* texto produzido em maio de 2021
Dizem que mãe é tudo igual, só muda o endereço.
Para essas mulheres esportistas e viajantes, não só o CEP é diferente, mas a rotina também. Tem aquela que anda de skate, mergulha, aprende a surfar, faz canoagem e (ufa) até vira campeã brasileira.
O Viagem em Pauta pegou carona na prancha (e no shape) dessas super mães de rodinhas nos pés e perguntou sobre suas dicas para ficar off em tempos de família em casa.
Para celebrar o Dia das Mães, no próximo domingo, o canal OFF preparou a programação #AMãeTáOFF com reprise de episódios com mães que dividem seu tempo entre os esportes e a criação dos filhos.
A seguir, inspire-se em mulheres como Atalanta Batista, tetracampeã brasileira de longboard, e Fabiana Nigol, uma das protagonistas da longeva série “Nalu pelo Mundo” que, desde que o “explosivo” Zay chegou para colocar (des)ordem na casa, passou a se chamar “Nalu e Zay pelo mundo”.
Nos depoimentos, você conhece também a surfista Karol Knopf, que não esconde do filho os caldos que a vida dá, e a multidisciplinar Ana Paula Wehba que, entre ir ao cabeleireiro ou fazer massagem, prefere remar no mar.
VEJA DICAS DE MÃES ESPORTISTAS
LEIA TAMBÉM: “Cora Coralina: feminista e libertária”
DICAS PARA DESCONECTAR
FABIANA NIGOL
cinegrafista e mãe da Isabelle (14) e do Zay (que, há dois anos, coleciona gravetos mundo afora)
“A minha energia é recarregada quando eu estou com eles. Eu sou completamente ligada à minha família”, descreve Fabiana que, desde 2009, segue em viagem com o marido surfista, Everaldo Pato, e a filha Belinha, que recentemente ganhou o irmão Zay.
Entre as dicas para se desconectar, ela recomenda caminhadas, passeios de bicicleta e mergulho no mar (onde a quarentena permitir, claro). “Mas como estamos acostumados a fazer tudo juntos, eu sinto falta quando estou fazendo alguma coisa sozinha”, confessa.
Em tempos de pandemia, a mãe 24 horas sugere também sair para ver o pôr do sol, aprender receitas novas e fazer sessões de ioga e meditação. No aniversário de um ano do Zay, em julho de 2020, por exemplo, a família fez até piquenique na cachoeira, com direito a bolo e brigadeiro, em plena Austrália.
Aliás, não é de hoje que a família Nalu passa por aqui para falar de viagens.
Em 2014, Fabi já tinha contado no Viagem em Pauta sobre a temporada na África do Sul, onde Belinha, então com sete anos, se “embriagou” com suco de uva com balas de goma, em uma degustação para crianças em uma vinícola da Cidade do Cabo.
“Às vezes, a gente precisa de um chacoalhão para valorizar as coisas simples da vida, como um passeio para respirar ar puro. Acalma nossa mente e faz muito bem”, completa Fabiana, que recentemente perdeu a mãe e tem planos de incluir o pai nas próximas aventuras da família.
Enquanto isso, o pequeno Zay segue interessado em gravetos e em outros objetos não identificados que vai encontrando pelo caminho.
Pandemia em família
(Fabiana Nigol)
“A maior parte passamos na Gold Coast, na Austrália, onde entramos em uma rotina interessante que até então a gente não tinha vivido. Ficamos cinco meses em um apartamento, em frente a uma onda internacional que o Pato e a Bela surfaram todos os dias.
Alugamos um motorhome para conhecer os arredores da Austrália e vimos o quanto o país é bacana para crianças, especialmente o contato com a natureza.
O plano não era ter ficado tanto tempo, mas a Austrália foi um exemplo. Eles fecharam todas as fronteiras, tudo foi muito controlado e a gente praticamente viveu uma vida normal em família, saindo todos os dias.
O surfe nos ajudou muito a encarar essa pandemia. Na Austrália, por exemplo, não era preciso usar máscara na praia, e o Pato e a Bela continuaram treinando.
Durante a pandemia, viajamos também para a Indonésia, Havaí e agora estamos na Costa Rica, gravando a próxima temporada de “Nalu e Zay pelo mundo”, que está ficando muito bonita.
