Sem dúvida, essa viagem para a Groenlândia foi a mais complexa, ao longo desses 16 anos dedicados ao jornalismo de turismo.
Parece perto, bem ao lado do Canadá. Mas para chegar na Groenlândia, por exemplo, eu tive que encarar quatro voos.
De São Paulo, foi um voo até Londres, na Inglaterra, e mais um até Reykjavik, capital da Islândia. De lá, peguei outro voo até Akureyri, no norte islandês, e um último para o minúsculo Nerlerit Inaat Airport, em Sermersooq.
Sem falar de uma última etapa de helicóptero, um voo curto de 15 minutos sobre um dos maiores sistemas de fiordes do mundo até Ittoqqortoormiit, a cidade mais isolada da Groenlândia, na costa leste da ilha.
Geograficamente, você estará no norte do continente americano; politicamente, sobre regras e leis da Europa. Mas nem a vibrante capital da ilha, Nuuk, nos faz esquecer que estamos em um dos lugares mais remotos do mundo.
10 fatos sobre a Groenlândia
1. É a maior ilha do mundo
Com 2,16 milhões de quilômetros quadrados, incluindo outras ilhas menores, a Groenlândia tem quase 80% de sua massa terrestre coberta por uma calota polar (pelo menos, era assim até o aceleramento do aquecimento global).
2. Muita ilha para pouca gente
Segundo estimativa de 2017, esse país autônomo dentro do Reino da Dinamarca abriga uma população de pouco mais de 56 mil habitantes, o que faz dele um dos menos densamente povoados do planeta, com 0,14 pessoas por km².
3. É um país autônomo
A Dinamarca mantém colônias na Gronelândia, desde 1721, mas a ilha se tornou parte da Dinamarca, em 1953.
Porém, desde o final da década de 1970, a Dinamarca concede diferentes status de autogoverno à Gronelândia, transferindo ainda mais poder de decisão e mais responsabilidades para o país.
4. A Groenlândia, de fato, já foi verde
Em tradução literal para o português, Greenland quer dizer “terra verde”, algo bastante curioso para uma imensa terra coberta por gelo, neve e geleiras.
Porém, segundo cientistas, a ilha já foi bastante verde, há mais de 2,5 milhões de anos.
5. São 4.500 anos de História
Acredita-se que os primeiros humanos teriam chegado à Groenlândia por volta de 2.500 a.C.
Apesar daqueles migrantes terem, aparentemente, desaparecidos, a ilha foi sendo ocupada por vários outros grupos que migraram da América do Norte.
Já no início do século X, os nórdicos da Islândia colonizaram a parte desabitada do sul da Groenlândia, mas também desapareceram no final do século XV.
6. Não use a expressão ‘esquimó’
No século XIII, os inuítes migraram da Ásia e, até hoje, sua linhagem sobreviveu na Groenlândia, cuja maioria dos groenlandeses (88%) são seus descendentes diretos e tem forte identificação com os mesmos povos do Canadá e do Alasca.
Já os restantes 12% têm ascendência europeia, principalmente dinamarquesa.
E que fique bem claro, de uma vez por todas: os groenlandeses não gostam de ser chamados de ‘esquimós’, nome considerado ofensivo pela população local. O termo apropriado é inuit ou kalaallit, que na língua nativa significa, vejam só!, groenlandês.
7. Nação multilíngue
A maioria da população fala groenlandês (principalmente Kalaallisut) e dinamarquês, duas línguas utilizadas inclusive nos assuntos públicos, desde o estabelecimento do governo interno em 1979.
Aliás, palavras como kayak e iglu têm origem groenlandesa e foram adotadas por outras línguas.
Atualmente, a geração mais jovem da ilha aprende também inglês, na escola.
8. Não tem estradas
Apesar de suas dimensões exageradas, a Groenlândia não tem estradas nem sistema ferroviário conectando suas cidades.
As únicas opções, porém, são as vias dentro das cidades, mas que terminam nas periferias. Por isso, todas as viagens internas são feitas de avião, barco, helicóptero, snowmobile ou trenó puxado por cães.
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9. Onde (quase) tudo é importado
Exceto por produtos como peixes e frutos do mar, quase tudo vem de fora. Por isso, a pesca é uma indústria local importante, além da caça de animais, como baleias e focas.
De acordo com o site de promoção do turismo na Groenlândia, cada área administrativa tem uma cota de baleias, focas e peixes, de modo que não haja sobrepesca.
Por outro lado, certas espécies, como a baleia azul, são protegidas e não podem ser pescadas, e não é permitida nenhuma exportação de carne de baleia ou de foca, que devem ser consumidas localmente.
10. Terra do Sol da Meia-Noite
Anualmente, entre os dias 25 de maio e 25 de julho, a noite vira dia.
O sol da meia-noite é um fenômeno natural que tem seu auge no solstício de verão, em 21 de junho. O dia mais longo do ano é declarado até feriado nacional na Groenlândia.
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