O que fazer em Abrolhos, no extremo sul da Bahia

Nas antigas cartas náuticas, a expressão ‘Abra os olhos’ era uma advertência para quem navegava por águas agitadas que escondiam imensos recifes de corais.

Mas hoje, o aviso serve mesmo para quem visita um dos destinos turísticos mais isolados e preservados do Nordeste brasileiro, o arquipélago de Abrolhos, no extremo sul da Bahia.


O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, criado em 1983 como o primeiro do gênero no Brasil, guarda uma das maiores biodiversidades do Atlântico Sul, onde já foram catalogadas 1.300 espécies catalogadas, entre elas, o exclusivo coral-cérebro que dá forma às impressionantes estruturas coralíneas que só existem por ali, os chapeirões.

As viagens até lá começam em Caravelas, a 250 km de Porto Seguro, e seguem por cerca de três horas, de acordo com o humor do mar e as possíveis paradas para ver os anfitriões mais aguardados de toda a região, as baleias-jubarte.

foto: Enrico Marcovaldi/Instituto Baleia Jubarte

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O QUE FAZER EM ABROLHOS

Parque Nacional Marinho dos Abrolhos
O arquipélago é formado por cinco ilhas de origem vulcânica (Redonda, Sueste, Guarita, Santa Bárbara e Siriba) e tem cobrança de ingressos (R$ 52 – brasileiros e R$ 104 – estrangeiros).

Porém, o desembarque de visitantes só está autorizada nessa última, onde é feita uma breve caminhada de 200 metros, acompanhada por monitores ambientais que levam os visitantes até ninhos de atobás-brancos.

Ilha Santa Bárbara (foto: Eduardo Vessoni)

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Já a Santa Bárbara, a maior da região, é a única habitável e residência temporária de cientistas e militares. Em alguns casos, mergulhadores de liveaboards são convidados a subirem até o farol de 1861, com 22 metros de altura e a 60 metros de altitude, de onde se tem vista panorâmica da região e ponto estratégico para observação do pôr do sol.

Assim como explica o Capitão-Tenente Felipe Balod Moniz Sodré, a presença militar em Abrolhos é fundamental para a segurança da navegação nessa “área de grande movimentação marítima, com a presença de embarcações de pesca, turismo e transporte”.


Siriba
Esse é um dos poucos pedaços de terra com desembarque autorizado para turistas.

É ali que acontece uma breve caminhada de 200 metros de extensão, acompanhada por monitores ambientais que levam os visitantes até ninhos de atobás-brancos e grazinas-do-bico-vermelho.

Assim como a vizinha Santa Bárbara, a Siriba abriga a maior colônia de atobás-brancos de todo o arquipélago.

Ilha Siriba (foto: Eduardo Vessoni)

Ilha Redonda
Fechada desde 1997, quando um sinalizador foi lançado por um visitante, matando quase 200 aves, a Redonda tem sido reaberta com restrições, de acordo com as condições da maré e do vento.

Atualmente, os desembarques são feitos apenas à noite, junto com os grupos de pernoite ou durante atividades específicas, como os mutirões de coleta de lixo.

Entre setembro e março, é possível ver também as desovas de tartarugas-cabeçudas, cujas aberturas de ninhos podem ser acompanhadas pelos visitantes, em alguns casos específicos.

Ilha Redonda (foto: ICMBio/Reprodução)


Bate e volta a Abrolhos: vale a pena?
Para quem tem pouco tempo ou não mergulha com cilindro, a opção são os passeios de um dia (R$ 520 por pessoa) que incluem atividades subaquáticas como snorkeling, em diferentes pontos de mergulho, desembarque na ilha Siriba, frutas, lanche e refeição, e equipamentos para mergulho livre (máscara, snorkel e nadadeiras).

Porém, com poucos atrativos em terra, Abrolhos é melhor explorado debaixo d’água, em mergulhos autônomos para não mergulhadores, conhecidos como ‘batismo’ (R$ 350, com equipamento completo incluído). A atividade é realizada entre as ilhas com profundidade de 5 a 7 metros e durante cerca de 30 minutos.

