Ao norte de Campina Grande, no Brejo paraibano, tem um Nordeste que vai além das piscinas naturais e das prainhas de águas mornas.
A 118 quilômetros de João Pessoa, aproximadamente, o município de Areia ainda parece respirar o mesmo ar da época dos casarões centenários e dos engenhos de cana-de-açúcar, um dos atrativos desse destino turístico dos Caminhos do Frio.
Basta uma caminhada sem compromisso pelas ruas de paralelepípedos para o visitante ter diante dos olhos mais de três séculos de história.
Mas a melhor notícia que vem desse destino, a 630 metros acima do nível do mar, no topo da Serra da Borborema, é que os termômetros andam marcando mínimas de 19ºC (e sensação térmica impensável para terras nordestinas).
Segundo a Atura-PB (Associação de Turismo Rural e Cultural de Areia), 80% dos hotéis e pousadas associados já estão com os fins de semana de junho com reservas esgotadas, sobretudo, por conta das festas juninas.
“Areia costuma entregar excelentes condições de tarifas de hospedagem, gastronomia de sabores ímpares e ambientes que valorizam a regionalidade”, avalia Leonaldo Alves, presidente da Atura.
Destino de frio
Essa cidade de pouco mais de 22 mil habitantes, a primeira da Paraíba a ser tombada como Patrimônio Cultural Nacional, em 2005, não se cansa de contar, nostálgica, sua história.
Areia abriga o simpático Teatro Minerva, considerado o primeiro da Paraíba, de 1859; recebeu o primeiro curso de nível superior do estado, a Escola de Agronomia do Nordeste; e foi berço de Pedro Américo, pintor que imortalizou o suposto grito de independência de Dom Pedro II, às margens do Rio Ipiranga.
Outro destaque é o Casarão José Rufino, o primeiro sobrado da cidade.
Construída em 1818, essa casa de estilo colonial tem três pisos e 35 ambientes, onde funciona um museu com exposições de objetos da época. O setor traseiro da construção, em frente ao quintal de pedra, guarda as 12 celas de senzala da época em que eram utilizadas pelos empregados de Francisco Jorge Torres, marinheiro português que encomendara a construção.
Recentemente, o Museu Casa do Pintor Pedro Américo também passou por revitalização.
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Mas como a gente não veio aqui só para conversar, o destino, endereço dos primeiros engenhos paraibanos movidos a vapor, só fica completo com uma visita a um dos seus engenhos.
Um dos destaques do setor rural é o Engenho Triunfo, empreendimento familiar do casal Antônio Augusto e Maria Júlia Baracho, onde é possível acompanhar etapas da produção de cachaça e provar a mesa preparada para os visitantes com produtos como frutas, sucos e sorvete de… cachaça.
Já o Vaca Brava abriga um engenho a vapor de 1865, que aliás funcionou até 2014, que pode ser visitado durante os tours guiados pela propriedade, de onde saem, anualmente, cerca de 3,5 milhões de litros, como a cachaça Matuta, armazenada em tonéis de inox ou umburana.
O município abriga também o Museu da Rapadura, no antigo Engenho da Várzea, espaço em um casarão de 1870 com acervo com maquinário, cômodos residenciais da época e uma coleção com mais de 300 garrafas de cachaças brasileiras.
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Cachaça da Paraíba
O estado é um dos maiores produtores de cachaça de alambique do Brasil, bebida artesanal conhecida por suas notas de mel, aromas frutados e sem queimação.
A fama da cachaça paraibana se deve à baixa acidez da bebida na região, permitindo assim melhor percepção do sabor e do aroma, segundo Pablo Nogueira Teles Moreira, professor do Departamento de Tecnologia Sucroalcooleira da UFPB.
Moreira destaca também a fermentação caipira na Paraíba, técnica que aproveita a umidade do Brejo paraibano e as leveduras selvagens da cana, sem a necessidade de acrescentar levedura comercial, e .
“As chuvas costumam ser mais regulares, garantindo oferta de água para toda a safra e padronização da bebida”, diz Moreira.
Só na safra 2022/2023, de acordo com o governo do estado, os mais de 100 engenhos paraibanos produziram cerca de 25 milhões de litros e, em 2022, exportaram mais de 50 mil litros da bebida.
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