Nas águas de Belém, sede da COP30

Ao lado do endereço que mais sintetiza o mundo Amazônia, em Belém (PA), a madrugada começa agitada, onde um tapete de cestos de palha de frutos arroxeados pinta o chão, que mal se deixa ser visto com a movimentação de comerciantes e compradores.

Na Feira do Açaí, chegam de longe as embarcações que congestionam as águas da Baía do Guajará. Só em 2022, aquele estado amazônico produziu o equivalente a 1,7 milhão de toneladas, o equivalente a 90,4% do açaí de todo o Brasil.

É pelas águas da capital que chega o produto mais famoso do Pará. E é para lá que vai quem acaba de desembarcar.

A seguir, conheça atrativos turísticos nas águas de Belém, que até o próximo dia 21 de novembro será sede da COP30, maior evento das Nações Unidas para a discussão sobre as mudanças do clima, pela primeira vez, na Amazônia.

Ilha do Combu (foto: Eduardo Vessoni)

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A Belém da COP30

Se o Complexo Ver-o-Peso é o resumo da história da cidade, cujo mercado funciona desde 1625, como Casa de Haver o Peso, a Baía do Guajará é a prova de uma Amazônia turística que continua dando certo.

Com 32 mil m² em armazéns que funcionam como boulevards, a Estação das Docas é um polo cultural e gastronômico instalado num setor reformado do porto de Belém, famoso pelos imensos guindastes amarelos.

Entre os bairros Reduto e Campina, a cidade passa por essa espécie de janelão com vista para o rio. Seja para vê-lo seguir seu curso, em frente às mesas do lado de fora, seja no embarque de passeios, como o Orla ao Entardecer que, nos finais de tarde, apresenta Belém do ponto de vista do rio.

A orla do Rio Guajará recebe também visitantes no Complexo Ver-o-Rio, em uma área de 5 mil m² com calçadão de pedra portuguesa.

Estação das Docas (foto: Eduardo Vessoni)

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Doce Belém

Na outra margem do rio Guamá, Belém se silencia na Ilha do Combu, uma das 39 que formam aquele arquipélago metropolitano.

É dali que sai o chocolate artesanal amazônico feito com cacau tirado do quintal de casa que já ganhou versões assinadas por chefes como Thiago Castanho e Alex Atala.

Em sua casa sobre palafita, Dona Nena recepciona os visitantes com café da manhã na varanda com sucos e versões de seu chocolate 100%, embrulhado na folha do cacaueiro.

Se na ilha, as ruas são rios, é nos furos e igarapés que acontecem os passeios turísticos em pequenas embarcações que rasgam as artérias fluviais da ilha, em saídas que incluem pequenas trilhas, floresta adentro.

No canal principal de acesso à ilha, o restaurante Saldosa Maloca (assim mesmo com uma equivocada letra L estampada no nome) tem vista única de Belém, onde são servidos pratos como moqueca de pescada amarela, postas de filhote e porções de pirarucu, sobre a estrutura que flutua sobre o rio Guamá. Sem falar no arroz de chicória, jambu e tucupi.

É como estar e não estar, ao mesmo tempo, na hiperativa capital paraense.

Casa do Chocolate Filha do Combu (foto: Eduardo Vessoni)

Quem vem apressado do lado de lá do país, nem se preocupa em saber a diferença entre aquelas vias aquáticas tão necessárias em terras amazônicas, mas furos são canais com saídas para o outro lado da ilha; e igarapés (“caminho de canoa”, em tupi), ruas sem saída que cortam a floresta com suas águas baixas.

E enquanto isso, uma Amazônia inteira vai passando diante dos olhos, nessa espécie de espelho fluvial que copia tudo o que a floresta tem para mostrar do alto das copas das árvores.

Nos finais de tarde, o pôr do sol é no Mangal das Garças, um parque de 40 mil ², onde a Amazônia fica gigante do alto do Mirante do Rio e do Farol de Belém, em uma torre de 47 metros de altura.

Mangal das Garças (foto: Eduardo Vessoni)

Já o Parque Estadual do Utinga fica na Região Metropolitana de Belém, com 99% da área na cidade e 1% no município de Ananindeua, e tem atrativos turísticos que podem ser visitados sem monitores, como trilhas curtas e ciclovia, além de lago e cafeteria.

Entre as opções de caminhadas leves tem as trilhas do Pataúa, do Yuna e a da Capivara, essa últimas, adaptadas para ciclistas.

Outros atrativos são os mananciais do parque, como o Lago Bolonha e o Água Preta, que abastecem cerca de quase 70% da cidade, com acesso pela trilha principal com 4 km de extensão, com início no Centro de Acolhimento até o espaço Recanto da Volta, às margens do Lago Água Preta.

O parque, aberto de de 4ª a 2ª, das 6h às 17h, conta também com serviços pagos à parte, como trilhas guiadas e atividades esportivas como rapel e tirolesa.

foto: Jonas Santana/Reprodução

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Ao norte, Belém faz do rio também a sua praia.

A uma hora de carro, a Ilha de Mosqueiro, na Baía de Marajó, é o mar de águas doces com ondas que chegam nesse distrito de casarões históricos da época do Ciclo da Borracha, entre o final do século 19 e o início do 20.

A região abriga uma faixa de 17 km de extensão com barracas de praia e áreas mais isoladas. Uma delas, a Praia do Paraíso, tem até poderes afrodisíacos; e, outras, embalam pranchas de windsurfe com a passagem dos ventos fortes que fazem a curva naquele braço de mar.

A vizinha Cotijuba é outra ilha que vê a Amazônia bater na porta e ainda flerta, tímida, com um turismo discreto que acontece em praias afastadas e semidesertas, como a Vai Quem Quer, cujo acesso é por charretes.

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