Paraíba ganha parque de aventura para iniciantes

Nascido e criado na área rural de Araruna, o experiente ‘Seu’ Tico vai logo avisando:

– É só chapar o pé na pedra e subir.

A 165 km de João Pessoa, esse município no limite com o Rio Grande do Norte fez do seu entorno rochoso cenário para atividades de aventura.

E antes mesmo da ex-BBB Juliette encarar o pêndulo humano na Pedra da Boca, o atrativo natural mais famoso do destino, já tinha gente disposta a elevar o nível de adrenalina dos visitantes.

Parque Estadual da Pedra da Boca (foto: Eduardo Vessoni)

Um dos pioneiros do turismo de aventura por ali é o guia de montanha e alpinista industrial Julio Castelliano. Quando ele não está nas alturas fazendo a manutenção de algum empreendimento, está com a cabeça nas… alturas.

“Cheguei aqui numa bicicleta e morei dois anos numa barraca. Eu sabia que Araruna tinha potencial para crescer. Comecei devagarinho, fazendo pontos de rapel”, lembra esse carioca de 50 anos, instalado na Paraíba, há mais de duas décadas.

E assim, de ancoragem em ancoragem, Julio acaba de travar seu mosquetão na mais nova atração dessa cidade considerada a “Capital Nordestina do Turismo de Aventura”.

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A 23 km do centro de Araruna (ou 12 km por uma estrada de terra batida), o Parque do Rinoceronte é um amigável complexo de aventura para quem não tem nenhuma experiência com atividades do gênero.

Em uma área de cerca de dois mil m², o circuito começa com uma mini via ferrata e segue com rapel e escalada em pequenos paredões de granito. A experiência inclui ainda uma ponte de três cordas e até um inusitado surfe sobre aquele mundo pedra.

“Esse parque é uma iniciação ao montanhismo para as crianças começarem a pegar gosto pela natureza e sair do shopping center, largar um pouco o celular e o vídeo game”, explica o idealizador desse parque de aventura.

Julio Castelliano, idealizador do novo Parque do Rinoceronte (foto: Eduardo Vessoni)

Parque de aventura

Ancorado na sua experiência que já o colocou a mais de 100 metros do chão, numa inspeção de um prédio em Natal (RN), Julio é o cabra por trás da segurança e da instalação das atividades do parque de aventura.

O circuito começa com uma pequena trilha curta de 50 metros por uma via ferrata, sistema que permite caminhar preso por cordas que deslizam em um cabo de aço, via mosquetões clipados ao visitante.

Via ferrata no Parque do Rinoceronte (foto: Eduardo Vessoni)

“É uma atividade para escaladores não profissionais, voltada para aqueles que querem um primeiro contato com a montanha e aprender sobre procedimentos de segurança”, descreve Julio.

A uma altura inocente de dez metros, o participante vai vendo o Agreste Paraibano passando sem pressa, debaixo dos pés, enquanto pega confiança e se acostuma com aqueles equipamentos todos.

Julio, porém, é mais do que um alpinista com a cabeça nas alturas.

Seu trabalho de condução de turistas é sempre acompanhado de um didatismo que, mais do que acalmar iniciantes, explica os procedimentos de forma simplificada para que o visitante tenha controle de cada uma das etapas das atividades.

Por isso, a gente sai dali sabendo, sem muito esforço, sobre termos como mosquetões, clipagem e fracionamento de cordas.

Trilha de acesso à Pedra da Boca (foto: Eduardo Vessoni)

“Aqui no parque eu consigo reunir todos os perfis de turistas. Dá para fazer atividades com crianças, jovens, adultos e também com a Terceira Idade”, avisa o alpinista.

E, a cada etapa vencida desse circuito com cinco atividades diferentes, nunca se sabe se é a criança que vira adulto ou se é a gente que vira criança.

Na sequência, em uma pedra vizinha, é feito um rapel de 15 metros de extensão que leva à terceira atividade do parque, a chacoalhante ponte de três cordas com 30 metros de extensão.

A 10 metros do chão, o participante “anda num ponto só com os pés” e seu equilíbrio é garantido “mais pelos braços” do que pelas pernas.

Ponte de três cordas, no Parque do Rinoceronte (foto: Eduardo Vessoni)

Já a etapa seguinte é uma escalada semelhante àqueles paredões indoors com garras artificiais, em que é preciso subir segurando em pontos de apoio coloridos que dão diferentes graus de dificuldade à essa atividade a 15 metros de altura.


Surfe na pedra

Quando o Viagem em Pauta esteve no Parque do Rinoceronte, no último mês de outubro, Julio tinha acabado de inaugurar seu mais novo brinquedinho.

Um dia, olhando para a prancha de resgate usada em treinamentos para bombeiros, Julio decidiu que era hora de criar algo diferente.

