Museu do Alien completa 25 anos

Embora não seja um acervo exclusivo de um dos maiores clássicos da ficção científica, é dedicado ao criador dessa figura que estreou nos cinemas, em 1979.

O artista suíço Hans Ruedi Giger é o pai da criatura, com a qual ganhou um Oscar pelos efeitos visuais do primeiro filme da franquia, ‘Alien, o Oitavo Passageiro’, e neste sábado, 24 de junho, o seu HR Giger Museum faz 25 anos de abertura no Château St. Germain, um castelo do século 13, em Grueyéres, na Suíça.

Os clichês alpinos do lado de fora parecem não combinar com o mundo surreal e perturbador em exibição no interior desse museu, a 147 km de Zurique.

E que continue assim.


O local impressiona pelo projeto visual com salas de paredes pretas e chão com hieróglifos em alto-relevo com obras de influências surrealistas, como esculturas, desenhos e pinturas monocromáticas em grande formato feitas com aerógrafo.

Em entrevista por e-mail para o jornalista Eduardo Vessoni, Carmen Giger, lamentou que os que conseguem mergulhar no mais íntimo dos trabalhos de seu esposo são vistos como “controversos ou perturbadores”.

“Seria fantástico se realmente houvesse unanimidade sobre sua arte”, diz Carmen sobre esse que é considerado um dos artistas mais ousados de sua época, porém incompreendido e, muitas vezes, rejeitado por jornalistas e artistas.

Mas, seja qual for seu grau de conhecimento artístico, o que você vai querer ver mesmo é a obra mais conhecida desse escultor, pintor e cenógrafo, morto em 2014.

Hans Ruedi Giger (foto: WIkimedia Commons)

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Museu do Alien

Como em uma tela viva em 3D, o visitante fica cara a cara com os bonecos originais criados para o ser do planeta LV-426 que alterou a rotina da tripulação da nave Nostromo.

O acervo alienígena inclui também desenhos originais feitas para Alien³ (1992), detalhes do mecanismo por trás do monstro babante que aterrizou a tripulante Ellen Ripley (personagem vivido pela atriz Sigourney Weaver), além de esculturas e quadros que fazem referências ao filme.

Obra no HR Giger Museum (foto: Eduardo Vessoni)

Nessa espécie de show room para fãs de um dos alienígenas mais lembrados da história do cinema, tem também Alien de pé, escalando paredes e pendurado no teto, e a estatueta conquistada no Oscar, em 1980.

Com trabalhos de tons sombrios e cheios de detalhes, a exposição é um convite à mente humana, em uma viagem visual em que os próprios medos e pesadelos de Giger serviram de inspiração.

Assim como o artista chegou a declarar no documentário H.R. Giger Revealed, do cineasta David N. Jahn, “as coisas assustadoras me satisfazem”, misturando assim arte e suas próprias questões psicológicas, sobretudo aquelas vividas em sonhos, pesadelos e medos pessoais.

Boneco do Alien (foto: Eduardo Vessoni)

Até hoje, seus inconfundíveis traços surreais causam fascínio, mesmo depois de mais de 40 anos do lançamento do primeiro filme da franquia. Carmen Giger acredita que isso se deve à qualidade atemporal e à honestidade da obra do marido, que fascina inclusive a geração mais jovem que não cresceu com imagens clássicas do Alien e Poltergeist II, outra contribuição de Giger para o cinema.

Outra influência importante para o artista foi o austríaco Ernst Fuchs, arquiteto, pintor, escultor, artista gráfico, desenhista, cenógrafo, compositor, poeta e fundador da Escola do Realismo Fantástico de Viena, em 1948.

Porém, sua maior inspiração parece mesmo ter vindo de dentro e teve suas próprias experiências como fonte para sua arte.

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Festa alienígena

As celebrações do 25º aniversário do HR Giger Museum acontecem neste sábado, 24 de junho, e terá programação durante todo o dia, como apresentações da banda sueca The Beauty of Gemina, conhecida pela mistura melancólica e hipnótica de blues e folk, e dos suíços da Van Garden, que fundem groovy funk, hard rock, jazz e blues.

O evento contará também com sessões de tatuagem no jardim do museu, pelas mãos dos artistas Denise del Conte e Dirk Binder, e lançamento do DVD duplo “HR Giger & F.M. Murer: Passages”, com filmes criados por Murer.

HR Giger Museum Bar (foto: Divulgação)

A data marca também as duas décadas do cenográfico HR Giger Museum Bar, no outro lado da rua.

Inaugurado em 2003 após uma reforma de quatro anos, o bar tem interior em forma de caverna e arcos que lembram um esqueleto, e as mesas de vidro são rodeadas pelas famosas cadeiras Harkonnen, outro trabalho de Giger conhecido pelos encostos que imitam uma medula espinhal.

Para estimular as sensações no bar, o artista investiu também em móveis com materiais que fazem o cliente se sentir no interior de um ser vivo, como o concreto polido que imita a suavidade de uma pele animal.

Interior do HR Giger Museum Bar (foto: Eduardo Vessoni)

A ideia de ter seu próprio museu começou em 1990, quando Giger assinou a exposição ‘Alien dans ses meubles’ (“Alien em sua mobília”, em tradução livre), no Castelo de Gruyères, situado na mesma rua que hoje abriga o HR Giger Museum.

Sete anos depois, o artista teve a oportunidade de adquirir o Château St. Germain, onde fica o atual acervo com cerca de duzentas de suas melhores obras, incluindo “The Spell” e a maioria das criações para a franquia Alien.

Atualmente, o último andar do museu guarda a coleção particular de Giger, com obras de artistas fantásticos e surrealistas.


SAIBA MAIS

HR Giger Museum

Rue du Château (Gruyères – Suíça)
Diariamente, das 10h às 18h
Ingressos: CHF 12.50 (R$ 66,57, aproximadamente)

www.hrgigermuseum.com/

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