No sudeste da Ilha de Santa Catarina fica uma Florianópolis de acesso controlado que, de longe, lembra a muvuca de outras faixas de areia da capital catarinense.
Sítio arqueológico tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e Santuário Ecológico, a Ilha do Campeche tem menos de 2 km de extensão e uma única praia, cuja localização estratégica voltada para o continente garante mar calmo, areias brancas e tons que vão do verde ao turquesa.
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O que fazer
Segundo o Iphan de Santa Catarina, até 2014 o estado abrigava mais de 1.400 sítios arqueológicos e era o endereço dos maiores sítios do tipo sambaqui em todo o mundo. Alguns deles ficam na ilha e abrigam algumas das mais importantes inscrições rupestres do Brasil.
Champeche é dona da maior concentração de oficinas líticas (área pré-colonial de polimento de artefatos) e gravuras rupestres do litoral brasileiro, como “desenhos que lembram flechas e máscaras, símbolos geométricos, um monolito com nove metros de altura e um ponto magnético sinalizado com inscrição rupestre onde as bússolas têm comportamento alterado”.
A ilha abriga também ruínas de armação de baleia, datadas de 1772.
Além da praia de águas com tons únicos, a Ilha do Campeche pode ser explorada em trilhas monitoradas, cujas caminhadas não passam de uma hora de duração e têm diferentes graus de dificuldade.
Vale lembrar que as trilhas são pagas e só podem ser feitas com acompanhamento de monitores cadastrados.
Painéis solares
Aquele pedaço de terra de vegetação remanescente da Mata Atlântica só não combinava mesmo com o gerador a diesel liberando gás carbônico (e barulho) na atmosfera.
Recentemente, a ilha passou a utilizar painéis fotovoltaicos como fonte de energia para iluminação 24 horas por dia, conservação de alimentos perecíveis e uso de equipamentos eletrônicos. Com tecnologia Intelbras, os 18 painéis têm potência de 5,94 kWp com três controladores de carga e armazenamento feito por 48 baterias.
Para Fábio Antônio Fernandes, funcionário da ACOMPECHE (Associação Couto de Magalhães de Preservação da Ilha do Campeche), a nova tecnologia se soma a outras práticas sustentáveis na ilha, como depósito de óleo vegetal e a separação do lixo
“É um sonho se tornando realidade. Agora manteremos o abastecimento de toda a ilha com energia solar”, comemora Fernandes, que mora na ilha desde 2018.
Quando não há luz solar, durante a noite, o conjunto de baterias mantém a rede funcionando normalmente e alimenta também equipamentos como geladeiras e freezers. O sistema Off Grid permite o funcionamento autônomo do equipamento e a energia produzida é armazenada em baterias que garantem a fornecimento em períodos sem sol e durante a noite.
“Um dos propósitos desse tipo de energia é chegar a lugares isolados onde a concessionária de energia elétrica não consegue chegar”, explica Marcus Vinícius Bez Batti, analista de produtos e serviços da Intelbras.
A concessionária não consegue chegar, mas você, sim.
Como chegar
Embora o turismo na Ilha do Campeche tenha sido paralisado pela pandemia, o local recebe embarcações turísticas que saem das praias da Armação (30 minutos de navegação) ou da Praia do Campeche (5 minutos).
Diariamente, 800 pessoas podem visitar o local na alta temporada (de dezembro a março) e 770 pessoas/dia, na baixa temporada.
A ilha fica aberta para visitação entre às 9h e 17h, cujo desembarque na praia da Enseada é molhado, já que o local não conta com píer. Após esse horário, o atrativo é uma exclusividade dos associados e credenciados da ACOMPECHE, associação que mantém a única forma de pernoitar no local, em uma construção com capacidade para até 70 pessoas.
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