– A princípio seria uma ponte, que já é tradicional nos arvorismos em parques de aventura. Daí eu pensei, rapaz, se eu pendurar essa prancha e amarrar feito um carrinho, vai virar uma prancha de surfe nas cordas, descreve.

Nascia então a quinta atividade do parque, o “surfe nas pedras”, com direito a dropadas, manobras aéreas e até uns caldos a 15 metros de altura. Mas com toda a segurança pois o participante também realiza a travessia preso por cordas.

Surfe na Pedra (foto: Eduardo Vessoni)

O surfe agreste é feito em uma ponte com 30 metros de extensão e o movimento da prancha se dá pelo deslizamento das mãos nas cordas.

– A montanha é um lugar que vicia e aqui pode ser o primeiro contato da criança com isso, analisa Julio.

No Parque do Rinoceronte é tudo tão seguro e controlável que os primeiros sintomas de abstinência aparecem assim que a gente faz a primeira curva na estrada de volta para a cidade.

VEJA FOTOS DO PARQUE DO RINOCERONTE

* para ampliar, clique aqui

Além do parque de aventura

Tudo isso começou com um sonho.

– Deitado na rede de casa, eu vi um vulto, algo como um balanço. Quando acordei, pensei que aquilo podia ser uma possibilidade [de atividade de aventura], conta Julio, que também administra essa atração fora do parque de aventura.

Bastou analisar ângulos, montar um sistema que levasse a pessoa para trás, uma polia como trava e outro sistema para tirar o aventureiro do chão.

E pronto….

Julio dava vida à atração mais procurada de toda a região, o alucinante pêndulo humano em que o visitante balança na boca de uma rocha em forma de sapo, a mais de 300 metros de altura.

foto: Eduardo Vessoni

Realizado no Parque Estadual da Pedra da Boca, uma área de 160 hectares, o Balanço da Boca é combinado com uma trilha, cujo retorno pode ser também por rapel.

– É tudo na gravidade, não tem impacto porque é um balanço, tranquiliza Julio antes da contagem regressiva que nos faz flutuar sobre o agreste.

Para garantir toda a segurança, a atividade é feita com um sistema de três cordas e pontos de ancoragem superiores que distribuem o peso do participante.

– É mais seguro do que subir por aquela corda, compara o instrutor, apontando para um dos corrimãos usados como apoio durante trechos da trilha íngreme de 600 metros de extensão até a boca da pedra.

Nesse imenso balanço, é como começar a brincadeira na Paraíba e terminar no Rio Grande do Norte.

– Mas o turista gosta tanto da Paraíba, que ele volta, brinca o idealizador.

Parque Estadual da Pedra da Boca (foto: Eduardo Vessoni)

Já o incansável ‘Seu’ Tico até tenta me convencer a fazer mais.

– Temos todo tipo de trilha aqui. Tem umas que são “faca na caveira” mesmo, que é rastejando e passando por umas grutas. E temos também as mais suaves, descreve.

Mas as pernas bambas só querem mesmo voltar pro hotel.

CONFIRA VÍDEO

SAIBA MAIS

Parque do Rinoceronte
(área rural de Araruna, ao lado do Parque Estadual da Pedra da Boca)

De quinta a domingo, das 9h às 18h

ingresso: R$ 50 por pessoa

www.instagram.com/balancodaboca

ONDE FICAR

Divulgação

Céu da Boca
Essa simpática pousada fica no mesmo terreno do Parque do Rinoceronte e conta com dois chalés e três apartamentos decorados com materiais naturais da região.

Tem também cozinha externa compartilhada exclusiva para hóspedes, equipada com fogão, geladeira, e utensílios domésticos.

Diárias a partir de R$ 100 por pessoa (sem café da manhã, que pode ser adquirido no restaurante do Seu Tico, a 800 metros da pousada). SAIBA MAIS


Divulgação

Spazio da Pedra
Para orçamentos mais folgados, a dica é essa pousada com vista exclusiva para a Pedra da Boca.

Auto declarado eco chic, o local conta com 12 acomodações bem espaçosas para até quatro pessoas (seis suítes e seis chalés) e restaurante exclusivo para hóspedes, com cardápio com opções como risoto de carne de sol (R$ 65) e filé ao molho madeira (R$ 90).

Diárias a partir de R$ 550 (baixa temporada) e de R$ 639 (entre maio e julho). SAIBA MAIS


Nega Joana
Hotel-fazenda ideal para quem quer ficar próximo do setor urbano de Araruna.

Tem quartos compactos e boa estrutura de lazer como trilhas no bosque, área de pesca e passeios de charrete.

Diária para casal: R$ 280 (com café da manhã incluído). SAIBA MAIS

Reprodução
* O jornalista viajou a convite da PBTur, ABEAR e da Prefeitura de Araruna

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