Como é acampar na Antártica

Quem visita a Antártica pode passar meses se preparando, devorar dezenas de relatos sobre expedições aventureiras, ver horas de documentários sobre vida selvagem ou ler todos os (raros) guias turísticos sobre atrações naturais do destino.

Mas nada será capaz de antecipar a sensação de colocar os pés sobre esse que é o continente mais frio do planeta e com ventos de velocidade extrema.

E acampar na Antártica é uma das experiências mais inusitadas nesse destino a mil quilômetros do Ushuaia, na Argentina.

O editor do Viagem em Pauta, na Antártica (foto: Arquivo Pessoal)

Entre novembro e abril, quando as temperaturas são menos congelantes, o acampamento ao ar livre é uma das atividades turísticas mais inusitadas para os passageiros que visitam a região a bordo de navios quebra-gelo.

Afinal de contas não é todo dia que se tem a oportunidade de dormir sobre gelo centenário com focas como vizinhas.

Para esta matéria, o Viagem em Pauta viajou no M/v Plancius, uma embarcação de 1976 que pertenceu à marinha holandesa e, atualmente, é usada pela empresa Oceanwide Expeditions em viagens turísticas interoceânicas para a Antártica (entre novembro e abril) e o Ártico (durante o verão no hemisfério norte).

M/v Plancius (foto: Eduardo Vessoni)

O desembarque é feito de acordo com as condições climáticas, como a Paradise Harbour, na Península Antártica, um dos destinos locais mais populares e de fácil acesso deste gigante gelado de 14 milhões de km².

A viagem entre o navio e a terra firme é no final do dia, a bordo de botes infláveis conhecidos como zodiac. Cada grupo de passageiros desembarca com barraca e bolsas de dormir oferecidas pela própria tripulação, que também auxilia na (dura) tarefa de montar acampamento sob ventos fortes e neve constante que cai do lado de fora.

E o que era apenas uma imensa plataforma branca de poucos visitantes começa a se pintar com as barracas coloridas armadas aos pés de montanhas nevadas.

foto: Eduardo Vessoni

Devido às condições extremas do lado de fora, a atividade é uma experiência rápida que costuma ter início logo após o jantar e é concluída bem cedo, às cinco da manhã, quando todos são acordados pelos guias para levantar acampamento.

Outra opção de acampamento, ainda mais insana, são os buracos feitos na neve pelos próprios viajantes e que servem de… cama.

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foto: Eduardo Vessoni

Entrando numa fria
Quem encara as breves horas a céu aberto, em plena Antártica, deve demorar para esquecer aquela experiência gelada.

Com espaço reduzido para circulação sobre terreno preservado e proibições como comer ou fumar em solo, os aventureiros têm poucas opções de atividades em solo como observação de animais que costumam cruzar o caminho como pássaros e focas-de-weddell.

De resto, a melhor opção é escolher o pedaço de gelo mais confortável e ver a vida antártica passar, lentamente, bem diante dos olhos.

Como é uma viagem para a Antártica

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COMO CHEGAR

O Ushuaia, na Argentina, é o ponto de partida mais comum para quem visita o continente e tem cruzamento obrigatório da temida Passagem de Drake.

A travessia de barco dura, aproximadamente, 60 (agitadas e mareantes) horas de navegação nesse que é considerado a zona marítima com as piores condições de navegação do mundo.

As viagens costumam ser feitas em navios quebra-gelo, adaptados para fins turísticos.

Noite na Antártica (foto: Eduardo Vessoni)

Nessas embarcações, marcadas pela informalidade, não há festas com passageiros metidos em traje de gala, muito menos musicais pós-jantar. As atividades de entretenimento a bordo se resumem a workshops com especialistas em aquecimento global, geologia, vida no gelo e fotografia.

Os embarcados viajam em cabines compartilhadas entre até quatro pessoas, equipadas com banheiro e camas. Todas as refeições estão incluídas, do café da manhã ao jantar, inclusive um providencial chá da tarde para esquentar os ânimos.

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foto: Eduardo Vessoni

QUANDO IR

A curtíssima temporada turística na Antártica vai de novembro a março, quando a temperatura gira em torno de 2°C e os animais são abundantes na região.

É nessa mesma época que a região tem luz natural por quase 24 horas, uma eterna luta entre o sono e a vontade de acompanhar aquele eterno dia, do lado de fora.

VEJA WEB STORY

* O jornalista Eduardo Vessoni viajou para a Antártica a convite da Oceanwide Expeditions

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