Você pagaria R$ 5 mil num jantar com larvas, baratas e escorpiões?

Um dos eventos mais aguardados do ano, em Nova York, é o ECAD (Explorers Club Annual Dinner), jantar anual do Clube de Exploradores com um cardápio digno de um grande aventureiro (de estômago valente e com orçamento folgado).

Em 2024, o jantar de gala acontece na Glasshouse, no dia 20 de abril, cujos ingressos começam em US$ 950 (R$ 4.745, aproximadamente), sem direito à reserva de mesa, e chegam a astronômicos US$ 100 mil (R$ 499 mil), para o setor Andromeda Table, que inclui coquetel VIP e jantar privado para 12 pessoas na sede do clube.


Mas o jantar do The Explorers Club não é conhecido apenas por reunir alguns dos mais famosos exploradores do planeta, mas sobretudo pelo inusitado cardápio servido no coquetel de abertura “com aperitivos mundialmente famosos para testar sua coragem”.

Em outras palavras, prepare-se para comer canapés de larvas, baratas e escorpiões, “uma fonte de alimento deliciosa e ecologicamente correta”, de acordo com a descrição do próprio clube.

Ainda segundo a instituição, mais de duas mil espécies de insetos comestíveis são degustadas com frequência “por mais de dois bilhões de pessoas em mais de 80% dos países ao redor do mundo”.

@maloriesadventures/Reprodução do Instagram

Assim como descreve a atriz e escritora Malorie Mackey, autora da foto da iguaria acima, o evento de 2023 contou com entradinhas com escorpião, cigarra e minhoca (que ela jura ter provado cada uma delas).

“Um bom explorador não tem medo de quebrar as regras para seguir em frente. Pensamos fora da caixa”, escreveu Mackey em seu site de relatos de viagens inusitadas pelo mundo (maloriesadventures.com).

Lá nas redes sociais da corajosa moça é possível ver também baratas em espetinhos sobre uma metade de melancia, um escorpião pronto para ser devorado sobre uma folha do que parece ser uma acelga e uns vermes tostados sobre um abacaxi.

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Já na edição de 2013, no hotel Waldorf Astoria, em Nova York, a astrônoma e física Clara Moskowitz descreveu como algo “apropriadamente para uma reunião de exploradores tão intrépidos”.

O cardápio daquele jantar? Camelo assado, bolinhos de tarântula, rato almiscarado, cabra e castor. De sobremesa, bolos cobertos com grilos e larvas-da-farinha.



Clube de Exploradores

Fundado em 1904, em Nova York, o clube é um grupo multidisciplinar que reconhece pesquisas e explorações científicas ao redor do mundo, em áreas nada convencionais da exploração moderna, como arqueologia espacial e oceanografia polar.

Desde 1914, a instituição reconhece os maiores exploradores do mundo com as mais altas honrarias do mundo da exploração, cuja lista inclui nomes como Candido Rondon, o único brasileiro na categoria, nomeado em 1919 (Medalha do Clube) e em 1925 (Membro Honorário), e outros feras da exploração como Robert Falcon Scott, Ernest Shackleton, Roald Amundsen, Neil Armstrong e até o ex-presidente dos EUA, Theodore Roosevelt.

E, em 2024, o Brasil é penta.

Bandeira do Clube dos Exploradores (imagem: Domínio Público)

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Neste ano, o EC50, como a nomeação é conhecida, listou cinco brasileiros que, mais do que viajantes exploradores, têm mudado o mundo, em áreas como geologia, disseminação de sementes, design naturalista, sustentabilidade e ictiologia.

Entre eles, tem os brasileiros Fernanda Avelar Santos (geóloga e cientista marinha), Ângelo Rabelo (diretor do Instituto Homem Pantaneiro), Luigi Cani (paraquedista e dublê), Lvcas Fiat (Conservacionista e Designer Naturalista) e Luiz Rocha (ictiologista).

Porém, o EC faz questão de deixar claro que não se trata apenas de um reconhecimento de um trabalho científico em si, mas da “abordagem do explorador à resolução de problemas, à ciência de campo e à sua visão do futuro”.

“Este programa prospera, não como um monumento à glória individual, mas como um farol para o poder que temos quando estamos juntos”, declarou Richard Wiese, Presidente Emérito do clube.

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