A gente se cuidou bastante, sempre com máscara e distanciamento, e fizemos mil testes de Covid. Deu tudo certo.”
episódio: “Nalu e Zay pelo mundo: diversão pela Austrália”
quando: 9 de maio, às 19h30
onde: Canal OFF
ATALANTA BATISTA
tetracampeã brasileira de longboard que aprendeu a surfar olhando os irmãos e, aos 16 anos,
engravidou de gêmeos.
O que a pandemia afastou, a família aproximou.
Acostumada a estar sempre na estrada por conta das competições, Atalanta aprendeu a viajar para dentro, durante a pandemia.
“Foi algo novo me acostumar a ficar em casa. Tive mais tempo de olhar para mim e cuidar da minha família”, explica Atalanta, que passou a pandemia na casa dos pais na Praia de Maracaípe, em Ipojuca (PE), junto com seu irmão mais novo e os filhos Daniel e David, 14 anos.
LEIA TAMBÉM: “O que fazer em Porto de Galinhas”
Bem que ela tentou levar mais um troféu para casa, na primeira etapa do Campeonato Brasileiro Profissional 2020, em Jericoacoara (CE), mas logo veio a pandemia e todo mundo teve que voltar para casa, no início do ano passado.
“De repente, o mundo parou e tudo o que a gente estava acostumado foi paralisado”, descreve Atalanta, que se orgulha das novas habilidades adquiridas em tempos de distanciamento, como trabalhos artesanais e culinária.
Seguindo a tendência mundial para o retorno social, Atalanta recomenda também a desconexão em atividades ao ar livre, em contato com a natureza. Para ela, isso é importante para evitar problemas de saúde tão atuais, como ansiedade e depressão.
Em busca de Atalanta
(Atalanta Batista)
“Na medida do possível, busquei me manter equilibrada porque eu estava acostumada a estar sempre viajando, competindo e em contato com as pessoas.
Como mãe, eu tenho muito sentimento de culpa e incertezas se estou conseguindo educar meus filhos da forma correta. Muitas mães sentem isso e a gente acaba se cobrando bastante, querendo ser perfeita.
Mas quando a gente quer pôr o mundo nas nossas costas, acaba criando uma carga e não sobra tempo para nos cuidar, nos amar. A gente é humana, sim, e vai errar.
A pandemia foi uma ótima oportunidade para eu perceber que eu tenho essas limitações e, por mais que eu me esforce, eu não vou ser perfeita. Eu tenho que me cuidar e me amar”.
episódio: “Contos da Mulher Aventureira”
quando: 9 de maio, às 20h30
onde: Canal OFF
LEIA TAMBÉM: “No pós-pandemia, Nordeste é preferência dos brasileiros: veja destinos diferentões”
KAROL KNOPF
mãe do Kai, 5 anos e surfista que sempre sai do mar com um sorriso no rosto
O episódio da surfista Karol Knopf é sobre fatos reais, daqueles que balançam a nossa vida, quase nos derrubam da prancha, mas seguimos firmes até voltar à praia.
Após encarar uma separação, quando o filho tinha dois anos, e uma mudança de endereço, Karol abre o coração (e a alma) para falar sobre adaptações em sua vida e na do pequeno Kai. “Esse episódio diz muito sobre essa minha jornada e a transição de ser mãe”, descreve.
Para ela, ser mãe é como ser uma leoa, “cria uma força e uma proteção” para encarar o que tiver que ser. “É um aprendizado também e acho importante, desde cedo, a criança ver a verdade sobre a vida. Educar não é fácil”, analisa.
Mas nem só de desafios se conta a história dessa esportista que traz experiências que vão da Amazônia a Palau, arquipélago na Micronésia.
Entre as dicas para desconectar, Karol recorreu a sua bagagem de viagens para criar brincadeiras com o filho e manter a rotina de treinos em casa para “não cair no sedentarismo e não criar nenhum tipo de depressão”.
“Faço, pelo menos, uma hora de treino por dia, é uma forma de terapia. E, quando não posso levar meu filho junto, deixo ele com alguém da minha família para eu ter aquela horinha de surfe”, descreve.
