Há 90 anos, no sertão da Paraíba, aconteceu o julgamento de um crime brutal, daqueles que de tão violento viraria endereço de peregrinação e… atração turística.
O Parque Turístico Religioso Cruz da Menina fica no município de Patos, capital oficial do sertão paraibano. Foi ali que, em outubro de 1923, o assassinato da pequena Francisca daria lugar ao turismo religioso que, até hoje, movimenta esse destino, a pouco mais de 300 quilômetros de João Pessoa.
É tanta devoção que, desde 2020, o local é declarado pelo governo Patrimônio Imaterial da Paraíba.
Filha de retirantes e entregue ao casal Absalão e Domila para escapar da seca, a menina seria explorada e espancada até a morte pela mãe adotiva, ao ir dormir sem fechar a janela.
Francisca foi colocada em um saco de estopa e jogada no sítio Trapiá, onde o agricultor Inácio Lázaro encontraria os restos mortais, três dias depois, causando revolta na população local e obrigando o casal fugir para Campina Grande.
Diz a lenda que, desde que Lázaro fincou uma cruz de madeira, no mesmo ponto onde encontrou o corpo da criança, o local passou a ser procurado com fins religiosos até que o agricultor José Justino do Nascimento fez um pedido à pequena mártir para encontrar água para salvar seu rebando.
Como pagamento da promessa, Nascimento construiu uma capela em memória da menina, inaugurada em 25 de abril de 1929.
A partir daquele dia, e com a igrejinha construída, a distante Patos se tornaria um dos principais endereços de peregrinos do estado da Paraíba.
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Construção do santuário
O julgamento do casal só aconteceria, sem condenação, 11 anos depois, em 15 de junho de 1934, seguido de outras duas audiências que não dariam em nada.
Segundo a Diocese de Patos, a injustiça só alimentava o interesse de fiéis e peregrinos que começaram a ter a menina como santa, depois que um estadunidense foi curado, ao levar até Patos um ex-voto com uma réplica de seus pés.
O Santuário só seria entregue à população, em outubro de 1993. Atualmente, esse parque sagrado, às margens da BR-230, abriga salas de velas e de milagres, capela, museu, anfiteatro e um Cruzeiro.
Em julho, a cidade recebeu uma equipe técnica do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para mapear os patrimônios cultural e imaterial não só de Patos, mas de toda a Paraíba, como literatura de cordel, bandas de pífanos e até a produção de cachaças.
Entre as construções de valor histórico, cadastradas pelo IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba) estão as igrejas da Conceição e de Nossa Senhora da Guia, o Palácio Clóvis Sátiro e o Parque Religioso Cruz da Menina.
CACHAÇA NA PARAÍBA
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