A Antártica é o continente mais frio do planeta, tem rajadas de ventos com velocidades extremas e fica longe, muito longe (a mil km do Ushuaia, para ser mais exato). Ainda assim, tem gente que paga, e muito, para desembarcar em um dos destinos mais remotos do planeta.
Seja qual for seu roteiro, que costuma durar mais de 10 dias e tem saídas marítimas do Chile ou da Argentina, os viajantes cruzam a mal-humorada Passagem de Drake, a zona marítima com as piores condições de navegação do mundo.
Até o primeiro pedaço de terra firme são 60 horas, cujas primeiras paradas costumam ser na região da Península Antártica, o pedaço de gelo com melhores condições para turismo em todo o Continente Branco.
Nos dias seguintes, já em águas calmas antárticas, é possível navegar por canais estreitos, avistar icebergs de curvas surreais, ver fauna exibida que não hesita em se aproximar dos visitantes e protagonizar uma rotina diária de atividades, como caiaque, trekking no gelo e camping a céu aberto.
Como é a viagem?
O Continente Branco fica a mil km do Ushuaia, na Argentina, e a 1.200 km de Punta Arenas, no Chile.
Um dos destinos mais populares na região é a Península Antártica, ao norte do continente. A viagem em navios quebra-gelo entre o porto de Ushuaia e o território antártico costuma durar, aproximadamente, 60 (agitadas e mareantes) horas de viagem.
Nessas embarcações, marcadas pela informalidade, não há festas com passageiros metidos em traje de gala, muito menos musicais pós-jantar. As atividades de entretenimento a bordo se resumem a workshops com especialistas em aquecimento global, geologia, vida no gelo e fotografia.
Não é raro ter que dividir a acomodação com desconhecidos, já que os embarcados viajam em cabines para até quatro pessoas, equipadas com banheiro e camas.
Embora o inglês seja o idioma mais usado nos navios, a língua falada a bordo costuma ser a da bandeira do país de origem da embarcação. No caso do Viagem em Pauta, que viajou com a Oceanwide Expeditions, o holandês era uma das opções.
Outra particularidade é que a Antártica não é um destino de compras , exceto a agência de correio que vende alguns cartões postais ou souvenirs, em Port Lockroy, em Goudier Island. Por isso, todas as refeições estão incluídas, do café da manhã ao jantar, inclusive um providencial chá da tarde para esquentar os ânimos.
Por isso, o melhor da viagem está do lado de fora, daí a maioria dos passeios também estarem incluso na programação.
É Antártica ou Antártida?
Ambos nomes estão corretos.
De origem grega, a palavra Antártica é usada como oposto a Anti-Ártico. Já a versão latina Antártida seria uma referência à Atlântida, a lendária ilha dos tempos de Platão.
Vale lembrar que o primeiro é adotado pelo governo brasileiro, inclusive nos documentos da PROANTAR, o programa da marinha nacional para estudos científicos na região.
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Onde ir?
A mil km da Terra do Fogo, no extremo sul da Argentina, a Península Antártica é a parte mais ao norte do continente, o que garante melhores condições climatológicas e mais vida animal.
As atividades podem variar de acordo com cada embarcação e com as habilidades dos passageiros. Mergulhos, por exemplo, só podem ser feitos por pessoas credenciadas e com especialização em uso de roupa especial, conhecida como dry suite.
Alguns roteiros antárticos incluem também passagem pelas Malvinas e pelas Ilhas da Geórgia do Sul e Sandwich.
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Dá para ver animais de perto?
Mais perto do que você imagina.
Só não fique a menos de cinco metros de distância da bicharada, regra seguida à risca pelos guias que desembarcam com os passageiros e que não hesitam em chamar a atenção dos transgressores.
Com entrada controlada de humanos, e animais que parecem não se importar com a chegada de forasteiros, a Antártica é como aqueles documentários de vida selvagem que a gente pensava existir só na televisão.
Prepare-se para ver, sem nenhum esforço e a poucos centímetros de distância, aves marinhas, baleias do tipo orca e cachalote, focas sobre placas de gelo e até no acampamento ao lado, e milhares de pinguins, como os de barbicha e gentoo.
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É frio?
Explorar regiões remotas como a Antártica exige flexibilidade por parte do viajante.
Prepare-se para todo tipo de condição climática, cancelamento de atividades exteriores ou mudança de rota. O clima na Antártica é instável e, em questão de minutos, tudo pode mudar.
No entanto, o verão na costa costuma ser de 0º, embora os ventos gelados sejam responsáveis pela sensação de frio. Em outubro, por exemplo, os termômetros marcam entre -7 e 0°C .
Quando ir
A curtíssima temporada turística na Antártica costuma ir de novembro a março, quando a temperatura é mais alta e os animais são abundantes na região.
É nessa mesma época que a região tem luz natural por quase 24 horas, uma eterna luta entre o sono e a vontade de acompanhar o dia sem fim, do lado de fora.
O que levar?
Nada de improvisar com as roupas que você levou para a última viagem para Campos do Jordão. A Antártica é fria, sim, exige uso de roupas especiais para temperaturas extremas como peças térmicas, corta-ventos e impermeáveis.
Todo desembarque é um complexo processo de preparação que inclui usar botas especiais lavadas em uma solução desinfetante, e ordens rígidas para saída do barco. Por ser um destino afastado e de delicado ecossistema, é necessário também aspirar todas as roupas e utensílios que serão levados para fora, como roupas, bolsas fotográficas e tripés.
Quanto custa?
Não é barato e um pacote básico de 9 dias, sem aéreo até o Ushuaia, começa em US$ 6.300 (R$ 31.415, aproximadamente).
No entanto, não é raro encontrar promoções de última hora com descontos de mais de 50%, semanas antes do embarque. Se você tiver férias flexíveis, vale a pena arriscar deixar para se programar com menos antecedência.
SAIBA MAIS
Oceanwide Expeditions
De novembro a abril, a empresa opera na Antártica ; e no Ártico, entre junho e setembro.
www.oceanwide-expeditions.com
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