Expoente da neovanguarda paulistana, Eduardo Kobra já foi pichador e grafiteiro. Mas, atualmente, esse muralista nascido na periferia de São Paulo faz arte pela vida.
Com cerca de 35 obras realizadas no exterior, dos Estados Unidos ao Japão, Kobra dessa vez trouxe o mundo para São Paulo, com o objetivo de homenagear os afetados pela maior crise sanitária de todos os tempos.
Após 20 dias de trabalho, atrás de tapumes para evitar aglomerações, o artista inaugurou no último dia seis de maio a obra “Coexistência – Memorial da Fé por todas as vítimas do Covid-19”, em frente à Igreja do Calvário, na esquina das ruas Henrique Schaumann e Cardeal Arcoverde, em Pinheiros (SP).
Seu mural de 28 metros de largura e sete de altura é um emocionante retrato de crianças de cinco religiões (Islamismo, Budismo, Cristianismo, Judaísmo e Hinduísmo), em uma mensagem de fé e esperança para tempos de coronavírus.
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Além da presença de Kobra, a inauguração contou com a participação de representantes de cinco religiões, como o cardeal arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer; o rabino Michel Schlesinger (Congregação Israelita Paulista); o monge Ryozan e o sheik Jihad Hammadeh.
O evento ecumênico, marcado por depoimentos e orações, foi marcado também pela presença de Iyalorixa Carmen de Oxum, do Babalorixá Karlito de Oxumarê e do pastor Gustavo Schmitt, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. VEJA VÍDEO
“Este singelo painel acentua o altruísmo de homens e mulheres que se unem no mundo inteiro para minimizar tanta dor, tanta morte e tanto pranto”, descreveu o padre Norberto Donizete Brocardo que, mais uma vez, cedeu espaço para o artista fazer mais uma obra na Paróquia São Paulo da Cruz (Calvário).
No lado direito do mural foi colocada uma caixa para que os transeuntes possam deixar bilhetes com pedidos, agradecimentos e orações.
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Arte com esperança
Essa não foi a única ação de Kobra em homenagem às vítimas do coronavírus.
Em fevereiro, o artista, que acredita que a arte é um instrumento de transformação, transformou um cilindro de oxigênio em desuso na obra “Respirar”, uma peça de 1m30 pintada como se fosse um recipiente transparente com uma árvore plantada em seu interior.
A obra foi adquirida por R$ 700 mil pela marca ONE, do Grupo VG & CO, cujo valor foi aplicado integralmente na instalação de duas usinas de oxigênio em Alvarães e Itacotiara, cidades do Amazonas, um dos estados mais afetados pela segunda onda de coronavírus, no início de 2021.
Assim como informou a assessoria do artista, vinte leitos de UTI’s seriam beneficiados com a doação, gerando 14.400 horas de oxigênio, mensalmente.
“Que o sopro da minha arte ajude a levar um pouco de oxigênio para os hospitais mais necessitados e, ao mesmo tempo, provoque a reflexão sobre a importância de manter o isolamento social e, claro, de preservar a natureza”, declarou o artista na época do lançamento.
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