Niagara Falls, cataratas na fronteira dos EUA com o Canadá, não são tão monumentais como as de Iguaçu, entre o Brasil e a Argentina.
Mas nem por isso você vai inventar de descer aquelas quedas num… barril.
Em 1901, a professora aposentada Annie Edson Taylor decidiu comemorar seu 63º aniversário de uma forma, digamos assim, inusitada.
Entrou em um barril de pickles, protegeu-se entre travesseiros e se lançou em uma das quedas de Niágara, tal qual Pica-Pau faria, décadas mais tarde.
A Rainha de Niagara Falls
A engenhoca de quase um metro de diâmetro foi fechada com uma rolha e contava com um tubo que passava por um orifício para que o ar pudesse ser bombeado, após o fechamento do barril.
Para manter a “rota”, Taylor usou como lastro uma bigorna, acomodada no fundo do barril, que foi rebocado por um barco a remo pela pequena equipe com dois assistentes que aceitaram ajudá-la na empreitada, William Holleran e Fred Truesdale.
Diz a lenda que, para testar sua invenção, dois dias antes da tentativa, Taylor enviou em seu lugar um gato, que teria sobrevivido à queda de cerca de 50 metros de altura.
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Convencida a fazer o mesmo (e decidida a quebrar recordes), em 24 de outubro de 1901, a destemida professora partiu do lado estadunidense das cataratas, cujas águas a levaram em direção à Horseshoe Fall, no setor canadense.
Minutos depois, milagrosamente, Taylor surgia viva em meio à névoa de Niágara, tornando-se a primeira pessoa a descer as cataratas em um barril.
O motivo? Fama e dinheiro (além de um único um corte na cabeça).
Assim como descreveu Taylor no pequeno livro Como a Horseshoe Fall foi conquistada, de 1902, quando o barril foi aberto com uma chave inglesa, um dos homens olhou para dentro e gritou: “a mulher está viva”.
“Sim, ela está viva, embora muito machucada e confusa”, respondeu a aventureira.
“Apesar da natureza emocionante da história da qual este livro foi concebido, nenhuma tentativa foi feita para embelezá-lo com declarações sensacionais. É uma simples exposição dos fatos.”
Annie Edson Taylor, em ‘How the Horseshoe Fall was conquered’
Pela façanha, hoje em dia, ilegal, Taylor ficaria conhecida como a “Rainha da Névoa do Niágara” e ainda ganharia alguns trocados vendendo souvenirs como fotos e cartões-postais.
Apesar da fama imediata, Taylor morreria pobre, duas décadas depois.
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Pioneira, mas não a única em Niagara Falls
Localizadas entre o estado de Nova York (EUA) e a província de Ontário (Canadá), as Cataratas de Niágara são formadas por três grupos distintos de quedas e impressionam não pela altura, mas pelo volume d’água.
Embora Annie Edson Taylor tenha sido a primeira pessoa a descê-las em um barril, ela não foi a única a desafiar a morte naquelas águas potentes.
O primeiro a desafiar as cataratas foi Jean François Gravelet-Blondin.
Em junho de 1859, esse trapezista francês cruzou o desfiladeiro do Niágara em uma corda bomba carregando o empresário Harry Colcord nas… costas.
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Em 8 de julho de 1876, a italiana Maria Spelterini cruzou o desfiladeiro do Niágara em uma corda, durante a celebração do centenário da independência dos Estados Unidos.
Nos dias seguintes, essa equilibrista voltou a cruzar o local, cada vez com um desafio novo. No dia 12, com cestos de pêssego amarrados aos pés, com os olhos vendados (19/7) e com os tornozelos e pulsos algemados, no dia 22 de julho.
Spelterini se tornaria a primeira e única mulher a tal feito, simplesmente, porque “ela podia”.
O recorde de Taylor só seria quebrado, quase uma década depois, quando o inglês Bobby Leach se tornou o primeiro homem a atravessar as cataratas num barril.
Em 25 de julho de 1911, Leach desafiou a morte, descendo as quedas em um tambor de aço de 2,5 metros.
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