arquitetura moderna brasileira. Concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer, foi inaugurado em 1966, nas comemorações do Quarto Centenário da cidade.
Suas “linhas sinuosas e elegantes”, consideradas a maior estrutura de concreto armado do Brasil, têm 115 metros de altura, 32 andares e 120 mil m² de área construída, divididas em seis blocos, com um total de 1.160 apartamentos de dimensões variadas.
“É indiscutível, o Copan é e continuará sendo uma das maiores referencias nacionais de arquitetura, independente de trabalhar na área ou não, todos deviam tirar um tempo para contemplar a magnitude do edifício e quem sabe visitar o comércio que se estende por toda a sua base.”
Alexandre Salles
Aparelha Luzia
(Rua Apa, 78 – Campos Elíseos)
Alexandre Salles indica também esse centro cultural e quilombo urbano, fundado em abril de 2016.
O local foi criado pela ativista, artista e educadora Erica Malunguinho, como um espaço de convivência e de circulação de artistas negros, onde acontecem festas, cursos, exposições e debates, além da cozinha comandada pela chef Cícera Alves.
Seu nome é uma versão feminina dos aparelhos, células de resistência contra a ditadura militar de 1964, e uma homenagem a Luzia, o mais antigo fóssil humano do Brasil.
Bar do Arcos
(Praça Ramos de Azevedo, s/n – República)
por Nicole Gomes, especialista em iluminação
Esse bar no subterrâneo do Theatro Municipal, inspirado no filme ‘O Iluminado’, de Stanley Kubrick, tem uma personalidade ímpar, com pedras e tijolos à mostra, cujo destaque é a iluminação indireta que abraça o espaço e traz luz suave e agradável a esses arcos de mais de cem anos.
O local é conhecido também por seus drinques autorais e clássicos da coquetelaria.
Nicole Gomes
“O espaço é super convidativo e traz a luz como efeito surpresa. Ao entrar, você fica se perguntando de onde a luz está vindo e é exatamente esse efeito que faz com que a gente queira ficar no espaço por horas.”
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