Nos finais de semana, Karol costuma ter mais tempo livre e consegue também “dar uma corrida”. “Eu valorizo muito esse tempo para nós, mães, mantermos o equilíbrio”.
Pandemia sem crowd
(Karol Knopf)
“Passei a pandemia em casa com a família. No início, foi complicado entreter a criança sem escola, mas tudo foi se adaptando e melhorando.
Obviamente, cria-se uma ansiedade muito grande porque mexe muito com a cabeça e os sentimentos, mas tentei manter o corpo sempre ativo.
É muito difícil dedicar um tempo para nós, mães. Principalmente quando a criança ainda é pequena e demanda muito dos pais. Mas eu sempre tentei fazer os esportes que eu gosto de praticar e manter minha rotina de treino. A criança absorve muito isso e é um jeito de estimulá-la a ter interesse pelos esportes.
Durante a pandemia, viajei para São Paulo para surfar e visitei também lugares próximos ao Rio, sempre mantendo o cuidado de evitar lugares com muitas pessoas. Mas sempre busquei destinos com natureza e praia que, naturalmente, são lugares com distanciamento social.
É isso que alimenta a criatividade, a paz interna e o equilíbrio que eu sempre busquei.”
episódio: “Baseado em Fatos Reais”
quando: 9 de maio, às 21h30
onde: Canal OFF
ANA PAULA WEHBA
diretora de negócios, canoísta e mãe do Lucca, 17 e Nina, 15 (o terceiro tem 13 anos e quatro patas)
“Não me chame para ir ao cabeleireiro, fazer massagem ou sair para fazer compras. Me chame para remar”, avisa Ana Paula sobre o que considera ser seu principal luxo.
É o remo que faz essa mãe de múltiplas jornadas se sentir off e estar 100% focada nela mesma.
“Esse é o meu momento, a minha conexão com minhas raízes e com tudo o que eu acredito. É quando eu deixo de lado o ego e a vaidade para me conectar com a natureza e com o que sou de verdade”.
E se a remada for no mar, melhor ainda, conta Ana Paula que, durante a pandemia, viajou por São Paulo, em um sítio no interior e em Juqueí, no litoral norte.
A pandemia, que ela faz questão de avisar que ainda não acabou, está sendo em sua casa em São Paulo, com o marido, os filhos e o cachorro. “Tenho tido altos e baixos. Tem dias em que sou grata por tudo e, em outros, eu acordo arrasada com todas as notícias de famílias que perderam algum ente querido”.
“Estou absolutamente reclusa, respeitando o distanciamento social, por mim, pela minha família e pelas milhares de pessoas que não podem trabalhar de casa”.
Não pira, mãe, respira
(Ana Paula Wehba)
“Todas as experiências que tive até agora com o esporte me ajudaram a não enlouquecer e a entender que corpo forte alimenta uma mente forte.
Eu não parei de treinar e mantive aulas de funcional de 2 a 3 vezes por semana. É o momento de tirar a energia concentrada na cabeça e trazer para o corpo. É a hora de suar, desopilar e colocar para fora todo sentimento ruim.
Quando os esportes ao ar livre foram liberados, voltei a remar na Represa de Guarapiranga [Zona Sul de São Paulo] porque me cura e me mantém no eixo, dentro de uma certa normalidade. Remar me faz ter um contato mais próximo com a natureza e entender que somos feitos de ciclos.
Também tive a chance de remar no mar, em Juqueí, o que me deixou ainda mais conectada com tudo o que eu acredito: o esporte me salva e a natureza me cura.
Meu episódio [no canal OFF] é um recorte muito claro de uma vida prática que dificilmente vai voltar a ser como era, com muita correria, minutos contados e sempre com muita gente em volta.
“Jornada Dupla” trouxe com clareza o que eu sou: uma pessoa focada no meu desenvolvimento pessoal, para que eu possa me tornar melhor a cada dia e entender que estamos no caminho da evolução até o dia da nossa morte.
episódio: “Jornada Dupla”
quando: 9 de maio, às 22h30
onde: Canal OFF
LEIA TAMBÉM: “Road movies para ver no streaming”
Seja o primeiro a comentar