Conheça a ilha remota onde morreu Napoleão

Olhando para aquele homem doente, cuidando de hortas e jardins, a gente nem poderia imaginar seu agitado passado militar.

A ilha de Santa Helena é uma das mais remotas do planeta. E foi para lá que mandaram o temido Napoleão Bonaparte.

Durante seus últimos cinco anos e meio de vida, Napoleão passou recluso nesse Território Ultramarino Britânico, uma espécie de fortaleza natural, a cinco dias de navio da Cidade do Cabo, na África do Sul, uma localização perfeita para o exílio de prisioneiros.

Isolado em uma casa no distrito de Longwood, após ser derrotado na Batalha de Waterloo, o líder militar francês esteve sob olhares de soldados britânicos até morrer de câncer no estômago, em 1821.

santa helena2
foto: sthelenatourism.com/Reprodução

Napoleão Bonaparte

Atualmente, a ilha tem a história de Napoleão como seu principal atrativo turístico, bem na porta de casa. Mas difícil mesmo é chegar ali.

Só para ter uma ideia, o pedaço de terra mais perto é a Ilha de Ascensão, no Atlântico Sul, a 1.125 km de distância. Já a América do Sul fica a 2.900 km dali.

Nessa ilha de origem vulcânica, os ventos são tão fortes que a primeira operação aérea comercial só aconteceu em 2017, quando um Embraer 190 provou dar conta da ventania.

1_Napoleon_sainthelene
imagem: Domínio Público

VEJA TAMBÉM: “A incrível travessia do oceano Pacífico numa jangada”

Hoje em dia, os poucos visitantes que encaram a viagem até Santa Helena são recebidos com atividades turísticas como mergulho e snorkeling em águas de até 40 metros de visibilidade, 21 caminhadas entre 1,5 km e 12 km, e, claro, muita história sobre o “hóspede” mais famoso da ilha.

Sobre um platô desprotegido dos ventos violentos fica a Longwood House, a última morada do militar, uma casa confortável com dois quartos, banheiro, varanda, salas de jantar e de estar, mesa de sinuca e biblioteca.Aliás, dizem, Napoleão teria feito dois furos com uma na persiana da casa-presídio para acompanhar a movimentação dos soldados do lado de fora.

2_napoleao
foto: Domaines nationaux français à l’île de Sainte Hélène

Foi ali que o imperador francês aproveitou também para ditar suas memórias, projetar o famoso jardim que circunda a casa até hoje e cuidar da horta particular, cujo excedente era compartilhado com os britânicos.

Embora seus restos mortais estejam sob a cúpula do Palácio dos Inválidos, em Paris, Napoleão Bonaparte pode ser relembrado numa cripta aberta à visitação pública e rodeada por 12 ciprestes em memória aos 12 anos de Guerras Napoleônicas.

Após uma longa negociação com o Reino Unido, a França adquiriu as duas propriedades relacionadas à história de Napoleão e, desde 1858, mantém um representante francês na ilha para administração das propriedades.

LEIA TAMBÉM: “O que viajantes famosos têm a nos dizer sobre desastres ambientais?”

Charles Darwin

Ao retornar de sua famosa viagem científica de volta ao mundo, entre 1831 e 1836, esse jovem cientista fez uma parada de quatro dias em Santa Helena, onde mal pôde ver uma árvore.

Naquela época, a ilha já via o verde ser substituído, pouco a pouco, por uma aridez desoladora, causada pela alta demanda de lenha para os primeiros colonos e introdução de cabras e porcos selvagens, a partir do século XVII.

Nas palavras do próprio Darwin, era como um castelo negro que “se eleva abruptamente do oceano”.

imagem cedida por L&PM Editores


A situação naquelas terras semidesertas só começaria a mudar nos últimos 20 anos com o projeto The Millennium Forest (“A Floresta do Milênio”, em português) que, desde 2000, recupera a devastada Great Wood, uma extensa área no nordeste da ilha com abundância da endêmica gumwoods (Commidendrum robustum).

Gerenciado desde 2002 pela Saint Helena National Trust, uma organização sem fins lucrativos com apoio da Darwin Initiative e do programa BEST da Comissão Europeia, o projeto teve quatro mil árvores plantadas em seu primeiro ano de funcionamento.

Darwin ficaria satisfeito se voltasse a Santa Helena, mas Napoleão, certamente, nunca mais gostaria de colocar seus pés ali.

LEIA TAMBÉM: “O dia em que Charles Darwin visitou o Brasil”

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*