Guia leva “turistas” ao local do acidente aéreo nos Andes, 50 anos depois

Até os pés das serras de San Hilario, nos Andes chilenos, são cerca de seis dias de caminhada ou a cavalo.

Atualmente, o local guarda uma cruz de ferro sobre os destroços, em homenagem aos passageiros mortos no trágico acidente aéreo que tirou a vida de 29 pessoas, de um total de 45 pessoas.

E se para alguns o acidente aéreo nos Andes seria motivo de esquecimento, para outros, é um momento de lembranças (inclusive para quem estava lá).

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foto: Mauricio Guerra

Desde 2016, aproximadamente, o piloto privativo e guia de montanha Mauricio Guerra organiza tours até o Vale das Lágrimas, onde aconteceu o trágico acidente no dia 13 de outubro de 1972.

Neste link você pode ler os depoimentos atuais de dois sobreviventes.

SAIBA MAIS: “Sobreviventes dos Andes contam como foi acidente, 50 anos depois”

Assim como Mauricio contou para o jornalista Eduardo Vessoni, em entrevista por mensagens de áudio, a expedição começa em Malargüe, em Mendoza, na Argentina, devido às melhores condições de logística e de segurança.

“O visitante vai estar a 5.400 mil metros de altitude, aproximadamente. A ideia é compartilhar com os clientes a experiência de uma grande subida, obviamente com toda a segurança que exige esse tipo de atividade”, conta Mauricio.

Para ele, mais do que preparo físico, a experiência é um encontro espiritual, em um vale com uma energia potente.

Mauricio Guerra no local do acidente (foto: Arquivo Pessoal)

A viagem, que inclui cruzamento de rio e acampamento na neve, leva os visitantes até o local do acidente, onde ainda é possível encontrar destroços do turboélice bimotor Fairchild fretado da Força Aérea do Uruguai para levar jogadores de rugby do Old Christianss Rugby Club do colégio Stella Maris, escola em Carrasco, bairro de classe média alta em Montevidéu.

O vale abriga também uma cruz de ferro, posta nos Andes em homenagem aos mortos.

Desde que viu pela televisão as primeiras notícias do acidente, quando tinha cerca de 8 anos de idade, Mauricio não conseguiu mais tirar aquelas imagens da cabeça.

Por isso, anos mais tarde, esse chileno decidiria ser piloto para entender o que havia acontecido entre aquelas montanhas mortais, entre o Chile e a Argentina.


“Eu tinha que ir além daquela história, por isso me tornei piloto. Essa história me influenciou em todos os sentidos”, conta Mauricio.

Mas quando ele e sua equipe procuraram Fernando Parrado, esse sobrevivente dos Andes achou que estavam loucos. Sem nenhuma experiência em atividades de montanhas, Mauricio só conseguiria, por fim, chegar ao local do acidente, no ano seguinte.

Os detalhes do roteiro e datas das próximas saídas para o Vale das Lágrimas podem ser consultados no site da agência de Mauricio.

Mauricio Guerra no Vale das Lágrimas, no Chile (foto: Arquivo Pessoal)

Local do acidente aéreo nos Andes

Essas, porém, não foram as únicas expedições até o local.

Desde que os sobreviventes Daniel Fernández e Roy Harley organizaram a primeira viagem, em 1995, várias outras foram feitas até o local do acidente.

Em janeiro deste ano, o sobrevivente Gustavo Zerbino, que já esteve no vale cerca de 15 vezes, voltou ao Vale das Lágrimas com a esposa e os filhos.

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foto: Arquivo Pessoal

Além de um padre para rezar uma missa, a comitiva levou também água e terra de Mendoza para os mortos e uma placa em memória aos 50 anos do acidente.

“Cada viagem é diferente. 25 anos depois fomos todos para ver se a mente dizia a verdade sobre o que tínhamos vivido”, conta Zerbino, que chegou a dormir no mesmo lugar onde o avião caiu, em 1972.

Embora para alguns isso possa soar mórbido, para o guia Mauricio é uma espécie de resgate.

Para ele, a maioria das pessoas que o contrataram para a expedição o fez como uma conclusão de algum capítulo da vida, um reencontro “com algo de sua história”.

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