Desde 2012, cinco de junho é o Dia da Cerveja Brasileira, data em homenagem a Rupprecht Loeffler, um dos mais importantes e influentes mestres-cervejeiros do Brasil.
Já Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, foi declarada “Berço Imperial da Cerveja”, em 2024.
Taí duas boas desculpas para gente tomar uma (sempre com moderação, claro).
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Cerveja brasileira
A cerveja é uma das bebidas mais consumidas no Brasil, contribuindo fortemente para a economia nacional.
De acordo com dados do Siscomex (Sistema de Comércio Exterior), o país é o terceiro maior fabricante mundial, com uma produção de 14 bilhões de litros por ano, em mais de 1,8 mil estabelecimentos.
Um dos destaques da indústria cervejeira nacional é Petrópolis, a pouco mais de 60 quilômetros da capital do Rio de Janeiro. Por ali, a bebida se tornou símbolo da cidade e se destaca como um dos maiores atrativos turísticos da Região da Serra Verde Imperial.
O destino, com mais de 20 fábricas da bebida, abriga a primeira cervejaria do Brasil, onde a Bohemia foi fundada, em 1853. Aliás, o local conta com um tour cervejeiro com visitação auto-guiada e degustações direto da fonte.
“É fundamental que os destinos se posicionem quanto a seus produtos gastronômicos, na medida em que se constituem importantes diferenciais competitivos e fatores de desenvolvimento e fortalecimento do turismo e dos produtos associados ao turismo”, analisa em nota, o ministro do Turismo, Celso Sabino.
São Paulo do lúpulo
De acordo com o Anuário da Cerveja 2024, São Paulo tem o maior número de cervejas registradas e de estabelecimentos em todo o Brasil.
Só no ano passado, foram contabilizadas 410 cervejarias paulistas, um marco histórico, com um crescimento anual de 5,9% e uma participação de mercado nacional de 22%.
Mas para a gente começar a conversar, vale lembrar que quatro ingredientes fundamentais, segundo a Lei da Pureza da Baviera, fazem parte da produção de uma cerveja: água, malte, leveduras e lúpulo.
“[O lúpulo] é o ingrediente agrícola mais valioso na produção, responsável por conferir amargor, aroma e sabor, além de ter propriedades antioxidantes, que atuam como conservantes naturais do produto”, explica Daniel Leal, vice-presidente da Aprolúpulo (Associação Nacional dos Produtores de Lúpulo).
Só no ano passado, o Brasil produziu 88 toneladas de lúpulo, mais de 200% acima do registrado em 2022. Em 2024, a associação espera se tornar o maior produtor desse ingrediente em toda a América Latina.
No entanto, segundo dados levantados pela Aprolúpulo, faz menos de uma década que a cultura do lúpulo começou a ser implementada no país, onde cerca de 99% da produção ainda é importada de países como Alemanha e Estados Unidos.
Assim como explica o agricultor Murilo Ricci, do município de Aguaí (SP), a ausência da cultura do lúpulo no Brasil “se devia às condições climáticas de carência de frio e excesso de calor”. Mas, na última década, experimentos indicaram que se tratava de uma “menor carga horária de insolação”, comparados aos climas temperados.
“Para contornar isso, fizemos trabalhos de suplemento com iluminação artificial”, diz Ricci, em nota enviada ao Viagem em Pauta.
Apesar do estado de Santa Catarina liderar em volume, São Paulo tem a maior quantidade de áreas cultivadas de lúpulo.
Por aqui, são 27 produtores oficiais, cuja produção anual é de 14,5 toneladas, em uma área de 24,4 hectares com mais de 46 mil pés.
“São Paulo já mostrou que pode ser uma potência mundial no cultivo do lúpulo pelas suas características de solo, água abundante, clima favorável, fotoperíodo e infraestrutura de fornecimento de energia elétrica e logística”, avisa o agricultor paulista.
As variedades comerciais apresentam características particulares quanto ao amargor e ao aroma presentes nos cones, elementos essenciais na composição dos diferentes tipos de cervejas, que levam alguns dos principais tipos de lúpulo: Alpha Aroma, Cascade, Centennial, Chinook, Columbus, Comet, Crystal, Hallertau Magnum e Hallertau Mittelfrueh.
Para Márcio Maciel, presidente do Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja), os fatores para o crescimento, entre tantos outros, são o clima que favorece o consumo da cerveja e o preço, “quanto mais cervejarias, mais disputa comercial”.
Rotas de cerveja no Brasil
Segundo números do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em 2023, o país contava com mais de 1,5 mil cervejarias registradas e eventos de peso, como a Oktoberfest, em Santa Catarina.
Entre as opções brasileiras estão a Rota Cervejeira do Rio de Janeiro, que reúne 23 produtores da bebida, em cidades como Petrópolis, Nova Friburgo, Teresópolis, Cachoeiras de Macacu e Guapimirim.
Santa Catarina é outro estado indicado para os apreciadores da bebida, que contam com tours em destinos como Ibirama, Brusque e Blumenau, sede da Oktoberfest.
Já o título de Capital Nacional de Cerveja Artesanal fica para Curitiba, no Paraná, endereço de mais de 30 cervejarias do tipo, algumas delas com tours para conhecer o processo de fabricação, como as do bairro Guabiruba.
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