Nesta quinta-feira, 25 de janeiro, chega aos cinemas a animação ‘Bizarros peixes das fossas abissais’ do premiado diretor de curtas de animação, Marão.
Com as vozes de Natália Lage, Rodrigo Santoro e Guilherme Briggs, essa animação brasileira de 75 minutos conta a história de três personagens em uma jornada até as profundezas do oceano: uma mulher com superpoderes excêntricos, uma tartaruga com TOC e uma nuvem com incontinência pluviométrica.
“É um título estranho para um filme estranho. A protagonista traça uma jornada heroica em busca de algo. No caso, a heroína percorre múltiplos e distintos locais, desde a Baixada Fluminense até a Sérvia e as fossas abissais do título, para encontrar partes de um misterioso mapa”, explica o diretor e roteirista Marcelo Marão.
A obra, diga-se de passagem, é voltada para o público adulto, uma comédia de humor nonsense e super-heróis bizarros e diálogos (ainda mais) estranhos, como a protagonista, cuja região glútea se metamorfoseia em um primata ao pronunciar a frase “Minha bunda é um gorila”.
O filme levou praticamente uma década para ficar pronto, dividido entre as fases de animação (seis anos) e a de captação de recursos (quatro anos).
Em nota enviada ao Viagem em Pauta, o diretor conta também que a animação, feita sem storyboard, é uma improvisação de cenas de “um modo teatral, em ordem cronológica”.
Mas do que dirigir, Marão queria desenhar e animar ao mesmo tempo, “de preferência a maior parte do filme”, cujos desenhos a lápis no papel foram feitos por uma equipe enxuta de apenas três pessoas, Rosaria, Fernando Miller e Marcelo Marão.
VEJA TAMBÉM: “Curiosidades da animação ´Bizarros peixes das fossas abissais'”
O diretor conta também que fez seu primeiro longa da mesma lógica que seus curtas: sem model sheet, storyboard nem animatic, improvisando as cenas de um modo teatral, em ordem cronológica.
“A primeira cena do filme foi a primeira a ser animada e a última foi a última a ser animada. A narrativa e o design dos personagens evoluíam à medida que o filme avançava, assim como uma graphic novel autoral onde o design do personagem se altera com o passar das páginas. E eu não queria ‘dirigir’ enquanto uma equipe animava e desenhava. Eu queria desenhar e animar também, de preferência a maior parte do filme.”
Desde seu lançamento no ano passado, a obra já recebeu Menção Honrosa no Festival do Rio, ganhou o prêmio de Melhor Longa pelo Júri Popular do MONSTRA Festival, em Lisboa, e fez parte das programações da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e do Festival Internacional Del Nuevo Cine Latinoamericano de Havana, em Cuba.
Sobre Marão
Marcelo Marão é formado na Escola de Belas Artes da UFRJ, diretor de animação e já realizou 14 curtas metragens, além de participar de mais de 300 animações para publicidade, internet, TV e cinema.
Foi também presidente-fundador da ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação) e professor no curso de pós-graduação em animação da PUC, durante sete anos. Desde 2003 é coordenador do Dia Internacional da Animação e sócio-gerente da produtora Marão Desenhos Animados.
Com 127 prêmios, seus curtas já foram selecionados para mais de 660 festivais de cinema, em mais de 40 países.
Marão tem uma filosofia própria ao trabalhar com animação, pois gosta de improvisar, trabalhar de forma artesanal.
“Embora tenha acabado de finalizar um longa, sempre considerei o curta metragem o formato mais nobre da animação mundial”, conta o diretor, em nota enviada ao Viagem em Pauta.
LEIA TAMBÉM: “Atores também passaram fome e frio em novo filme dos sobreviventes dos Andes”
Seja o primeiro a comentar