Com os preços elevados na vizinha Argentina e com a maior oferta de voos do Brasil, o Chile entrou para a lista dos lugares mais procurados pelos brasileiros, em viagens internacionais.
Inclusive, alguns veículos de comunicação já estão chamando Santiago de “a nova Buenos Aires”, colocando a capital chilena como alternativa mais econômica.
O resultado, de acordo com o jornal O Globo, é uma maior procura por pacotes em agências como a CVC, onde houve um crescimento de 19%, em relação ao mesmo período do ano passado, além de uma maior oferta de voos. Só a Latam, por exemplo, passou de 136 voos por semana, em 2024, para 168, em 2025.
E, se você está podendo gastar em moeda estrangeira, por que não desempacotar aquele velho sonho de cruzar os Andes e, por fim, visitar o Chile? Afinal de contas, neve, florestas patagônicas e boa comida com vinho também tem do lado de lá das montanhas, po.

PATAGÔNIA
Na região mais austral do continente, a Patagônia é uma das áreas com menor densidade demográfica do planeta. Ou seja, é mais fácil encontrar pinguins e leões marinhos do que gente.
O Chile tem o menor trecho patagônico, em comparação com a Argentina, algo em torno de 240 mil km² de um total de cerca de um milhão de km², e é marcado pela geografia mais isolada e inóspita de toda a região, cujos cenários vão de estepes a abundantes áreas verdes.
O atrativo mais visitado é o Parque Nacional Torres del Paine, a 1h30 de Puerto Natales.
A atração mais famosa do parque é a Trilha Base Torres, uma caminhada exigente de 22 quilômetros (ida e volta) que coloca o visitante aos pés do maciço de granito moldado pelo gelo glacial que dá nome a essa área preservada.
Prepare-se para sentir na pele, literalmente, o que significa estar em terras tão isoladas. Em questões de minutos, tem sol, garoa, vento, templo nublado, sol outra vez, neve, céu claro e mais um pouquinho de sol.
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CARRETERA AUSTRAL
A estrada tem 1.240 km de extensão e é uma atração turística por si só.
Entre os lagos gelados de Porto Montt, marco zero da estrada, e os bosques sempre-verdes da Patagônia chilena, o viajante passa por rios, vales, geleiras, glaciais suspensos, parques nacionais e formações rochosas milenares em meio a um lago de águas azuladas.
Seus atrativos mais famosos são o Ventisquero Colgante, no Parque Nacional Queulat, e a Capilla de Mármol.

O primeiro fica a 195 km de Puerto Chacabuco e a 165 km ao norte de Coyhaique. Essa língua de gelo suspensa sobre uma montanha pode ser vista em uma trilha curta (1.200 metros, ida e volta) até a Laguna Témpanos, onde é possível tomar um bote para se aproximar do glacial.
Já o Santuario de la Naturaleza Capilla de Mármol é conhecido pelas rochas milenares de mármore, esculpidas pelas águas do lago General Carrera. Os passeios de barcos saem da distante Puerto Río Tranquilo, a 218 km de Coyhaique.
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CHILOÉ
Esse arquipélago é o Chile que a gente custa a acreditar que existe.
A segunda maior ilha do país tem atividades de aventura, trilhas em cenários surreais e igrejas de madeira que são patrimônio da humanidade.
Um dos cenários mais surreais podem ser vistos na trilha Duhatao-Chepu, em Ancud, no noroeste de Chiloé. São 9 km de caminhada de dificuldade alta, passando pela Cordilheira da Costa, uma das formações mais antigas do Chile, e cruzando bosques sempre-verdes, mesmo no inverno, e colinas de acesso à praia do Rio Chepu.
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A caminhada pode ser combinada com uma navegação pelo Bosque Alagado, resultado do poderoso terremoto que atingiu Chiloé, em 1960, considerado o mais potente do mundo.
De magnitude 9,5 e seguido por um tsunami, o fenômeno teve epicentro na cidade de Valdivia e alterou o percurso de rios de Chiloé. É daí que surge esse bosque alagado, que pode se visitado em passeios de barco pelos braços interiores do Rio Chepu que, após o cataclismo de 1960, tornou-se um dos mais extensos de Chiloé.
LAGOS ANDINOS
Criada em 1913 pelo suíço Ricardo Roth, responsável pelo primeiro cruzamento com fins turísticos na região, a Travessia dos Lagos é uma viagem de sete etapas (lacustres e terrestres), com duração de até três dias, entre Puerto Varas (Chile) e San Carlos de Bariloche (Argentina).
A viagem começa em Porto Varas, a mais de mil quilômetros de Santiago, e segue em ritmo lento por uma sequência única de paisagens que inclui lagos de origem glacial, vulcões adormecidos de picos nevados, florestas centenárias, povoados minúsculos e bosques de lengas e alerces andinos.
E, para ver tudo isso do seu melhor modo, os passageiros contam com 10 diferentes opções de roteiros.

O mais popular deles, porém não recomendado pelo Viagem em Pauta, são as travessias express do Chile para a Argentina ou no sentido inverso, uma viagem puxada que passa por três lagos conectados por quatro trajetos terrestres, entre Puerto Varas no Chile a Bariloche.
É cansativo, é exigente e num ritmo apressado que pouco combina com a Patagônia. Por isso, a dica é contratar as travessias de dois dias com pernoite em Peulla, uma vila ecológica isolada com apenas 120 habitantes.
As viagens, que podem ser combinadas com trechos de ônibus e até de bicicleta, são realizadas durante todo o ano.
ATACAMA
Tendência do turismo em 2025, segundo pesquisa do site Booking.com, San Pedro de Atacama é a cidade base para quem visita o Deserto do Atacama, no norte do Chile.
O destino tem uma das geografias mais extremas da América do Sul: é endereço do deserto mais alto do mundo, seu solo é comparado ao de Marte e a chuva por ali é rara.
A capital arqueológica do país é conhecida também como “os olhos do universo”, cujos céus são um dos mais limpos do hemisfério sul, daí outro título: Capital Mundial da Astronomia, devido às condições para a observação de fenômenos astronômicos.

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