Diz a lenda que Leonardo da Vinci teria cruzado os Alpes sobre uma mula, com Mona Lisa debaixo do braço e tudo, para atender a um convite do então rei da França, Francisco I.
A travessia, que levaria semanas, marcou não só seus últimos anos de vida como também deu início a uma nova era para a história das artes francesas.
Considerado a última morada de Da Vinci, o Vale do Loire é o berço do Renascimento Francês, financiado por reis da região que teriam se encantado com esse movimento artístico que surgira na Itália. O resultado, atualmente, é a maior concentração de castelos do mundo, em um corredor histórico de 280 quilômetros de extensão.
Das cerca de mil dessas construções que começaram a ser erguidas como refúgio de reis que fugiam da Paris invadida pelos ingleses, na Guerra dos Cem Anos, entre os séculos 14 e 15, trezentos deles estão abertos para o público.
Nessa região no centro-norte da França, a menos de duas horas de Paris, é como ter quase um castelo para visitar por dia, ao longo de um ano inteiro. Tem castelo para visitar, para passar a noite e até para fãs de desenhos animados, em cidades medievais que levam o visitante para tempos distantes.
Essa rota histórica é conhecida também por seus 800 quilômetros de vinhedos (280 deles inscritos como Patrimônio Mundial da Unesco, entre Sully-sur-Loire e Chalonnes-sur-Loire).
Castelos no Vale do Loire
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CHAMBORD
A cerca de 1h40 de trem de Paris e próximo a Blois, essa construção de mais de 500 anos é o castelo mais visitado da região e impressiona por suas dimensões.
Seu interior imponente tem 300 lareiras e mais de 400 dependências (90 delas abertas à visitação) e seu projeto inspirado nos trabalhos de Leonardo da Vinci é uma mescla de estilos arquitetônicos francês e italiano.
Rodeado por uma floresta de cinco mil hectares, o castelo é famoso também pela escadaria em espiral dupla, assinada por Da Vinci, que permite que os visitantes subam por rampas geminadas, sem se encontrarem.
CHEVERNY
A 15 km de Blois, essa construção inspirou o cartunista belga Hergé na ambientação de algumas das aventuras do jovem repórter Tintin.
A primeira referência a esse castelo fortificado, construído por Raoul Hurault, é de 1315 e é considerada uma das poucas construções do gênero que ainda está habitada, onde o herdeiro mora com sua esposa Constance du Closel e os três filhos do casal.
Mas o melhor ainda é o museu Les secrets de Moulinsart, onde fica a exposição permanente com cenário e salas que remetem aos quadrinhos de Hergé.
Assim como explica a guia Stéphanie Le Donne, o cartunista se encantou com o castelo, durante suas férias na região e pediu autorização da família para usar a construção na criação do Castelo de Moulinsart, cenário das histórias de Tintin.
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CHAUMONT-SUR-LOIRE
Mais do que uma bem preservada construção do ano 1000, o Castelo de Chaumont-sur-Loire é conhecido também pelos bem cuidados jardins que abrigam, anualmente, o Festival Internacional dos Jardins, onde são expostas intervenções artísticas e paisagísticas.
Aliás, se esse for mais um castelo no seu roteiro pela região, vale focar apenas nas áreas externas, onde a arte contemporânea dá outros tons a essas construções medievais. O Vale do Loire é conhecido como ‘Jardim da França’, devido aos trabalhos feitos nas áreas externas.
A 185 km de Paris, a viagem de trem entre as estações Paris-Austerlitz e Onzain / Chaumont-sur-Loire dura cerca de 1h40.
REAL DE BLOIS
Vizinha ao Chaumont-sur-Loire, a cidade de Blois é endereço desse castelo do século IX, a 180 km de Paris.
Essa construção que mescla estilos gótico, renascentista e clássico abriga um acervo com 35 mil obras, cujo destaque são as salas encobertas por pinturas em todas as paredes, em substituição à antiga tapeçaria original.
Em outras palavras: por onde se olhe, uma vez no pátio interior, a sensação é de visitar quatro castelos diferentes, em um mesmo endereço.
REAL DE AMBOISE
Do quarto onde morou, no vizinho Clos Lucé, Leonardo da Vinci tinha vista para uma das construções mais famosas de Amboise.
Residência de Francisco I, daí o título de ‘berço do Renascimento francês’, o Castelo Real de Amboise tem vista exclusiva do rio Loire e foi ponto estratégico em tempos de disputas na região.
Um dos destaques é a bela capela de Saint Hubert que guarda os restos mortais de Leonardo da Vinci, sob uma construção do século 15, em estilo gótico.
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