– A Ana, por favor?
Eu acabara de descer do bonde lotado e mal conseguira colocar a camisa no lugar.
– Ana de que? – devolveu a portuguesa da recepção, deixando bem claro que a entrada ao mosteiro não seria tão simples.
– Sabe o que é? A gente se falou por e-mail, trocou um monte de mensagens, mas eu não sei o sobrenome dela.
– Sem o sobrenome eu não posso ajudar – respondeu querendo encerrar a conversa e passar para o próximo. Aquela era uma das atrações mais visitadas de Lisboa e a fila atrás crescia.
– Eu sou jornalista e estou aqui a convite do escritório de turismo para fazer uma…
– Sem saber o nome completo eu não posso anunciar nenhuma Ana – me interrompeu a recepcionista.
Ensaiei o celular sem sinal, folheei papéis sem sobrenome e nada da Ana.
– Aqui tem muitas Anas – ultimou.
– Vem cá, quantas Anas tem no departamento de comunicação? – tentei mais uma vez.
– Uma só.
– Pois é com essa mesma que eu quero falar.
E ainda entrei sem pagar.
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