Até poderia ser uma viagem regular de trem, daquelas com vagões que balançam em ritmo hipnotizante e som melódico sobre os trilhos.
Mas para quem embarca em um Orient-Express, imortalizado por Agatha Christie no livro ‘Assassinato no Expresso do Oriente’, um deslocamento ferroviário assume status de experiência histórica.
Com trens luxuosos de estilo vintage, refeições assinadas por chefs renomados e mordomos a bordo, as viagens nesses trens são uma das experiências mais exclusivas do mundo das viagens sobre trilhos.
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Criado por Georges Nagelmackers, o Orient Express fez sua estreia no dia 4 de outubro de 1883 e, na época, era considerado o trem mais luxuoso do mundo. A primeira viagem daquele “palácio sobre rodas” partiu da Gare de l’Est, em Paris, e chegou em Constantinopla, atual Istambul, em menos de 76 horas.
Até hoje, os jantares a bordo são extremamente formais e com regras rígidas de vestimenta, como o uso de terno ou black tie para homens, e vestidos para mulheres. Este é o figurino obrigatório para fazer parte de uma das viagens mais glamorosas do planeta.
E não se paga pouco para ter tudo isso.
A viagem de uma noite na rota Paris-Veneza ou no sentido contrário, por exemplo, dura cerca de 24 horas e custa a partir de £3.210 (R$ 20.104, aproximadamente). Já de Paris a Istambul, na Turquia, a bordo do Venice Simplon-Orient-Express, dura cinco dias e custa a partir de £17.500 (cerca de R$ 109 mil).
Assassinato no trem
A escritora britânica Agatha Christie era passageira regular do Orient-Express e foi numa dessas viagens que a ‘Rainha do Crime’ imaginou uma de suas obras mais famosas.
Em 1929, seu trem proveniente de Istambul foi pego de surpresa por uma forte tempestade e ficou retido por seis dias em Tcherkesskeuy, atual Çerkezköy, na Turquia, tempo suficiente para a escritora criar tramas de mistério protagonizado pelo detetive Hercule Poirot.
Não só sobraram ideias na mente da escritora, que sempre viajava com sua máquina de escrever, como também casos bizarros de passageiros.
Com o trem desligado, a temperatura nos vagões chegou a congelantes −10 °C e um marajá teria comprado casacos de outros viajantes a um preço superfaturado para cobrir suas sete esposas. Outra história que se conta do ocorrido é a dos passageiros famintos que chegaram a trocar suas joias por ovos, em uma aldeia próxima.
Porém, assim como lembra o site oficial dedicado a Agatha Christie, aquele não seria o único incidente envolvendo a escritora e o “trem dos seus sonhos”, como ela chamava a experiência.
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Seu segundo marido, Max Mallowan, conta que, certa vez, Christie escorregou no gelo e caiu debaixo de um trem, na plataforma de Calais, na França, mas um carregador conseguiu retirar a escritora, antes que o Expresso do Oriente começasse a se movimentar.
“Foi sorte ela ter sobrevivido para escrever o livro”, conta Max.
‘Assassinato no Expresso do Oriente’ foi publicado pela primeira vez, em 1934, e até hoje é um dos clássicos da literatura mundial.
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