ais do que aprender a fazer pão ou se perder num mundo infinito de lives em redes sociais, a atual pandemia trouxe também tempo para a gente colocar a leitura em dia.
Sem previsão de retorno seguro para viajar, os livros são a alternativa de viagem para famílias em casa, impossibilitadas de cair na estrada.
Em parceria com a Editora Peirópolis, o Viagem em Pauta selecionou cinco obras infanto-juvenis que são verdadeiras viagens visuais (dos céus aos mares, literalmente).
Tem livro para quem gosta de skate, para quem quer ouvir uma língua nova ou para quem quer mergulhar (com cilindro e tudo). E tem até história em quadrinhos para quem busca entretenimento em tempos de isolamento.
* Esta é uma parceria editorial com a Peirópolis e as resenhas foram escritas de acordo com a opinião do autor, sem nenhum vínculo comercial ou qualquer outro compromisso com a editora
‘Homem-pássaro’
É roteiro de cinema? É gibi? Não, é a primeira narrativa longa autoral do cartunista Caco Galhardo.
“Eu sou uma pessoa meio do contra. Resolvi fazer um quadrinho adaptado do cinema. Geralmente é o contrário”, explica o autor em entrevista para o programa “Autores e livros” da Rádio Senado.
Lançado em 2019, essa HQ é resultado de um projeto de roteiro de cinema que não foi para frente. Mas o protagonista João Neto foi.
Nessa divertida obra, João é o jovem ornitólogo que mora em uma árvore da Chapada Diamantina e decide largar tudo para conhecer a rainha da bateria de uma escola de samba carioca por quem se apaixonou ao vê-la na TV.
O resto é aquela habilidade única que Caco tem de misturar humor, romance e crítica social, nesse curioso encontro entre um nerd, uma passista e um traficante.
‘Desequilibristas’
Autor de opereta, músico e ilustrador, Manu Maltez nos leva para uma viagem urbana, sob o ponto de vista dos skatistas.
Seus traços de nanquim são ágeis e parecem passar em movimento diante dos olhos do leitor, assim como o skatista veloz que passa apressado entre pedestres da cidade grande.
Praticante do esporte desde a infância no bairro Sumaré, em São Paulo, Maltez avisa logo de cara: é “texto para declame em via pública sobre um skate, pela cidade em chamas”.
‘Desequilibristas’ é o encontro poético (e muitas vezes caótico) entre a cidade e o skatista, o “ressuscitado do asfalto”, o “percussionista ambulante” ou o “punk passista” (só para citar algumas das tantas definições do autor). SAIBA MAIS
“Viagem ao Brasil submarino”
O destaque desse livro de belas imagens aquáticas é a facilidade com que a autora Maristella Colucci, com texto complementar de Cláudia Carmello, consegue explicar termos como ‘simbiose’, ‘ressurgência’ e ‘pesca de arrasto’.
Considerado o primeiro livro sobre ambientes subaquáticos brasileiros para o público infanto-juvenil, “Viagem ao Brasil submarino” não é mais um daqueles inúmeros títulos de pegada ambiental para crianças.
É livro que convida o leitor a nadar pelo ainda desconhecido mundo marinho, a partir das experiências de mergulho que Maristella vem acumulando nos anos como fotógrafa, em destinos como Ilha Grande, Laje de Santos e o litoral norte paulista.
Sua viagem por mares brasileiros passa também por alguns dos melhores pontos de mergulho do mundo, como Fernando de Noronha, Abrolhos e o ultra preservado Atol das Rocas.
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‘Grande Assim’
Nesse livro bilíngue, em português e xhosa, o sul-africano Mhlobo Jadezweni conta a história do menino Tshepo que quer crescer para alcançar as coisas no alto do armário.
Mas esse professor de Línguas Africanas da Universidade de Stellenbosch vai além.
Sua poesia bilíngue, ilustrada por Hannah Morris, é uma viagem pela aridez da savana africana que coloca luz sobre assuntos como resolução de problemas, autoestima e consciência ambiental, cujos versos em língua xhosa podem ser ouvidos no site da editora.
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“Terra de cabinha: pequeno inventário da vida de meninos e meninas do sertão”
“Uma vez, eu ouvi uma palavra (‘cabinha’). Eu me encantei por ela, mas eu não sabia o que significava e fui descobrir”.
Nesse livro, a jornalista Gabriela Romeu não só conta o que significa o ‘cabinha’ que dá título à obra, mas também faz um belo relato de viagem sobre as crianças da Chapada do Araripe, no sul do Ceará.
Terceiro lugar do Prêmio Jabuti 2017 na categoria Didático e Paradidático, a obra é dividida em 13 breves capítulos que são introduzidos por versos, cuja temática dá o tom da prosa seguinte: das brincadeiras na terra à corrida de jumento, da fabricação caseira de peteca à procura por Maria Fulozinha.
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