Mas precisamos ser sinceros. Ver o nascer do dia ou o pôr do sol, em Abrolhos, é uma das experiências mais impactantes em todo o destino, por isso, na medida do possível, procure passar mais de um dia na região.


Liveaboard
É do extremo sul baiano, em Caravelas, a 250 km de Porto Seguro, que saem as embarcações que fazem viagens de até quatro dias, explorando ilhas e pontos de mergulho do parque.

Conhecidos como liveaboard (“viver a bordo”, em tradução literal), esses barcos são para mergulhadores e tem roteiros para certificados ou para quem quer fazer apenas snorkel, em alguns pontos de mergulho. É como passar os dias imerso em um mundo submarino, mas com as facilidades de um hotel flutuante, equipado com cabines, banheiro com água quente e refeições sempre prontas, na volta de um mergulho.

Na empresa Horizonte Aberto (horizonteaberto.com.br), os pacotes com pensão completa, bebidas não alcoólicas e equipamento para mergulhadores (cilindro, lastro, recargas e guia) custam entre R$ 2.300 (2 dias) e R$ 4.550 (4 dias).

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Chapeirões
Taí um lugar que você não pode deixar de ver em Abrolhos.

Terror de navegantes de outros tempos, essas imensas formações coralíneas em forma de cogumelo são endêmicas do sul da Bahia e podem atingir mais de 20 metros de altura e 50 metros de diâmetro em seu topo, aproximadamente.

Grandes o suficiente para serem explorados ao redor e em seu interior, os chapeirões são o atrativo mais marcante de toda a viagem. O mais famoso deles é o Faca Cega, com 35 metros de altura e um salão interior, onde é possível mergulhar, em meio a espécies endêmicas que só existem em Abrolhos, como o coral-cérebro da Bahia.

Em uma mesma viagem em um liveaboard é possível mergulhar em chapeirões de dimensões que variam de 15 metros, como os Chapeirinhos da Sueste, e o Chapeirão Atobá, a 25 metros, no Parcel dos Abrolhos.

É como se a mente fértil do cineasta Tim Burton e o cenário surrealista de Avatar dividissem o mesmo endereço.

foto: Enrico Marcovaldi/Miramundos

Naufrágios
A surrealidade cênica durante os mergulhos segue nos naufrágios que podem ser explorados por mergulhadores com certificações básica ou avançada.

Um dos pontos de mergulho é o Rosalinda, um cargueiro italiano que naufragou em Abrolhos, em 1955. A uma profundidade de até 20 metros, a embarcação ainda tem preservadas a roda de leme e a carga de cimento que o navio levava no porão.

Outro ponto que merece ser visitado é o Santa Catharina, cujo mergulho nesse navio afundado por ingleses, em 1914, vai de 14 a 25 metros de profundidade.

QUANDO IR
Para atividades aquáticas em águas mais quentes e com maior visibilidade, a temporada de verão vai de dezembro a fevereiro, período recomendado também para a prática de mergulho com cilindro.

Mas para ver a atração mais aguardada da região, a melhor época é durante a temporada de observação de baleias, entre julho e novembro.


COMO CHEGAR
O aeroporto mais próximo de Caravelas, de onde saem as embarcações para Abrolhos, fica em Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, onde chegam voos apenas Latam, com paradas em cidades como Rio de Janeiro e Salvador.

O trecho entre a capital baiana e o pequeno terminal de Teixeira de Freitas (TXF), a 80 km de Caravelas, dura 1h50, aproximadamente.

Em TXF, é preciso contratar um transfer que leva pouco mais de uma hora para chegar em Caravelas. Dali, são cerca de quatro horas de navegação até o arquipélago.

“Eu vejo toda essa dificuldade como um ponto positivo. A gente consegue ainda segurar isso tão intacto do jeito que vocês estão vendo.”, explica a bióloga e instrutora de mergulho Luciana Fuzetti, esticando, orgulhosa, os braços bem abertos, diante da ilha Santa Bárbara.

Outra opção, é voar até Porto Seguro, a 250 km dali, atendido pelas principais companhias aéreas brasileiras.

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